Cap.15: "Belas maldições"

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Não ia continuar adiando aquilo. Guardei minha escova de dente, apaguei a luz e marchei para o quarto. Ao abrir a porta e olhar para a cama, estanquei. O quarto estava iluminado apenas por um abajur que ficava numa mesa de cabeceira ao lado dele.

Christopher lia um livro, deitado confortavelmente, um braço dobrado atrás da cabeça, parecendo concentrado. Usava uma calça preta de moletom e... mais nada. Iluminados pela luz amarelada, os pelos daquele peito nu ganhavam um brilho acobreado. Não consegui mais tirar os olhos.

- Está tudo bem? - perguntou parando de ler e olhando pra mim.

Foi aí que percebi que continuava de pé ali na porta, sem me mexer e, é claro, ele deve ter estranhado. Desviei imediatamente os olhos e caminhei em direção à cama olhando para o chão.

- Tudo bem. - respondi.

Dei a volta, indo para o lado oposto ao dele, grata por aquela cama enorme proporcionar uma distância razoável entre nós. Mesmo assim, deitei toda dura, bem na pontinha, puxando a coberta até o pescoço. Ele tinha voltado a ler e parecia bem concentrado. Fiquei curiosa sobre sua leitura. Espiei pelo canto do olho. "Belas Maldições", de Neil Gaiman.

- Frio? - ele perguntou sem tirar os olhos do livro, e me sobressaltei.

- Um pouco. Outono, né? - respondi sem graça.

- Você quer que eu aumente a temperatura? - sugeriu ainda olhando para o livro.

- Não, obrigada. - não precisava sentir mais calor do que já estava sentindo tendo ele deitado bem ao meu lado. - Não está com frio? - perguntei tentando soar descontraída.

- Não, dificilmente sinto frio. - respondeu, passando casualmente a mão pelo peito, descendo e parando na cintura da calça, enfiando três dedos pelo elástico, deixando apenas o polegar e o indicador à mostra. Achei aquele gesto casual muito sexy.

- Nome sugestivo. - falei buscando um assunto seguro que me desviasse a atenção dele. - Do livro.

- Também achei. Esse escritor é ótimo. - comentou entusiasmado. - Depois, se quiser ler, pode pegar.

- Obrigada! Quando você terminar, pego emprestado.

Até o momento, seus olhos tinham se mantido nas páginas do livro, mas ele virou o rosto em minha direção e um leve sorriso brincava em sua boca. Seu olhar era devastadoramente doce.

- Não precisa "pegar emprestado". O que é meu é seu. - esclareceu baixinho - Somos casados.

Com essa afirmação simples, mas plena de uma verdade forte e perturbadora, calei. Tudo o que consegui fazer foi balançar a cabeça afirmativamente. Ele sorriu simpático, e voltou sua atenção para o livro.

"Belas Maldições". Se minha vida fosse um livro, esse seria um belo título para ela. Não poderia haver maldição mais bela que aquele homem deitado ao meu lado. Tentador a ponto de me deixar sem fôlego, perigoso a ponto de me dar medo.

Medo do que despertava em mim: um mundo de sensações desconhecidas e sentimentos intensos. De que era feita essa misteriosa combinação capaz de provocar sentimentos tão contraditórios? Por que, entre tantas pessoas nesse mundo, aquela conseguia despertar essas coisas tão poderosas em mim? O que o fazia especial, diferente?

Ter alguém, de alguma forma, em algum lugar à sua espera.

Analisando friamente, Christopher não entraria na lista dos solteiros mais cobiçados da maior parte das garotas que conhecia.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora