Cap.117: O mundo dá voltas.

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- É verdade! Agora somos dois ou duas!

- Isso mesmo! Mais uma razão para cautela, ouviu?

- Pode deixar! - prometeu apressada. - Deseje-me sorte!

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A festa tinha saído melhor que a encomenda. Anahí ficou muito feliz, assim como sua família e amigos. Mas realmente, o melhor foi o que ocorreu antes, quando confessamos tantos segredos e mágoas do passado.

Agora nossa conexão era ainda mais profunda, quase como se Anahí fosse uma extensão de mim. Compreendíamos um ao outro e nos aceitávamos. Éramos pessoas independentes e bem resolvidas, sem receio de expor nossos sentimentos.

Pela primeira vez, encontrei alguém que não tive vergonha de mostrar minhas carências, traumas e receios. E isso era apavorante e libertador ao mesmo tempo - dar tanto poder a alguém, deixando-o saber tudo sobre mim, conhecendo minhas fraquezas e inseguranças.

Tinha tomado a decisão que não fugiria mais de um compromisso. Detestava covardia, em mim ou nos outros. Se era pra se queimar, melhor entrar logo na fornalha. E Anahí era uma verdadeira brasa viva. Nunca arder foi tão prazeroso.

Por falar em arder, despertei na manhã seguinte sentindo vários calafrios. Senti o corpo cansado e os olhos queimavam. A cabeça parecia pesar uma tonelada ao girar para ver as horas no despertador.

Já era bem tarde, um pouco depois do meio dia. O celular começou a tocar, estiquei o braço para pegá- lo e vi a foto da Anahí que piscava.

- Oi, gata. - respondi desanimado.

- Oi! Te acordei?

- Não. Acabei de acordar, mas ainda estava na cama.

- Sua voz está péssima. Você está bem? - perguntou preocupada.

- Não sei. Dormi bastante, mas o corpo continua pedindo cama. E sinto frio.

- Você se agasalhou?

- Sim, estou embaixo do cobertor. - me cobri ainda mais ao sentir outro arrepio.

- Você está quente?

Dei uma risadinha.

- Por você, sempre. - respondi.

Doente ou não mexer com ela era irresistível.

- Calma aí, Todo-Poderoso. Dessa vez, tanta quentura pode ser coisa séria. Não estou gostando disso, você pode estar com febre. - disse de um jeito que me lembrou muito sua mãe, e sorri.

- Não deve ser nada. Vou me levantar, tomar um bom banho e ficarei novo em folha.

Mas falar se revelou muito mais fácil que fazer. Ao tentar me sentar, a cabeça girou e despenquei novamente no travesseiro.

- Uau! - exclamei.

- O que foi? - perguntou alarmada.

- Fiquei um pouco tonto. - informei e respirei fundo, estranhando a falta de ar nos pulmões.

- Estou indo pra aí agora. - falou decidida. - Você está sozinho?

- Acho que sim, não tenho certeza. - tentei escutar algum som que denunciasse a presença do Sam. - Está tudo quieto. Acredito que sim.

- Você tem termômetro em casa?

- Não.

- Não tem problema. Vou passar na farmácia e levo um pra você. Já estou pronta, chego aí em meia hora. Beijo! - e desligou.

Essa era a minha namorada, uma verdadeira líder, pensei dando um leve sorriso. Curioso que, tempos atrás, com outra pessoa, eu ficaria no mínimo furioso pela invasão de privacidade. Mas sendo a Anahí, até gostava.

Como era de hábito, peguei o maço de cigarros e acendi um. Vinte e oito minutos depois a campainha soava. E me vi na tortura de ter que levantar para abrir a porta. Fiz uma anotação mental de providenciar uma cópia da chave pra ela.

Fiquei espantado comigo mesmo, pela naturalidade com que o pensamento me ocorreu. Quem diria que Alfonso Herrera pensaria fazer isso? Realmente, o mundo dá voltas.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora