Capítulo 72

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POV Christopher

— Ela está em estado catatônico. — Disse a médica à minha frente enquanto verificava o soro dela. — E vomitou três vezes seguidas e não tinha nada no estômago.

— Estado catatônico?

— Sim. Não reage a nada nem ninguém.

— Senhor Uckermann?

O policial me chamou da porta e eu fui até ele depois de dar uma última olhada em Dulce. Ela estava pálida e olhava fixamente para o teto.

— Pois não?

— Será que pode me acompanhar?

— Claro. — Respondi e fui com ele até a lanchonete.

— Sabe dizer o que aconteceu com ela?

— Não, eu não sei. Ela nunca agiu assim antes.

— Isso foi encontrado com ela, te diz algo? — Ele retirou um envelope branco do bolso interno do casaco e me entregou. A única coisa que tinha do lado de fora era o nome dela.

— O que é?

— Veja por si.

Ao ver o conteúdo da embalagem senti como se facas tivessem atravessado meu peito. Dulce era sensível demais para aguentar isso sozinha.

— Acho que entendi.

— Então?

— Nós namoramos escondidos. — Disse. — Eu sou professor dela.

— Então isso se trata de...

— Não se trata de nada além de uma regra idiota da escola onde trabalho. Ela é maior e sabe o que faz. Não a forcei a nada em momento algum senhor policial e jamais a forçaria. Eu a amo e sei dos sentimentos dela por mim, então, mesmo que eu perca meu emprego, mesmo que essas fotos cheguem a mãos indevidas, eu continuarei ao lado dela. — Levantei irritado. — E eu não vou permitir que quem quer que seja a pessoa que a deixou assim saia impune.

Saí em passos firmes amassando entre meus dedos aquelas malditas fotos e aquele maldito bilhete. Dulce tinha motivo para estar assim e eu não fazia ideia de como tirá-la desse estado. Não é algo que se tire de um minuto para o outro.

— O que você fez com ela? — Fui surpreendido assim que entrei no quarto, por Rodrigo. Ele me segurou pela gola da camisa e me encostou contra a parede.

— Me solta seu idiota, eu não fiz nada ok? — Empurrei-o e fui até ela. Ela permanecia do mesmo jeito e agora Ivalú e Pedro estavam próximos a ela.

— O que ela tem Christopher? Por que está assim? Ela precisa reagir logo, o que eu vou dizer ao pai dela? O tio Fernando vai ficar louco quando souber disso. Ela parece estar louca.

— Ela não está louca. — A repreendi. — Vocês falaram com a médica?

— Não.

— Ela está em estado catatônico.

— Cata o quê?

— Catatônico. Ela não reage a nada, por isso está assim.

— E por que ela está assim? O que aconteceu para ela ter chegado a isso?

— Isto. — Entreguei o bolo de papeis amassados em minha mão a ela. — Estava com ela quando foi encontrada.

— Meu Deus!

— O que é? — Rodrigo se aproximou tomando algumas das fotos. — Como...

— Eu não sei como e nem quem, mas eu vou descobrir. — Peguei a mão dela. — Eu prometo que isso não vai ficar assim meu amor, mas por favor, reage.

Nada adiantava, era como se não estivéssemos ali.

Uma hora depois fiquei sozinho com ela. Os outros foram mandados para a SE já que só uma pessoa poderia ficar ali e eu não iria permitir Rodrigo fazer isto.

— Senhor Uckermann?

— Pois não?

— Chegou o resultado dos exames de sangue dela.

— E aí? Está tudo certo.

— Ela está com princípio de anemia. — Arregalei meus olhos. Ela comia bem até demais para estar anêmica. — Acredito que devido a gravidez.

Olhei para a doutora e senti minhas vistas embaçarem. Caminhei de forma desengonçada para trás e caí sentado em uma poltrona.

— Ela... ela.... Está...

— Sim, você não sabia?

— Não!

— Ela já está com onze semanas.

— Como? — Ri de forma histérica. — É impossível.

— E por quê? Os exames não mentem.

— Outro dia ela estava naqueles dias, não tem como.

— Tem certeza disso?

— Sim. A não ser que...

— A não ser que?

— Acho que agora está fazendo sentido. — Dei um sorriso fraco. — As dores, as cólicas, a mudança repentina de humor, a sensibilidade. Lembrei-me de algo que eu estava fazendo há muito tempo sem que ela soubesse e tinha a certeza que quando ela despertasse, ela iria me matar.

— Ela não pode ter filhos. — Disse. — Bom, pode, mas com um bom tratamento.

Ela me repreendeu quando contei a ela que eu estava dando remédio quase diariamente a Dulce sem que ela soubesse. Eu não deveria ter feito isso sem leva-la ao médico, porém, por outro lado ela jamais teria aceitado.

— Está tudo bem com o bebê? — Perguntei por fim.

— Eu vou pedir uma ultrassonografia para amanhã de manhã e aí poderei te dar a resposta, mas agora, deixe-a descansar. 

[REVISÃO] Intercâmbio (Vondy)Onde histórias criam vida. Descubra agora