Apesar de não querer me deixar novamente ali no estado em que eu estava, convenci Christopher que ele não podia ficar em casa. Ele não podia simplesmente ligar pra lá e dizer que estava com problemas, se o problema era eu. Ele queria me levar para o médico, mas a SE saberia o que estava acontecendo.
Eu dormi o restante da tarde devido ao chá calmante que Emma me fez tomar, mas acordei quando Christopher chegou.
- Ei. - Christopher acariciou meu cabelo que eu sequer tive forças para arrumar. Sua m]ao pousou sobre minha testa. - Ainda está fabril, eu vou levar você para o médico.
- Chris, eu não posso.
- Não discute comigo tá bom? O que você não pode é ficar aqui nessa situação. Não sabemos o que está acontecendo com você, mas pode ser grave. - Ele arrumou meu cabelo. - E se vocÊ pegar uma infecção? Eu nunca vou me perdoar por não ter levado você no médico.
- Mas...
- Eu conheço um médico, não vamos usar seu plano de saúde, tá bom? Ninguém vai ficar sabendo o que está acontecendo.
Christopher me ajudou a sair da cama e a me vestir, já que eu ainda estava com o roupão de quando saí do banho. Ele estava manchado de mais sangue, e a cama também.
- Isso não é bom. Consegue andar? - Assenti, embora estivesse me sentindo fraca. Não fazia ideia de quanto sangue eu já havia perdido.
Fomos para o hospital, e assim que chegamos já me levaram para fazer uma série de exames. Não sei de onde tiraram tanto sangue em mim, já que eu havia perdido um monte.
Christopher estava sentado do lado da maca, segurando uma de minhas mãos. Ele parecia aflito, embora eu estivesse um pouco mais tranquila. Já nem sentia mais dor alguma.
- Está tudo bem Chris. - Apertei a mão dele. - Seja lá o que for, está tudo bem não é? - Ele assentiu forçadamente. Um enfermeiro entrou no quarto para trocar meu soro e pediu que Christopher o acompanhasse.
Demorou um bom tempo até que ele voltasse, com alguns papeis em mãos. Notei o quanto seus olhos estavam vermelhos. Christopher havia chorado, e não era pouco.
- Sinto muito. - A voz dele falhou.
- O que foi? É grave o que eu tenho? - Ele negou. - Christopher.
- Você estava grávida sim. - Ele fechou os olhos deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto. Seus ombros sacudiram com seus soluços. Não entendo porque isso, ele sequer sabia que iria ser pai, não teve tempo sequer de pensar que seria pai.
- Foi por causa da minha queda? - Perguntei, me lembrando do empurrão que levei de Rodrigo.
- Também. - Ele enxugou os olhos, e agora notei um tom de fúria sobre seus olhos.
- Como assim, também? - Engoli seco me lembrando de minha mãe. Minha menstruação não atrasou nenhuma vez, eu não tive sintoma algum além de enjôo no dia que fomos pra Los Angeles. É claro que eu herdaria o mesmo problema que ela.
- Você...-Interrompi Christopher. Eu não precisava que ele dissesse mais nada.
- Não precisa terminar, eu já sei. - Desviei meu olhar. Me lembrei também de quando meu ciclo começou, o quanto eu sentia dor. Chegava a ser insuportável no início, mas com o remédio para cólica a dor amenizou. Eu não fazia ideia do que eu tinha, mas me lembro de ver meu pai sair para conversar com meu ginecologista e depois voltar chorando. Ele nunca quis me dizer o que eu tinha, e com o passar do tempo eu me esqueci disso. Agora tudo fazia sentido. - Por favor, não chora. - Estendi a mão para ele e ele se aproximou mais. - Está tudo bem ok?
- Você já sabia? - Neguei. - Talvêz, se você não tivesse sido empurrada, vocÊ não tivesse perdido o bebê.
- É apenas um talvêz, não podemos culpá-lo pelo que não podemos sequer provar tá bom?
- Eu sei, é só que, eu sinto tanto ódio daquele cara.
- Chris, para. - Pedi. Era duro de mais vê-lo sofrer pensando em como teria sido. - Não era pra ser ok? Minha mãe morreu Christopher. Ela morreu tentando ter outro bebê, ela tinha esse mesmo problema, então por favor, não me force a sofrer por algo que poderia tirar a minha vida. Eu gosto de viver. - Christopher me olhou. Havia um misto de dúvida, medo, compaixão e raiva em seu olhar. - Não me olha assim tá bom. Eu tenho esse direito.
- Não parecia pensar assim há algumas horas atrás quando estava chorando.
- Eu só estava assustada tá bom? Não estava esperando por aquilo, mas agora já passou.O que você quer? Que eu fique chorando pelos cantos?
- Você sequer ficou comovida com isso.
- Eu estou triste sim Christopher. Não é você que não pode ter um filho sem ter a certeza que vai ficar bem, e mesmo assim, se decidir ter um, pode passar a vida inteira tentando, tentando e nunca conseguindo tá bom. - Praticamente gritei com ele. Ele não tinha direito de dizer isso pra mim.
- Há uma chance Dulce, também não é assim.
- Christopher, eu não quero pensar nisso agora, vê se me entende. Eu tenho apenas dezoito anos, tenho uma juventude inteira pela frente, um intercâmbio pra terminar, uma faculdade pra fazer. Se algum dia eu pensar em ter um filho, talvêz eu adote um, sei lá, mas nã vou ficar me corroendo porque perdi um bebÊ que eu sequer sabia que existia tá bom.
- Você não sente vontade de gerar um filho seu algum dia? - O encarei e soltei uma risada sarcástica.
- Entenda de uma vez por todas: mesmo que eu deseje isso, eu jamais poderia. Eu não tenho dinheiro para pagar os remédios caríssimos que eu deveria tomar durante a gestação para levá-la ate o fim. Ou você acha que eu não pesquisei mais sobre isso? Minha mãe morreu por causa disso, é o mínimo que eu pude fazer para entender melhor a morte dela. - Christopher não disse mais nada, talvêz por que eu tivesse razão, ou talvÊz porque não queria levar para frente uma discussão em vão.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...