Capítulo 50

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Eu estava deitada na cama mudando os canais de TV procurando por algo que preste enquanto Christopher enrolava no banheiro. A cara del quando ele saiu do banheiro apenas com uma toalha enxugando o cabelo, ao me ver ali foi ótima. Ele tapou as partes íntimas me arregalando os olhos.

— O que você... como? – Ele olhou para a porta.

— Vim ver meu namorado e entrei pela porta. Você me deu passe livre Uckermann, esqueceu?

— Então tá.

Christopher deu de ombros enrolando a toalha impecavelmente branca em sua cintura tentando esconder algo que eu não só já havia visto, como já havia tocado.

O vi entrar no closet em silêncio enquanto procurava alguma roupa.

— Vai sair?

— Não, não posso mais tomar banho?

Christopher saiu vestido com uma calça de moletom cinza clara e uma camiseta branca enquanto terminava de enxugar o cabelo.

— Nossa, como você está grosso.

Ele não respondeu, o que estava começando a me irritar. O vi pegar a roupa suja no chão do banheiro e depois sair do quarto. Levantei-me da cama e o segui.

— É sério isso?

— O quê?

— Se quiser eu vou embora.

— Você que sabe.

— Nossa Christopher, na boa, não estou com paciência para você – Suspirei fundo e fui até o sofá. – Se por um acaso decidir parar com esse seu ciúme idiota, me liga tá?

Fui até o sofá, peguei minha bolsa e saí batendo a porta com força. Caminhei pela rua movimentada até passar um taxi.

— Para a Golden Gate, por favor.

Fiquei em silêncio todo o trajeto. Peguei o motorista assim que cheguei e fiquei na ponte olhando a água abaixo de mim. Vez ou outra passava algumas pessoas caminhando ou pedalando, mas o movimento maior era na pista de carros.

Meu celular vibrou em meu bolso. Tirei-o e verifiquei a mensagem.

"Onde você está? "

Era demais para mim. Juro que apenas não joguei o telefone na água por não ter dinheiro para comprar outro quando me arrependesse. Segundos depois meu celular tocou.

Atendi e fiquei apenas ouvindo-o falar.

— Desculpa, eu fui um grosso, eu sei. Eu estou morrendo de ciúmes daquele garoto, porque ele pode estar ao seu lado quando ele quiser, sem ninguém pensar algo mal, sem ninguém atrapalhar. E cara, ele olha encantadoramente para você, o que você quer? Como quer que eu me sinta?

Desliguei na cara dele. Ele não tinha direito de agir assim. Eu não poderia simplesmente dizer ao Yuri que não podíamos conversar, afinal, que desculpa daria para ele? Meu namorado supostamente está no Brasil, então não teria como ele ter ciúmes de mim.

Outra vez mais o telefone tocou. Olhei o visor e focalizei o nome dele.

— O que você quer? — Perguntei irritada.

— Me perdoa vai, por favor.

— Não. Eu estou muito irada contigo Christopher, não me liga mais, não quero discutir.

— Mas não quero discutir também meu amor.

— Para de me chamar assim ok? Você apenas está piorando as coisas. — Gritei e duas mulheres que passavam caminhando me olharam estranhamente.

— Me diz onde você está, por favor. Sei que não está na SE.

— Não quero mais ver você Christopher, não por enquanto. Preciso esfriar a cabeça então por favor, não me ligue mais.

— Dulc... – E então eu desliguei.

Sentei-me de costas para a grade abraçando minhas pernas. Como podia ser tão perfeito, mas ao mesmo tempo tão estúpido? Maldito o dia que fui me apaixonar por ele, maldito o dia que resolvi vir para os Estados Unidos. Christopher era meu amor impossível e nada, exatamente nada estava nosso favor.

Antes de voltar para a SE parei em uma lanchonete e comprei um lanche, e só então fui para meus aposentos. Hamburguer, batata frita, coca-cola e milk shake.

— Oi, pensei que estivesse com o... – Ivalú acabara de entrar, enquanto eu estava afogada em baixo do edredom comendo feito uma vaca louca. – É, parece que tem alguém sofrendo de dor de cotovelo.

Sem responder, enfiei três batatas com molho barbecue na boca olhando a TV.

— O que foi? Quer falar? — Neguei, depois tomei um gole de coca para tentar fazer a batata descer. — Você está com uma cara de quem parece que vai explodir a qualquer momento.

— Eu não estou nem aí. — Empurrei a caixinha de batata já vazia para o canto e peguei o milk-shake de morango.

— Para com isso, você vai acabar passando mal.

Ivalú tentou pegar o milk-shake de mim, mas eu não deixei.

— Deve estar uma lavagem nesse seu estômago Dulce, para com isso.

Dei de ombros tomando um pouco do líquido rosa. Gelou meu cérebro mas não me importei. Tomei 400 ml de milk-shake todo de uma vez e quando fui para comer o último pedaço do hambúrguer que sobrara, Ivalú tomou-o de mim, junto com a coca cola e as embalagens vazias, jogando tudo no lixo.

— Você não tinha esse direito. — Gritei irritada indo atrás dela.

— Para com isso. — Ela segurou meus punhos frente ao meu corpo fazendo-me encará-la. — Eu fiz pelo seu próprio bem amiga. Você está péssima, não pode descontar seus sentimentos na comida, você nunca fez isso, não está acostumada a comer tanto.

— Eu não quero mais. — Minha voz falhou e ela saiu do meu foco devido as lágrimas grossas que brotaram em meus olhos. — Eu quero que pare Iva, quero que pare.

— O que Dulce? — Meu corpo escorregou aos poucos e fiquei ajoelhada no chão. Ivalú se abaixou e me abraçou.

— Isso. Eu não quero mais sentir isso, eu não quero mais nada disso. Eu quero embora, quero minha vida de volta, quero meu pai, meus amigos, meu país, minha cidade.

— Ei, ei, olha pra mim. – Ela me soltou e então segurou meu rosto fazendo-me encará-la. – Não vai desistir agora né?

— Eu não quero mais, não quero.

— Ai amiga, reage vai. Qual foi o motivo da briga desta vez?

— Eu só estou cansada, cansada de tudo. – Olhei para minha mão onde a aliança estava.

— Não, não faz isto. - Ela segurou minha mão. – Vai se arrepender depois, não faz isto.

— Pensei que seria a primeira a apoiar.

— Não. Se for para ver você nesse estado eu nunca vou apoiar. Se aquele cara é a pessoa que te faz feliz o que eu posso fazer? Eu só não quero ver minha melhor amiga sofrer o resto da vida, mas é o presente que importa, não é?

— Não dá mais.

— Você está de cabeça quente, não sei qual é o motivo, mas deixa para decidir isto quando estiver de cabeça fria ok? Você decide algo agora e amanhã se arrepende.

Apenas assenti. Ivalú me levou até o banheiro onde lavei meu rosto e escovei meus dentes. Depois ela fez questão de me ajudar a colocar um pijama e ficou deitada comigo até eu pegar no sono.

No dia seguinte tudo que consegui foi uma tremenda dor de cabeça, acompanhada de uma dor horrenda no estômago, e náusea, muita náusea.

Acordei e já fui correndo para o banheiro colocando parte do que havia digerido na noite anterior.

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[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora