Capítulo 99

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Passei para ver minha filha um pouco e a mesma continuava a dormir como um anjo. Eu preferia assim. Se eu sonhasse que ela estava sentindo alguma dor por causa da cirurgia eu sofreria ainda mais. Depois fui assinar os papeis para levar Benjamin para a casa.

— Preciso assinar mais alguma coisa? — Perguntei e a moça à minha frente negou. — Já posso pegar o meu filho?

— Sim. Me acompanha?

Assenti. Fui com ela até p berçário, onde Benjamin já me esperava todo arrumado com a roupa branca e azul. Vi a enfermeira enrolando ele em uma manta.

— Ele acabou de dormir. — Disse ela pegando-o no trocador e trazendo para mim. — Boa sorte senhor.

— Obrigada. — Peguei meu filho com cuidado e o arrumei em meus braços. Ele era tão pequeno e parecia que ia quebrar a qualquer instante.

— A bolsa dele. — Ela me estendeu uma bolsa verde e eu a pendurei no ombro. — Você trouxe o bebê conforto?

— Sim, já está no carro. Eu vou indo e obrigada por cuidar dele.

— Não há de quê.

Quando cheguei na recepção Fernando já me aguardava junto com minha irmã Anna. Ambos deram um sorriso e ela veio ao meu encontro já tomando Bem de meus braços.

— Ele é tão pequeno. Parecia maior atrás do vidro. — Comentou.

— Posso vê-lo? — Fernando chegou por trás dela. — Ei garotão. — Ele pegou a mão do neto e depositou um beijo ali. — Vamos pra casa?

— Você está de carro Anna?

— Não, eu vim de taxi. — Ela deu de ombros caminhando em direção à saída e tapando o rostinho dele para não pegar friagem.

Benjamin continuou dormindo até chegarmos em casa, mas foi só estacionar para ele acordar e começar a chorar. Foi Fernando que o pegou no bebê conforto e o levou para dentro enquanto tentava fazê-lo parar de chorar.

— Ei. — Anna me chamou antes de eu pegar a bolsa dele.

— O que foi?

— Vai ficar tudo bem ok? Logo você vai trazer as duas pra cá também.

— Eu sei.

— Por que você não tenta descansar um pouco? Eu vou cuidar do Benjamin para você. E daqui a pouco minha amiga vai vir colher um pouco de leite pra ele.

— Ela mora longe?

— Não muito, mas ela disse que vai ajudar com prazer. O leite dela é farto sabe, até escorre.

— Entendi. Acredito que logo ele vai querer amamentar.

— A Dulce não tem leite?

— Ela mal para acordada Anna. Mesmo que tenha, não tem como tirar.

— Se ela realmente quiser amamentar os bebês, vai precisar estimular ou então o leite vai secar de vez.

Apesar do receio, deixei Ben com Anna e Fernando e fui descansar. Eu precisava dormir e tentar relaxar um pouco, mas mesmo quando dormia meu subconsciente estava me culpando pelo que estava acontecendo.

Era disse que Dulce teve medo e eu por egoísmo não queria enxergar a verdade. Ela estava mal por minha causa, e Victoria, que mal havia chegado a esse mundo estava sofrendo em um incubadora. Ver minha filha tão pequena e tão frágil naquele estado era agonizante.

Os dias que se seguiram apesar de difíceis passaram rápido. Talvez fosse o fato de ter o meu filho ao meu lado me mantendo ocupado. Ele era um garoto esperto e extremamente agitado, principalmente durante as madrugadas. Eu gostaria de entender porque os bebês dormem o dia inteiro e passam a noite chorando. Não podia ser ao contrário? Ainda bem que tive ajuda o tempo todo, e essa ajuda redobrou quando Ivalú e Pedro chegaram.

— Christopher?

Fernando chegou com o telefone enquanto eu dava mamadeira para Ben depois de dar-lhe um banho.

— Oi?

— É do hospital, querem falar com você.

Olhei para o relógio e vi que marcavam cinco da tarde. Suspirei e entreguei meu filho a Fernando enquanto ele me passava o telefone. Dos últimos dias se eu vi Dulce acordada três vezes foi muito. Ela estava sempre dopada com os milhares de medicamentos que estavam aplicando nela. Victoria parecia estar indo bem, embora também estivesse a maior parte do tempo dormindo. Eu podia sentir meu coração acelerar com medo do que poderia ouvir do outro lado da linha, mas seja como fosse, eu deveria encarar.

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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora