Capítulo 27

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- O que achou? - Ivalú perguntou quando terminou de pintar minhas unhas com um vermelho tão forte como o conjunto de linjerie que estava dentro da sacola.

- Adorei. - Analisei as unhas perfeitamente feitas.

- Agora a quieta o facho e espera secar. - Ela se sentou ao meu lado. - Depois vou querer saber detalhe por detalhe. - Dei de ombros, com certeza eu diria dealhe por detalhe da minha noite com Christopher. Só que não. Meu celular tocou e eu saí correndo para pegá-lo. - Vai parando aí, vai estragar a unha que fiz com todo carinho do mundo. - Parei no meio do caminho frustrada. Ivalú se levantou, pegou o celular e olhou. - Hmm, interessante.

- O quê? - Ela me mostrou a mensagem.

"Esteja pronta às 20:45 na porta da SE."

- O que essa cara está aprontando? - Perguntei curiosa olhando o relógio. Ainda marcavam 18:04. - O tempo não passa, que raiva.

- Olha, senta e relaxa ok? Vocês terão uma noite inteira juntos mas não se es queçam que sairemos bem cedo amanhã e que o senhor Uckermann não pode dormir no transito.

- Como se fossemos fazer sexo a noit einteira. Eu pretendo sentar e andar futuramente sabia? - Ela arregalou os olhos. - O que foi? Você pode falar nisso e eu não? - Dei de ombros. Assim que Ivalú me liberou, me depilei e tomei um longo e relaxado banho, enrolei em um roupão e deiei que ela me ma quiasse. Uma ma quiagem leve, destacando mais o batom também vermelho em minha boca e o olho de gatinho.

- Pronto. Pode olhar. - Ela me mostrou o espelho, e tinha que confessar, estava perfeito. - Ele vai adorar tudo isso, agora hora de se vestir. - Ela apontou a sacola. - E eu quero ver.

- Você não vai me ver na quilo. Nem vem, acha mesmo que vou deixar você me ver e manchar toda a imagem que você criou de mim em dezoito anos? Não mesmo. - Ela cruzou os braços.

- Amiga, pelo amor né – revirou os olhos. - já te vi de calcinha e sutiã inúmeras vezes, e suas calcinhas não são muito maiores que a quela não.

- É diferente, eu não estava indo para o abate. - Dei de ombros.

- Anda logo, se veste e eu quero ver. Preciso ver se o cara tem bom gosto e verificar se ele não vai tirar nenhum predacinho da minha amiga. - Ela se jogou na cama esperando eu mês vestir. Bufei me dando por vencida, peguei a sacola e fui para o banheiro. Vesti peça por peça que me caíram perfeitamente. - Anda logo Dulce. - Ivalú gritou me apressando.

- Espera. - Fiquei me olhando no espelho e imaginando a cara de Christopher ao me ves vestida nisso. - Ai eu estou com vergonha Iva.

- Eu não estou pedindo, estou mandando, quero ver você. - Destranquei a porta e coloquei só a cabeça pra fora. - Se você rir eu jogo você pela janela. - Ela abriu um sorriso maldoso. - Eu vou sair.

- Está demorando. - Ela batia os dedos contra o celular que estava no seu colo. Saí sentindo minhas bochechas corarem e Ivalú ficou boquiaberta. - Uau, Dulce, você está maravilhosa. Digamos que está o sonho de todos os homens. - Ela se sentou. - Agora coloca o vestido. - Ela apontou o vestido em minha cama. - Depois eu vou dar um jeito em seu cabelo, agora que sua franja está grande já dá pra colocá-lo de lado.


Fui até a cama e com a ajuda dela coloquei o vestido. A meia da cinta liga ficou aparecendo, mas não dava para perceber que era cinta liga. O corpete deixou minha cintura finíssima e o quadril largo. Depois de estar vestida, coloquei o sapato e voltei a me sentar. Ivalú soltou meu cabelo até então preso em uma toalha e o secou deixando-o bastante liso e então ela o penteou jogando-o para o lado e a franja caindo em cascata.

- Eu deveria tirar uma foto, sério. Em algumas horas você não terá mais nada disso, então seria bom guardar de recordação.

- Não faça isso.

- Olha, e ainda mandava para o tio Fenrando lá no Brasil. Ele teria um ataque, acredito eu.

- Eu ranco seu cérebro com minhas próprias unhas se você fizer isso. - Ela deu uma risada maléfica e foi até a mala dela tirando de lá uma caixa de sapato. - Acho que esses ficarão bem melhores. - Ela me entregou. Tirei de lá um sapato preto, com detalhes vermelhos no salto e muito alto.

- Eu vou aguentar usar isso?

- Os seus são pouco menores, e esse é bem confortável. De qualquer forma você vai tirá-lo quando menos esperar, então...

- Então tá. - Calcei os sapatos e me levantei indo me olhar no espelho. Eu estava radiante.

Às 20:45 em ponto uma nova mensagem chegou.

"Está pronta? Tem alguém esperando você na porta da SE."

- Vem comigo?

- Vou sim. - Ela me entregou a bolsa que ela mesma arrumou. - A sua mala eu levo amanhã, e bom, aí está só o necessario pra você. - Ela deu uma piscada. Fui rumo à porta. - Droga, espera. - Ela gritou. Virei-me e ela veio logo esguichando o perfume que Christopher me dera em mim.

- Valeu, estava me esquecendo desse detalhe.

Quando saímos do quarto topamos com alguns alunos no corredor e todos pararam para me olhar. Fingi não vê-los e continuei meu caminho. O caminho até conseguir sair da SE não foi diferente.

- Onde pensa que vai desse jeito? - A voz de Rodrigo surgiu fria congelando meus passos. Ivalú me encarou.

- Me diga quando foi que você pagou minhas contas para se achar no direito de se meter na minha vida Rodrigo. - Falei entredentes.

- Sinceramente Dulce, estou decepcionadíssimo com você. Nunca pensei que essa viagem te deixaria assim. - Ele me olhou de cima a baixo.

- Assim como? Uma mulher não pode mais se arrumar? - Dei um sorriso forçado e continuei a andar.

- Você não vai a lugar algum a essa hora. - Ele segurou firme meu braço.

- Me solta. - Pedi baixo, e ele não soltou. - Está me machucando.

- Professor solta ela. - Ivalú pediu.

- Não até ela me dizer onde vai e com quem está saindo. Tenho o dever de cuidar dos meus alunos.

- Ela não tem mais quinze anos professor, se situe. - Ivalú tirou a mão dele de meus braços e o local ficou ardendo. Segurei as lágrimas, não ia deixar que ele estragasse tudo. - Fica longe da gente ok? Principalmente dela. - Ivalú falou mais como advertência. - Vem Dulce. - Ela segurou minhas mãos e me puxou para fora da SE. - E para de tremer, já passou, ele é um estúpido não liga pra ele.

- Ele está me assustando Iva. - Minha voz fraquejou e olhei para cima impedindo as lágrimas de descerem.

- Ignora ele. - Ela secou as lágrimas que queriam descer. - Vai borrar a maquiagem que eu fiz com tanto carinho? Vou ficar bem chateada. Agora dá um sorriso e esquece o que houve ali. - Forcei um sorriso. - Já viu o que te espera? - Neguei e me virei para ver. Um senhor vestido a carater me esperava com a porta de sua limousine preta aberta. Não era muito grande, mas era suficiente para me fazer esquecer Rodrigo e a dor que pulsava em meu braço.

- Isso é pra mim? - Ela assentiu.

- Vai lá. - Ela apontou a limousine. O senhor me estendeu a mão e me ajudou a entrar nela. Por dentro bancos de couro marrom, uma música bem baixinho, vinho e frutas. Christopher caprichou em tudo. Atravessamos a cidade e quinze minutos depois estávamos estacionados na frente do prédio de Christopher. O motorista abriu a porta e me ajudou a sair do carro. Quando fui para apertar o interfone o portão abriu automaticamente. O porteiro me mandou entrar. Agradesci e entrei. Subi pelo elevador e quando fui para bater na porta de Christopher vi que ela estava entraberta. O chão com algumas petalas de flores vermelhas espalhadas, uma luz fraca, mas nada de Christopher.

Assustei-me ao ouvir a TV se ligar sozinha, mas me tranquilizei quando em sua tela apareceu uma imagem de Christopher, sentado em uma cadeira, violão na mão e um microfone em sua frente, em um jardim.

"
Eu queria fazer isso ao vivo, mas sei que depois do exame não terei garganta para cantar ao vivo, então gravei isso antes.
Se lembra do dia que você me pediu uma música? Então, eu já tinha começado a compor pra você, e bom... espero que goste menina.
"

Uma melodia começou quando ele começou a tocar as cordas do violão, uma melodia boa.

"Enxofre e metal,
Bombas caem ao meu redor
A batalha começou
Longe de ti, em uma guerra sem final
Não sei onde irá parar

Você tem que me escutar
Vou te mostrar
O que é viver um sonho surreal
Onde não há preocupação
Só estamos você e eu
Oooh, você e eu, ooh

Suas cartas de amor
Transformarão minha realidade
São elas que me salvarão
É a sua lembrança
O que me mantém sem dormir
Em um descuido, poderia morrer

Você tem que me escutar
Vou te mostrar
O que é viver um sonho surreal
Onde não há preocupação
Só estamos você e eu
Vou te mostrar
O que é viver um sonho surreal
Onde não há preocupação
E a guerra terminou
Oooh, terminou, ooh

Você tem que me escutar
Vou te mostrar
O que é viver um sonho surreal
Onde não há preocupação
Só estamos você e eu
Vou te mostrar
O que é viver um sonho surreal
Onde não há preocupação
E a guerra terminou
Oooh, terminou, ooh

Terminou, oooh
Terminou, oooh"

Ignorei a fala de Ivalú e deixei as lágrimas caírem. A TV desligou e segundos depois senti as mãos de Christopher rodearem minha cintura.

- Vai estragar a maquiagem. - Ele sussurrou e depois de dar uum beijo em meu pescoço e me virou pra ele. 

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora