Capítulo 60

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— É melhor você ir embora Dulce. — Christopher acariciou minha bochecha.

Fiquei o restante do dia com ele me recusando a sair de seu lado. Em dois ou três dias ele receberia alta, mas por enquanto ele teria que ficar em observação.

— Eu não vou a lugar algum, vou ficar aqui ajudando a cuidar de você.

— Meu amor, não precisa ficar. Tem um monte de enfermeiros e médicos aqui para fazer o que for preciso, e você tem aula amanhã.

— Meu professor está hospitalizado, não terei aula.

— Arturo me substituirá, portando, é melhor você ir.

— Não. Eu não vou Christopher.

— Dulce.

— Está querendo se ver livre de mim, é? — Minha voz falhou. — Tudo bem, eu vou. — Levantei-me da cadeira e quando me virei para sair ele me segurou.

— Ei, também não precisa chorar. Já passou, eu estou bem, logo estarei em casa. — Christopher enxugou a primeira lágrima que começou a cair.

— Desculpa, eu só...

— Para com isso está me ouvindo? Não quero, em hipótese alguma que você se sinta culpada pelo que houve.

— Mas eu sou culpada Christopher, eu te empurrei, eu poderia ter matado você ou deixado você paraplégico.

— Para, por favor. Tira isso da sua cabeça, já passou, eu estou bem não quebrei nada, foram apenas alguns arranhões.

— Mas, e se tiv... — Christopher pousou o dedo indicador sobre meus lábios.

— Não aconteceu, isso é o que importa. Agora, para de chorar e esquece isso tá?

— Eu te amo Chris, eu não sei o que teria feito se tivesse acontecido algo pior.

— Eu também te amo, e sempre, sempre estarei com você meu amor.

— Eu vou ir embora então, mas eu volto amanhã.

— Dulce...

— E não adianta falar para eu não vir, porque eu virei, não discuta comigo.

— Tá, mas eu quero rosquinha Dunnut.

— Pode deixar, eu vou trazer para você, prometo. Vou te ligar antes de dormir, então está proibido de dormir antes de eu ligar ok?

No dia seguinte as horas pareciam não querer passar. Eu podia ver os ponteiros do relógio girarem cinco vezes mais lentos que de costume.

Eu odiava os dias de aula com o professor substituto. Não que ele não fosse bom nem engraçado e sim porque eu preferia mil vezes ver o meu Chris lecionando. Ele era perfeito no modo como dava aulas. Eu viajava nos lábios dele enquanto ele falava, adorava ver seus músculos se moverem quando ele ria de algo e ficava sem ar quando ele me olhava ou pronunciava meu nome. Com Christopher eu desejava que o tempo acabasse rápido para darmos uma ou outra escapada. Algum amasso escondido nas dependências da escola era muito bom também e com o professor Arturo eu não tinha nenhuma dessas sensações, ali ou em qualquer outro lugar, por mais que eu tentasse enxerga-lo como o melhor amigo do meu namorado, eu apenas o via como professor. Eu não tinha intimidade com ele, e sempre que ele estava presente eu me sentia mal. Será que Christopher se sentia da mesma forma com relação aos meus amigos?

Quando estávamos juntos, éramos apenas nós. Não existia os outros, não existia SE, não existia o mundo.

— Senhorita Saviñon? — Arturo chamou um pouco mais alto.

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora