Cap.129: Estou saindo.

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- Será que a bebida afetou seu cérebro também? - perguntei cinicamente. - Você deve se lembrar que tenho uma esposa e que o nome dela é Dulce, não é?

- Não ouse me tratar como uma doente mental! - gritou furiosa. - O que quero dizer é o seguinte, sua queridíssima e honradíssima esposa esteve aqui ontem à noite, neste mesmo quarto!

Meu coração parecia ter congelado.

- Você está mentindo. - afirmei, ansiando para que estivesse certo. - Só pode estar mentindo.

- Estou cansada de ser chamada de mentirosa, entendeu? - ela se virou, voltou a pegar o telefone sobre a mesinha de cabeceira e me estendeu o fone. - Vamos, ligue pra recepção e confirme se o que falei é verdade. Eles têm controle de todas as pessoas que passam pelo hotel.

Eu estava com medo, muito medo, mas não conseguia mais continuar naquele suspense. Foi com muito esforço que fiz a ligação e a pergunta fatídica. Enquanto aguardava, rezei, rezei como nunca para que a resposta fosse negativa.

- Sim, senhor Uckermann. - confirmou o recepcionista solicito. - Uma jovem de nome Dulce Uckermann esteve aqui e lhe foi informado o número do seu quarto, já que afirmou ser sua esposa. Por quê? Houve algum engano?

- Todos, todos os enganos. - Desliguei o telefone e sentei na cama, em choque.

- Eu te disse que falava a verdade. - Paola disse mais calma, de braços cruzados.

- Ela esteve aqui, mas como você soube disso? - inquiri sentido algo sombrio no ar. - Como soube que Dulce esteve no hotel?

Ela me lançou um olhar petulante.

- Ora, muito óbvio! Eu abri a porta quando ela bateu. - respondeu com um sorriso leve nos lábios.

Sua afirmação estarrecedora, somada à alegria calma que demonstrou dando a notícia, fizeram com que eu perdesse definitivamente o controle. Agarrei Paola pelos braços, completamente cego pela dor.

- Monstro, o que disse a ela? - perguntei lhe sacudindo.

- A verdade! - berrou furiosa. - Só a verdade!

- E que verdade foi essa?

- Que nós dormimos juntos, que estamos juntos! Ela te viu deitado bem ali. Tínhamos acabado de nos amar e você dormia profundamente. Então ela deu meia volta e saiu correndo!

- Não! - gritei e a joguei sobre a cama.

Olhei ao redor, coloquei as mãos na cabeça, puxando meus cabelos como se fosse arrancá-los. Eu tinha que agir, agir agora! Peguei meu celular e liguei pra ela.

- Atende, vamos, amor, atende! - falava desesperado, mas infelizmente, só entrava na caixa postal.

Tentei repetidas vezes com o mesmo resultado. Sair daqui! - pensei alucinado. - Preciso voltar pra casa agora!

Olhei para o relógio na parede. Já eram mais de duas horas da tarde e isso tinha acontecido na noite anterior. Tinha-se passado muito tempo desde o ocorrido. Precisava fazer alguma coisa imediatamente.

Ignorando a Paola por completo - que por sinal continuava sentada na cama me observando -, comecei a catar minhas coisas espalhadas pelo quarto, enfiando de qualquer jeito dentro da mochila. Vesti a primeira roupa que encontrei.

- O que pensa que está fazendo? - perguntou, saindo da sua imobilidade. - Aonde pensa que vai?

Não respondi, continuei ignorando-a totalmente e isso deixou-a ainda mais nervosa.

- Você vai embora? - continuou perguntando, agora histérica. - Esqueceu de suas responsabilidades? Nós estamos em excursão com a peça, não pode partir agora!

Não lhe dei a menor atenção, coloquei a mochila nas costas e peguei a chave da moto.

- Estou saindo. - disse ao abrir a porta. - E só tenho mais duas coisas a lhe dizer: primeiro, não estamos juntos e nunca estaremos; segundo, minha primeira responsabilidade é para com a minha esposa, o resto, o que inclui você, está definitivamente suspenso da minha vida, simplesmente deixou de existir.

Sem olhar mais para ela, fechei a porta e parti.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora