Estávamos almoçando no restaurante de sempre e quando pedi a sobremesa, um belo sundae de morango, creme e chocolate, um garoto de mais ou menos uns dez anos entrou.
- Você é a Dulce? - O olhei. Ele trazia consigo uma enorme cesta. Ivalú sorriu, sabia que ela tinha algo a ver com isso. Assenti e ele me entregou a cesta, depois saiu correndo. Olhei em volta procurando por Christopher mas não encontrei.
- Desiste Dulce, você não vai encontrá-lo. Foi tudo muito bem planejado. - A fuzilei com o olhar e ela gargalhou. Eddy e Zora me olhavam curiosos, mas não mencionamos o autor disso. Procurei pelo cartão, mas estava dentro da cesta. Através do embrulho vermelho-transparente pude ver que ela estava lotada de chocolates, doces que eu sequer tinha visto antes e um ursinho de pelúcia de coelhinho, junto a ele o cartão. Suspirei frustrada, se eu abrisse ali teria que repartir meus chocolates com eles. Olhei para os quatro à minha volta e eles me olhavam curiosos.
- Não me olhem assim. - Minhas bochechas arderam. - Tá, tá, eu abro. - Bufei. Abri a cesta com todo cuidado do mundo, tirei de lá cinco bombons e o cartão. Dei um para cada um para não falarem que sou egoísta e fiquei com um. Antes de comê-lo abri o cartão. Esse começou a tocar uma música baixinho.
"É no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir."
Caio Fernando Abreu
- Deixa eu ler. - Ivalú pediu. Verifiquei se tinha o nome dele antes e passei a ela. Sabia que Pedro, Eddy e Zora também leriam. - Encontro, humm.
- Ah cala a boca vai.
- Eu queria saber quem é o seu admirador secreto. - Eddy falou devolvendo agora o cartão a mim. - Seja quem for, é apaixonado por você. - Não falei nada, apenas fiquei lendo e relendo o cartão.
Tomei o sundae tão rápido quando ele chegou que Ivalú chegou a se assustar. Geralmente eu era das últimas a terminar, mas dessa vez fui a primeira.
- Eu vou pra SE pessoal, preciso guardar isso. - Peguei a cesta enquanto me levantava. - Iva, paga meu almoço pra mim? - Joguei meu cartão em cima dela. - Você sabe a senha, fui.
Dobrei uma esquina e outra apertando o passo, chegando na SE metade do tempo que levei para sair de lá. Quando entro no elevador e aperto o botão do meu andar, Rodrigo entra correndo antes da porta se fechar.
- Primeiro as tulipas, agora uma cesta de chocolates. Por um acaso poderia saber quem é o sortudo?
- Acho que isso é interesse apenas meu. - Dei de ombros me encolhendo no canto do elevador.
- Eu gostaria muito de saber o que eu fiz para você me tratar dessa forma.
- Olha Rodrigo, eu vou ser direta com você. Pare de me perseguir, eu já percebi qual é a sua há séculos, mas olha, a chances de eu ter algo com você algum dia é tipo, zero por cento, nada, nunca, jamais, nem em outra vida, entendeu? E você não vai estragar meu dia. - Pulei fora do elevador quando ele se abriu e corri para o quarto fechando a porta sem esperar que ele me respondesse.
Coloquei a cesta na cama e a abri. O cheirinho de doce se misturava ao cheiro do perfume de Christopher. Peguei o usrinho e o cheirei. Tinha certeza que Christopher havia esguichado um pouco de perfume ali. Fechei os olhos inalando profundamente aquele cheiro maravilhoso.
Parei de inalar o perfume quando meu celular vibrou em meu bolso. O peguei e li a mensagem que acabara de chegar de Christopher.
"Deixe a mala pronta menina. Depois explico."
Senti meu coração pulsar mais forte. Eu iria viajar com Christopher e meus amigos no dia seguinte bem cedo, mesmo assim obedeci. Peguei uma mala pequena coloquei ali algumas peças de roupa, biquini, calçados, maquiagem e produtos de higiene pessoal, e só então depois voltei para a aula.
Nunca vi uma aula passar tão demorada em toda minha vida. A maior parte dela concentrei minha atenção na aliança em meu dedo enquanto repassava em minha mente o meu dia. Foi preciso Ivalú me dar uma cutucada na cintura para eu despertar de meu transe.
- Está com a maior cara de retardada Dulce. - Ivalú falou. - Sério, todo mundo percebeu, mas quem não estaria né.
- Esse seu homem está me deixando constrangido Dulce. - Pedro falou inconformado.
- Seja mais romantico Pedro, ele não tem culpa de nada. - Dei de ombros. - Toda mulher gosta de um bom buquê de flores, uma caixa de chocolates.
- Eu até faria, mas diriam que estou copiando o Don Juan. - Ele arrumou a mochila nas costas. - O que posso fazer se ele é criativo de mais?
- Há tantas outras coisas, você é inteligente. Surpreenda a Ivalú. - Saímos do elevador.
- Eu não me importo com isso Dulce, sabe bem. - As bochechas dela estavam rosadas. - Aliás, a gente ainda nem tem nada sério.
- Se você diz. - Destranquei a porta tentando fingir acreditar nela. Sabia o quanto Ivalú era sentimental, o quanto ela gostava de Pedro e como ela está empolgada com isso que o Christopher está fazendo comigo. Abri a porta e bati o olho em minha cama. Outra surpresa. Um urso panda de pelucia enorme, provavelmente do meu tamanho. Na cabeceira da cama alguns balões em formato de coração vermelhos flutuavam amarrados e na frente do enorme urso uma sacola de papel vermelha.
- Estou falando, ele roubou toda a originalidade. - Pedro bufou. Ivalú riu entrando no quarto. Entrei logo em seguida e me joguei na cama, deixando a mochila pelo caminho. Sentei-me encostada à enorme barriga do urso fofinho, também com o perfume de Christopher e abri a sacola. Primeiramente tirei de lá uma embalagem de presente. Desembrulhei e se revelou uma caixa com um perfume francês maravilhoso. Ivalú tomou o frasco de minha mão e passou nela mesma super empolgada. Depois tirei de dentro uma outra sacola, preta e lacrada. Grudada a ela um cartão simples branco escrito:
"Só abra se estiver sozinha ou com sua amiga. (Nada de meninos)
21:00
Meu apartamento."
Engoli seco olhando o embrulho preto tentando imaginar o que teria ali para Christopher não querer que eu abra perto de Pedro ou qualquer outro garoto.
- Não vai abrir? - Ivalú perguntou curiosa me devolvendo o frasco depois de tomar um banho com o perfume. Entreguei o cartão a ela. - Ah, entendi. Imagino bem que deve ter algo bem pornogáfico aí.
- Cala a boca Ivalú. - Minhas bochechas devem ter ficado mais vermelhas que meus cabelos.
- Eu não vou sair. - Pedro se deitou na cama de Ivalú depois de fechar a porta. - Vocês dois já terem passado adiante na relação não é mais novidade, afinal, quantas vezes você já dormiu lá mesmo? Nem sei.
- Estou curiosa Pedro, por favor. - Pedi. Os olhinhos brilhando.
- Já disse que não. - Ele puxou o travesseiro até embaixo de sua cabeça e se acomodou. - Abre aí, estou curiosa.
- Mas o Christopher me pediu.
- Ele não precisa saber. Anda logo, estou curioso.
- O que acha Iva? - Ela deu de ombros se sentando. - Tudo bem, mas se contarem pra ele eu mato vocês. - Abri a sacola e dei uma olhada dentro. Tecidos e mais tecidos vermelhos. Tirei peça por peça. Uma calcinha minúscula, um corpete, cinta liga e um vestido preto tomara que caia simples.
- A noite vai ser boa Dulce. - Ivalú riu e Pedro não ficou atrás.
- Eu não sabia que ele tinha conseguido atiçar seu lado selvagem. Será que ele conhece a Dulce do Brasil?
- Cala a boca Pedro. - Gritei, minhas bochechas cada vez mais vermelhas. - Droga, preciso de um sapato. - Me levantei e comecei a revirar minhas coisas em busca de um sapato legal. Iva você precisa me ajudar com a maquiagem.
- Calma Dulce, ainda é cedo tá.
- Eu sei, eu sei é só que preciso estar perfeita, não sei o que mais ele preparou. - Fui até o armário dela procurando algum sapato. - Ai caramba, eu não comprei nada pra ele Iva.
- Dulce, relaxa. - Ela me puxou até a cama. - Primeiro vamos dar um jeito na sua unha porque ela está horrível.
- Droga, tem isso também. E eu preciso me depilar, estou parecendo uma caranguejeira. - Ivalú começou a rir, mas não achei graça nenhuma. Pedro revirou os olhos e saiu do - Eu sei, eu sei é só que preciso estar perfeita, não sei o que mais ele preparou. - Fui até o armário dela procurando algum sapato. - Ai caramba, eu não comprei nada pra ele Iva.
- Dulce, relaxa. - Ela me puxou até a cama. - Primeiro vamos dar um jeito na sua unha porque ela está horrível.
- Droga, tem isso também. E eu preciso me depilar, estou parecendo uma caranguejeira.
Pedro saiu do qarto resmungando coisas do tipo "mulheres, nunca mudam".
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfic"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...