[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)

Capítulo 78

— Alô, papai? — Eu estava andando de um lado para o outro e Christopher andava atrás de mim feito louco.

— Dulce? Filha o que houve? Você ficou dias sem me ligar, fiquei tão preocupado.

— Eu estou bem pai, e o senhor?

— Eu estou bem. Preocupado, mas bem, acabei de chegar do trabalho, estou cansado.

— O senhor está sozinho?

— Sim, por que não estaria?

— Não sei, talvez estivesse com um amigo, ou sei lá.

— Não, não. Eu estou sozinho querida. Como tem ido por aí? E seus amigos, eles estão bem?

— Sim. Ann, papai, eu preciso conversar uma coisa com o senhor, mas gostaria que o senhor me ouvisse primeiro.

— Claro, pode falar meu amor.

— Olha, eu sei que a gente planejou muita coisa sabe e eu juro, juro que eu não planejei isto.

— Isto o quê filha?

— Eu quero que saiba que independente do que acontecer, o senhor saiba o quanto eu te amo.

— Dulce, está me assustando, por que está me dizendo isto.

— Eu... eu não vou mais fazer o intercâmbio, não posso e não quero mais, mas também não posso voltar para o Brasil.

— Por que filha? Por que está falando isso? Como não pode voltar? Aconteceu alguma coisa? Alguém te machucou?

— Eu... eu me apaixonei papai.

— Ah meu amor, isso é normal na sua idade, isso passa.

— Não, o senhor precisa me escutar ok? — Meu rosto começou a se molhar. — Ele é o cara mais legal que eu já conheci na minha vida e com certeza é a pessoa com quem eu desejo viver o resto da minha vida. — Parei de andar e me virei para Christopher que me olhava sem entender nada. — Ele é atencioso, carinhoso, engraçado, maduro. Ele é tudo que toda mulher desejaria ter papai, o único problema é que ele é o meu professor.

— O quê? — A voz dele se alterou e eu estremeci.

— Ele não é velho, ele é recém-formado na faculdade, tem a idade ideal para mim e sei que o senhor adoraria conhece-lo. Seriam ótimos amigos.

— Dulce, você não pode namorar o seu professor.

— Eu sei, nós dois sabemos, e na verdade ele não é mais o meu professor. Ele foi demitido porque descobriram sobre a gente, sendo assim, eu também não posso mais estudar lá. — Esperei ele dizer algo, mas eu só conseguia ouvir sua respiração do outro lado. Me senti tão mal com isso, eu tinha acabado de decepcionar o meu pai. O homem que me criou, me deu amor e educação a vida inteira e que batalhou para me dar uma vida melhor. — Eu sei o que o senhor está pensando papai, eu sinto muito, mas eu não posso deixar o país, nós não podemos. Não agora que eu descobri que estou grávida. — Dizer isso foi doloroso, mas ao mesmo tempo, aliviou um peso sobre mim.

O silêncio seguiu-se por muito tempo e Christopher me olhava com dúvidas, provavelmente ele estava tentando entender cada palavra, mas ele não entendia nada.

— Dulce? Você está grávida? Tem certeza disso filha?

— Sim pai, me... me desculpa, eu não queria, não queria te decepcionar. — E então eu caí no choro. Um choro desesperador para mim e para Christopher que me abraçou enquanto sussurrava palavras de consolo para mim.