Cap.55: Sorte no jogo, azar no amor

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Às vezes, era meio difícil para meus outros irmãos entenderem que não foi por falta de ambição que Vayu optara por um trabalho manual. Era apenas uma ambição diferente. Mamãe compreendia. E na frente dela ninguém ousava questioná-lo.

Essa situação, somada ao fato de ser o único filho homem sem ensino superior ainda vivendo na casa da mãe, era motivo de piadinhas furtivas que me deixavam uma fera! Então, não me espantava que fizessem pouco da profissão do meu Todo-Poderoso.

Viviam citando Steve Jobs e Mark Zuckerberg como se fossem deuses! Nerds metidos!

— Sim, vocês estão roxos de inveja. E sabem por quê? Porque a inveja é a arma dos incompetentes.

Eles riram.

— Fala sério!  — falou Prithivi risonho. — Incompetentes? Faz ideia do quanto cada um de nós lucrou esse ano? O quanto nossos negócios cresceram ano passado?

— Realmente, inegável o quanto são competentes na profissão. Mas vocês já devem ter ouvido aquela frase: “sorte no jogo, azar no amor”.

Pelas caras constrangidas, vi que tinha alcançado meu objetivo.

— Não sei do que você está falando.

Tive que rir.

— Onde foi parar tanta capacidade cerebral? Vocês entenderam e entenderam muito bem! Mas, se preferem que eu diga alto e claro, lá vai: total incompetência pra conseguir uma garota. E isso, meus caros, não existe Q.I. no mundo que dê jeito.

Sabia que tinha tocado no ponto sensível de suas vidas. Eram os caras mais atrapalhados que conheci, quando se tratava de garotas. Geralmente não os cutucava com esse tópico doloroso, porém, foi impossível me conter diante da provocação. Escutamos mamãe chamando e fui à frente, seguida pelo trio de solteirões.

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— Esse é meu marido, Akash Khan. — disse Marichelo, referindo-se a um quadro na parede com uma grande foto em preto e branco, mostrando um homem sorridente, de ar jovial. — Bonitão, não era?

Movi a cabeça positivamente, impossibilitado de responder por estar de boca cheia. A comida estava deliciosa. Até que não estava me saindo tão mal, comendo com as mãos.

— Gostou das almôndegas de nozes? — perguntou Anahí.

— Maravilhosas! — respondi enfiando mais uma na boca. — Os pastéis também estão divinos e esse arroz é demais. Não imaginava que comida vegetariana pudesse ser tão gostosa.

— Tudo é questão de tempero e dedicação. — explicou Marichelo. — E isso também serve pra outros aspectos na vida. Temos que colocar o coração naquilo que nos propomos, para podermos fazer um bom trabalho.

— Concordo. — falou Apas. — Os negócios estão crescendo e achamos que, em breve, vamos precisar contratar alguns funcionários.

— Isso é ótimo, meu filho! Fico feliz em saber.

— Por falar em trabalho. — citou Tejas. — Agora há pouco na sala, estávamos comentando sobre sua profissão, Alfonso.  Você gosta do que faz?

Por um momento fiquei sem saber o que responder. Tinha começado aquele lance de ator mais por influência do Christopher e por não fazer à mínima ideia de que carreira seguir, pois nada particularmente me chamava à atenção.

Minha aparência ajudava a abrir algumas portas nesse meio, porém, pra ser sincero, minha atuação não me satisfazia. Também pareceu não satisfazer o diretor da última peça que trabalhei, pois me dispensou no meio da temporada. Realmente, Marichelo estava certa, faltava-me paixão pela profissão.

— Não estou muito certo. — resolvi responder. — Posso dizer que ainda estou experimentando minhas alternativas. Acabou de aparecer uma nova oportunidade, fiquei interessado porque paga bem.

— Você não me contou isso! — comentou Anahí animada. — Qual é a proposta?

— Modelo fotográfico. Um colega me indicou para uma agência e eles gostaram. Ligaram ontem. Vou tirar fotos para o catálogo de uma grife.

— Que máximo! — exclamou animada.

Mas depois ficou subitamente séria.

— Espere aí, pensando melhor... Ai, minha nossa! Se você já era Todo-Poderoso com a mulherada, imagina agora? Vai vir bombardeio por todos os lados! Estou perdida!

— Calma, Majestade. — pedi segurando sua mão por sobre a mesa. — Já tenho preparado meu abrigo antiaéreo.

Ela voltou a sorrir, nossos olhares se encontraram e os dela brilhavam luminosos de alegria. Olhei pra sua boca pintada de batom vermelho, linda, provocante, e tive tanta vontade de beijá-la! Mordi os lábios reprimindo o desejo.

Mas o calor da nossa troca de olhar deixava bem explícito o que estávamos sentindo. Escutei três pigarros diferentes e quando olhei ao redor os irmãos de Anahí me fuzilavam com o olhar, como se dissessem: mais um movimento em falso e, vegetarianos ou não, lhe comemos o fígado.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora