— Semana que vem teremos prova oral turma.
Christopher falou e eu tentei focar minha mente em sua voz. Eu estava com um mal-estar terrível depois de comer para um elefante. Apoiei minha cabeça em um dos meus braços sobre a mesa e fechei meus olhos enquanto massageava meu estômago.
— Vou passar uma folha para vocês anotarem seus nomes e a profissão da qual desejam seguir, respectivamente, para eu elaborar individualmente cada uma, e na próxima semana darei uma prova escrita sobre o mesmo assunto.
Ouvi alguns murmúrios pela sala, mas não ergui a cabeça, eu realmente não estava me sentindo bem. Sentia alguns calafrios por meu corpo e uma vontade imensa de pôr tudo para fora. Apenas levantei minha cabeça com muito custo quando senti alguém cutucar meu ombro e colocar algo na minha mesa. Vi a lista que já estava pela metade assinada e várias profissões à frente de cada nome.
Assinei meu nome e pelo modo como saiu minha letra notei o quão trêmula eu estava. Na frente do nome coloquei "Direito" e passei a folha para Ivalú.
— Você está bem? — Ela perguntou já assinando o próprio nome.
— Não. — Meu não saiu mais como um gemido que como uma palavra.
— O que está acontecendo?
Abri minha boca para responder, mas logo tive que fechar por ter sentido um líquido quente e amargo subir por minha garganta. Levantei tão rápido que derrubei meus pertences no chão e nem me importei.
— Dulce? — Ouvi Christopher falar, mas não parei.
Saí da sala e fui direto para o banheiro, onde vomitei três vezes quase seguidas. Depois de voltar quase todo meu almoço, dei descarga e fui lavar a boca para tentar tirar o gosto amargo. Através do espelho à minha frente vi Ivalú entrar.
— O que houve amiga? Está se sentindo bem?
— Melhor agora, comi demais no almoço, a comida pesou.
— Demais quanto?
Ela se aproximou me analisando em silêncio.
— Muito, muito mesmo.
— A última vez que comeu tanto também passou mal.
— É.
— E mesmo assim voltou a repetir, você é maluca?
— Um pouco, mas é que a comida estava tão boa, sério. — Abri a torneira, juntei as mãos e as enchi de água, para em seguida jogar a água no rosto.
— Você quer ir à enfermaria?
— Não. Já me sinto melhor, só precisava pôr o que comi para fora.
— Tem certeza?
— Sim. Vamos voltar, estamos perdendo aula.
Christopher não conseguiu disfarçar o olhar preocupado quando voltei. Sussurrei um "estou bem" para ele e voltei para o meu lugar. Apesar de ter desejado tanto que ele tivesse voltado a me dar aula, naquele momento eu desejava que a aula terminasse e eu pudesse ir para minha cama ficar quietinha em baixo do meu edredom quentinho. E foi exatamente o que fiz quando cheguei no quarto. A única coisa que tirei foram minhas botas.
— Não, acho que não está com febre.
Abri meus olhos e vi a luz do abajur de Ivalú acesa. Olhei pela janela e notei que já estava escuro.
— Ann, não. O que você fez daquela vez? Ela melhorou bem rápido. — Esfreguei os olhos, mas ainda tive tempo de vê-la arregalar os olhos. — Eu não vou fazer isso, é nojento. Coitada, Christopher!
— Mas o quê... — Sentei na cama a olhando.
— Ela acordou, espera. — Ivalú me entregou o telefone.
— Hmm? — Resmunguei.
— Oi meu amor, como se sente? Está melhor?
— É, parece que sim. — Deixei meu corpo cair novamente no travesseiro macio. — Eu não devia ter comido tanto, mas depois que vomitei me senti melhor.
— Toma água, muita água. Diria para você tomar um chá, mas como te conheço, sei que isso não vai rolar.
— Ainda bem que sabe.
— Já sei, toma água com limão. E bom, se não estiver bem até amanhã, não precisa ir na aula, eu coloco presença para você.
Sorri sentindo o tom de preocupação dele. Christopher era um anjo, o meu anjo.
— Chris, eu estou bem, aliás, estou com uma fome desgraçada agora.
— De verdade? Não está dizendo apenas para eu me sentir bem né?
— Não.
— Então tá, mas toma água está me ouvindo?
— Vou tomar.
— E toma um banho também, vai ajudar.
— Chris...
— Desculpa, é que é difícil ter que cuidar de você por telefone sem ter a certeza que está realmente bem.
— Eu vou tomar um banho e depois pedir algo para comer.
— Algo leve viu? Nada de pizza ne hambúrguer ou coisa do tipo.
— Eu estava pensando na pizza.
— Não, nem pense. Vou mandar a comida para você eu mesmo, não quero que passe mal de novo.
— Adoraria que você viesse fazer a entrega. — Sorri ouvindo o suspiro comprido dele do outro lado da linha.
— Sabe que é bem tentadora sua proposta, mas depois de hoje...
— Eu sei. Foi muito arriscado hoje, e bom, a gente prometeu agir com cautela né?
— Isso. Eu te amo menina, se cuida.
— Eu também te amo Chris. Te vejo amanhã.
Desliguei o celular e estendi de volta para Ivalú que fazia caretas me fazendo rir.
— É seu, não quero isso.
— Ah. — Disse apenas olhando o aparelho.
— Vocês são tão...
— Românticos. — Completei.
Levantei-me e fui em direção ao banheiro.
A comida se resolveu em salada, legumes cozidos e carne grelhada que aliás estava com um tempero muito leve, muito mais leve do que eu era acostumada a comer, mesmo assim comi tudo – o que não era muito, já que conhecendo meu namorado, ele sabia o risco que era ao me mandar tanta comida.
Estudei um pouco e depois voltei a dormir na esperança de vê-lo no dia seguinte.
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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)
Fanfiction"Se você me amar e eu te amar, não precisamos da aprovação de ninguém para ficar juntos, como também não precisamos assinar nenhum papel ou aceitar qualquer espécie de jogo. Não acredito que maus fluidos, por mais fortes que sejam, consigam destruir...