Capítulo 26

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Estávamos almoçando no restaurante de sempre e quando pedi a sobremesa, um belo sundae de morango, creme e chocolate, um garoto de mais ou menos uns dez anos entrou.

- Você é a Dulce? - O olhei. Ele trazia consigo uma enorme cesta. Ivalú sorriu, sabia que ela tinha algo a ver com isso. Assenti e ele me entregou a cesta, depois saiu correndo. Olhei em volta procurando por Christopher mas não encontrei.

- Desiste Dulce, você não vai encontrá-lo. Foi tudo muito bem planejado. - A fuzilei com o olhar e ela gargalhou. Eddy e Zora me olhavam curiosos, mas não mencionamos o autor disso. Procurei pelo cartão, mas estava dentro da cesta. Através do embrulho vermelho-transparente pude ver que ela estava lotada de chocolates, doces que eu sequer tinha visto antes e um ursinho de pelúcia de coelhinho, junto a ele o cartão. Suspirei frustrada, se eu abrisse ali teria que repartir meus chocolates com eles. Olhei para os quatro à minha volta e eles me olhavam curiosos.

- Não me olhem assim. - Minhas bochechas arderam. - Tá, tá, eu abro. - Bufei. Abri a cesta com todo cuidado do mundo, tirei de lá cinco bombons e o cartão. Dei um para cada um para não falarem que sou egoísta e fiquei com um. Antes de comê-lo abri o cartão. Esse começou a tocar uma música baixinho.

"É no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir."

Caio Fernando Abreu

- Deixa eu ler. - Ivalú pediu. Verifiquei se tinha o nome dele antes e passei a ela. Sabia que Pedro, Eddy e Zora também leriam. - Encontro, humm.

- Ah cala a boca vai.

- Eu queria saber quem é o seu admirador secreto. - Eddy falou devolvendo agora o cartão a mim. - Seja quem for, é apaixonado por você. - Não falei nada, apenas fiquei lendo e relendo o cartão.

Tomei o sundae tão rápido quando ele chegou que Ivalú chegou a se assustar. Geralmente eu era das últimas a terminar, mas dessa vez fui a primeira.

- Eu vou pra SE pessoal, preciso guardar isso. - Peguei a cesta enquanto me levantava. - Iva, paga meu almoço pra mim? - Joguei meu cartão em cima dela. - Você sabe a senha, fui.


Dobrei uma esquina e outra apertando o passo, chegando na SE metade do tempo que levei para sair de lá. Quando entro no elevador e aperto o botão do meu andar, Rodrigo entra correndo antes da porta se fechar.

- Primeiro as tulipas, agora uma cesta de chocolates. Por um acaso poderia saber quem é o sortudo?

- Acho que isso é interesse apenas meu. - Dei de ombros me encolhendo no canto do elevador.

- Eu gostaria muito de saber o que eu fiz para você me tratar dessa forma.

- Olha Rodrigo, eu vou ser direta com você. Pare de me perseguir, eu já percebi qual é a sua há séculos, mas olha, a chances de eu ter algo com você algum dia é tipo, zero por cento, nada, nunca, jamais, nem em outra vida, entendeu? E você não vai estragar meu dia. - Pulei fora do elevador quando ele se abriu e corri para o quarto fechando a porta sem esperar que ele me respondesse.

Coloquei a cesta na cama e a abri. O cheirinho de doce se misturava ao cheiro do perfume de Christopher. Peguei o usrinho e o cheirei. Tinha certeza que Christopher havia esguichado um pouco de perfume ali. Fechei os olhos inalando profundamente aquele cheiro maravilhoso.
Parei de inalar o perfume quando meu celular vibrou em meu bolso. O peguei e li a mensagem que acabara de chegar de Christopher.

"Deixe a mala pronta menina. Depois explico."

Senti meu coração pulsar mais forte. Eu iria viajar com Christopher e meus amigos no dia seguinte bem cedo, mesmo assim obedeci. Peguei uma mala pequena coloquei ali algumas peças de roupa, biquini, calçados, maquiagem e produtos de higiene pessoal, e só então depois voltei para a aula.

Nunca vi uma aula passar tão demorada em toda minha vida. A maior parte dela concentrei minha atenção na aliança em meu dedo enquanto repassava em minha mente o meu dia. Foi preciso Ivalú me dar uma cutucada na cintura para eu despertar de meu transe.

- Está com a maior cara de retardada Dulce. - Ivalú falou. - Sério, todo mundo percebeu, mas quem não estaria né.

- Esse seu homem está me deixando constrangido Dulce. - Pedro falou inconformado.

- Seja mais romantico Pedro, ele não tem culpa de nada. - Dei de ombros. - Toda mulher gosta de um bom buquê de flores, uma caixa de chocolates.

- Eu até faria, mas diriam que estou copiando o Don Juan. - Ele arrumou a mochila nas costas. - O que posso fazer se ele é criativo de mais?

- Há tantas outras coisas, você é inteligente. Surpreenda a Ivalú. - Saímos do elevador.

- Eu não me importo com isso Dulce, sabe bem. - As bochechas dela estavam rosadas. - Aliás, a gente ainda nem tem nada sério.

- Se você diz. - Destranquei a porta tentando fingir acreditar nela. Sabia o quanto Ivalú era sentimental, o quanto ela gostava de Pedro e como ela está empolgada com isso que o Christopher está fazendo comigo. Abri a porta e bati o olho em minha cama. Outra surpresa. Um urso panda de pelucia enorme, provavelmente do meu tamanho. Na cabeceira da cama alguns balões em formato de coração vermelhos flutuavam amarrados e na frente do enorme urso uma sacola de papel vermelha.

- Estou falando, ele roubou toda a originalidade. - Pedro bufou. Ivalú riu entrando no quarto. Entrei logo em seguida e me joguei na cama, deixando a mochila pelo caminho. Sentei-me encostada à enorme barriga do urso fofinho, também com o perfume de Christopher e abri a sacola. Primeiramente tirei de lá uma embalagem de presente. Desembrulhei e se revelou uma caixa com um perfume francês maravilhoso. Ivalú tomou o frasco de minha mão e passou nela mesma super empolgada. Depois tirei de dentro uma outra sacola, preta e lacrada. Grudada a ela um cartão simples branco escrito:

"Só abra se estiver sozinha ou com sua amiga. (Nada de meninos)
21:00
Meu apartamento.
"

Engoli seco olhando o embrulho preto tentando imaginar o que teria ali para Christopher não querer que eu abra perto de Pedro ou qualquer outro garoto.

- Não vai abrir? - Ivalú perguntou curiosa me devolvendo o frasco depois de tomar um banho com o perfume. Entreguei o cartão a ela. - Ah, entendi. Imagino bem que deve ter algo bem pornogáfico aí.

- Cala a boca Ivalú. - Minhas bochechas devem ter ficado mais vermelhas que meus cabelos.


- Eu não vou sair. - Pedro se deitou na cama de Ivalú depois de fechar a porta. - Vocês dois já terem passado adiante na relação não é mais novidade, afinal, quantas vezes você já dormiu lá mesmo? Nem sei.

- Estou curiosa Pedro, por favor. - Pedi. Os olhinhos brilhando.

- Já disse que não. - Ele puxou o travesseiro até embaixo de sua cabeça e se acomodou. - Abre aí, estou curiosa.

- Mas o Christopher me pediu.

- Ele não precisa saber. Anda logo, estou curioso.

- O que acha Iva? - Ela deu de ombros se sentando. - Tudo bem, mas se contarem pra ele eu mato vocês. - Abri a sacola e dei uma olhada dentro. Tecidos e mais tecidos vermelhos. Tirei peça por peça. Uma calcinha minúscula, um corpete, cinta liga e um vestido preto tomara que caia simples.

- A noite vai ser boa Dulce. - Ivalú riu e Pedro não ficou atrás.

- Eu não sabia que ele tinha conseguido atiçar seu lado selvagem. Será que ele conhece a Dulce do Brasil?

- Cala a boca Pedro. - Gritei, minhas bochechas cada vez mais vermelhas. - Droga, preciso de um sapato. - Me levantei e comecei a revirar minhas coisas em busca de um sapato legal. Iva você precisa me ajudar com a maquiagem.

- Calma Dulce, ainda é cedo tá.

- Eu sei, eu sei é só que preciso estar perfeita, não sei o que mais ele preparou. - Fui até o armário dela procurando algum sapato. - Ai caramba, eu não comprei nada pra ele Iva.

- Dulce, relaxa. - Ela me puxou até a cama. - Primeiro vamos dar um jeito na sua unha porque ela está horrível.

- Droga, tem isso também. E eu preciso me depilar, estou parecendo uma caranguejeira. - Ivalú começou a rir, mas não achei graça nenhuma. Pedro revirou os olhos e saiu do - Eu sei, eu sei é só que preciso estar perfeita, não sei o que mais ele preparou. - Fui até o armário dela procurando algum sapato. - Ai caramba, eu não comprei nada pra ele Iva.

- Dulce, relaxa. - Ela me puxou até a cama. - Primeiro vamos dar um jeito na sua unha porque ela está horrível.

- Droga, tem isso também. E eu preciso me depilar, estou parecendo uma caranguejeira.
Pedro saiu do qarto resmungando coisas do tipo "mulheres, nunca mudam".

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora