Cap.176: Kaleo e Kanani.

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Pov. Dulce

Olhei pasma enquanto a compreensão me atingia e a vi sorrir ainda mais.

- Sou seu passado e você é o meu presente e o meu futuro. Não nos resta muito tempo, precisamos fazer isso agora. Vamos, levante a sua mão.

- Por que veio agora que estou próxima do fim?

- Fomos separadas num instante em que você estava muito próxima do fim. Para que nos encontrássemos novamente, essa situação teria que se repetir. Não se preocupe, não é o fim, é um recomeço. - explicou levantando a mão à minha frente. - Levante sua mão.

Com grande esforço, ergui a minha mão em sua direção.

- Tudo bem. Se eu tiver que partir, vamos juntas. Quero levar comigo todas as recordações dessa vida, quero levar por inteiro a lembrança do meu amor.

Nossas mãos se encontraram, palma com palma. Fechei os olhos e me deixei inundar em luz.

Abri a boca num suspiro surpreso quando um mundo de lembranças me invadiu como um redemoinho. Sentia girar, as imagens surgiam em minha mente, num caleidoscópio iluminado.

- Unidas. - murmurei.

- Para sempre. - afirmou feliz. E então sua figura foi se apagando, tornando-se transparente até desaparecer.

Permaneci de olhos fechados por algum tempo. Ao abri-los, a caverna tinha voltado à penumbra.

Já não importava, a luz estava dentro de mim, me sentia iluminada. Estava inteira, agora podia partir em paz. Fechei os olhos e sabia que seria pela última vez.

- Eu te amo, Chris. - declarei baixinho, antes de adormecer profundamente.

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Pov. Chris

Andei por entre as árvores olhando atentamente ao redor, prestando atenção a todos os sons e ao menor movimento. Tinha esperança de que aquela figura misteriosa voltasse a aparecer e me indicasse o caminho.

Andei mais um pouco. Lá estava a moça de vermelho, ainda mais distante, parecendo flutuar, até desaparecer por entre as árvores. Corri atrás dela, que sumia e voltava. Por mais que eu a chamasse, ela nunca se virava e seguia.

Depois de algum tempo, já me sentia um pouco cansado, incerto quanto a estar fazendo a coisa certa. Questionava se estava realmente em meu juízo perfeito ou tendo uma alucinação. Como resposta as minhas indagações, ela apareceu uma última vez, colocou um dedo nos lábios, como se pedisse silêncio e esticou o braço, apontando para o alto da montanha. Ela parecia ter a expressão preocupada e fez sinal para que eu continuasse a segui-la.

Ao fazer uma curva, não a vi mais. Mas fiz o que havia pedido. Procurei não fazer barulho. Pouco depois, entendi o motivo.

Paola estava agachada atrás de uma pedra. Olhava ao redor como se esperando que alguém aparecesse. Seu rosto demonstrava impaciência. Segurava uma arma nas mãos. Qual seria a melhor abordagem? Resolvi dar a volta e tentar surpreendê-la pelas costas.

Tentei andar o mais rápido e suavemente possível. Segurei firmemente minha arma e me escondi atrás de uma pedra, próxima a ela. Paola girava no mesmo lugar, olhando tudo ao seu redor. Esperei até que ficasse novamente de costas para mim e ataquei rapidamente.

Dei-lhe uma bela chave de braço, enquanto encostava minha arma em sua têmpora. Ela gritou assustada. Não suavizei, prendi com firmeza, sem lhe dar chance de escapar.

- Jogue fora sua arma! - ordenei e ela logo fez o que pedi.

- Chris, por favor, me escute! - pedia nervosa. - Tudo o que fiz foi por te amar demais!

- Cale essa boca maldita! - gritei furioso. - Você não faz a menor ideia do que seja amor!

- Eu te amo! - continuava repetindo sem parar. - Fique comigo. Eu te amo!

- Onde está Dulce? - berrei.

- Eu não sei! - respondeu zangada.

- Não minta para mim! - bradei lhe sacudindo. - Diga onde está a minha esposa ou juro que esqueço que você é mulher e te cubro de pancada!

Minha ameaça pareceu tê-la assustado, pois começou a falar gaguejando.

- E-e-eu realmente não sei! Eu a vi subindo está montanha. Mas ela desapareceu e fiquei esperando que voltasse!

Dessa vez Paola parecia estar falando a verdade. Ainda lhe segurando firmemente, tirei o celular do bolso e liguei para o vovô. Expliquei brevemente o que tinha acontecido e passei minha localização.

- Ela disse que Dulce subiu a montanha. - expliquei. - O senhor conhece melhor essa área do que eu. Faz ideia de onde ela possa ter se escondido?

- Não existem muitas opções. - vovô respondeu. - Mas se Dulce foi esperta, e eu sei que ela é, deve ter se escondido em alguma das cavernas que existem na montanha.

- Caverna? - inquiri chocado. - Caverna! Céus, ela sonha há meses com uma caverna! Vovô, preciso desligar, está frio demais e preciso encontrá-la!

- Certo! Os policiais irão buscar vocês. Tome cuidado. Boa sorte, Christopher!

Desliguei, enfiei o celular no bolso e pensei em como manter Paola presa para que pudesse sair e procurar Dulce. Não via nada que pudesse usar para amarrá-la. Não tinha outro jeito, teria que mantê-la inconsciente. Sem hesitar, ergui minha arma e lhe dei uma coronhada no alto de sua cabeça, ela deu um gemido e desmaiou.

Depositei seu corpo na neve e subi a montanha correndo, olhando ao redor. Chamava por ela sem resposta. Continuei procurando sem cessar. Encontrei algumas cavernas pequenas, ela não estava nelas. Já estava ficando muito escuro e não tinha trazido lanterna. Se escurecesse mais, não encontraria Dulce a tempo.

Inesperadamente, vi um brilho mais ao topo e corri naquela direção. Ao me aproximar, percebi se tratar da entrada de uma caverna maior, que agora estava muito escura.

Entrei chamando seu nome. Sem resposta, prossegui indo mais ao fundo. Quase tropecei nela, deitada e imóvel, lá estava a minha Dulce. Corri e me agachei ao seu lado, arrastando-a para a entrada. Segurei-a em meus braços e fiquei assustado quando senti o quanto estava gelada.

- Dulce, sou eu! - chamei desesperado. - Vamos, abra os olhos. Estou aqui! Tudo vai ficar bem!

Ela parecia profundamente adormecida e eu sabia que aquilo não era bom sinal. Poderia ser o início de um processo de hipotermia. Tirei o casaco e vesti nela o mais rápido que pude. Retirei as luvas e coloquei em suas mãos. Abracei-a, tentando aquecer o seu corpo com o calor do meu.

- Vamos, meu amor, não faça isso comigo! - pedi aflito. - Abra os olhos. Acorde. Dê sinal de que consegue me ouvir, por favor!

Toquei seu rosto e me apavorei ao sentir o quanto estava fria. Seus lábios estavam roxos e inertes.

Resolvi encostar meus lábios aos dela. Beijei Dulce repetidamente. Aguardei ansioso, repetindo aquele gesto incansavelmente. Até que tive a impressão de que a sua boca havia se movido ligeiramente. Beijei-a mais um pouco e, olhando com muita atenção, vi seus lábios tremerem. Abracei o seu corpo bem apertado dando um grito de júbilo.

Alegre e aliviado, beijei todo o seu rosto e novamente seus lábios. Ela murmurava algo.

- Você quer me dizer alguma coisa? - Permanecia de olhos fechados e sua boca se movia sem conseguir produzir som.

Aproximei o ouvido, tentando entender a palavra que ela parecia repetir sem parar. Foi então que consegui entender o que dizia numa voz sussurrante.

- Kaleo.

- O que você disse? - perguntei sem acreditar.

- Kaleo. - repetiu mais uma vez.

Só havia três pessoas que sabiam que esse era meu outro nome, Alfonso, Anahí e a minha Dulce.

Assim que a compreensão do que aquilo significava me atingiu, segurei-a fortemente contra meu peito, enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Kanani! - repeti várias vezes, enquanto a apertava contra mim. - Você voltou!

Uma sensação maravilhosa de paz me invadiu. Agora tudo iria ficar bem.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora