Cap.30: Estruturas abaladas

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Aquele foi um mês difícil, continuava tendo aqueles sonhos estranhos que me perturbavam. Acordava quase toda noite tremendo. E tinha uma dificuldade enorme para voltar a dormir, com medo que o sonho voltasse.

Conclusão: por estar dormindo tão mal, me sentia cansada e estava com olheiras enormes, que denunciavam minhas noites mal dormidas. Christopher continuava preocupado comigo.

Estranhamente, não conseguia me abrir com ele. Tinha impressão que se fizesse isso estaria demonstrando fraqueza e infantilidade. A escola também não estava sendo fácil.

Naquela tarde, voltei para casa me sentindo exausta e irritada. Se não fosse a Anahi me apoiando o tempo todo, não sei o que seria de mim naquele período.

Sentia-me no limite. Tinha tanta matéria pra colocar em dia, que nem sabia por onde começar. Além disso, a proximidade com o Chris era uma constante ameaça ao meu equilíbrio emocional.

Não conseguia tirar da cabeça a visão estonteante do seu sorriso, seu jeito charmoso e brincalhão.

Às vezes me pegava sonhando acordada, como agora, assistindo TV com ele ao meu lado, fingindo prestar atenção ao que passava, mas completamente envolvida com a sua proximidade e o cheiro da sua colônia tão masculina.

Em momentos iguais a esse, era muito fácil me desligar e começar a fantasiar. Chega, Dulce! - pensei.

Olhei pra ele sentado, tão relaxado ao meu lado, rindo de alguma coisa que alguém havia falado num programa humorístico. Aquele sorriso era um verdadeiro efeito estufa, capaz de derreter as calotas polares!

Sem perceber, suspirei alto, ele ouviu e virou a cabeça em minha direção.

- Está tudo bem? - perguntou.

- Sim, tudo bem. Estou com sono. - falei abaixando os olhos, tentando disfarçar.

- Tem certeza? - insistiu, franzindo a testa.

- Claro! - respondi, fingindo um bocejo. - Acho que vou deitar.

- Então, tá. - aceitou, acompanhando atentamente meus movimentos. - Vou ficar mais um pouco.

- Sem pressa. Aproveite.

Subi as escadas, entrei no quarto e tirei a roupa de forma brusca. Estava cansada de viver nesse estado de constante tensão, confusa quanto ao meu passado, indecisa quanto ao presente e completamente incerta quanto ao futuro.

Podia não ter todas as minhas lembranças, mas isso não significava não saber quem eu era. Até onde recordo, eu costumava ser uma pessoa que sabia o que queria, o que gostava e o que não desejava para a minha vida.

Ter minhas estruturas abaladas pelos espaços em branco de minha memória, dava-me a impressão de estar caminhando sobre uma fina camada de gelo, tendo que ter muito cuidado para que ela não rompesse e eu pudesse despencar.

E aonde cairia? Não tinha a resposta. Por isso estava assim, tão insegura. Enfiei o pijama de qualquer jeito e deitei na cama me enrolando entre as cobertas.

Tudo o que queria era paz, só um pouco de paz. Não sei que horas eram, mas tinha adormecido e sonhava outra vez que estava perdida num lugar escuro e frio, quase fantasmagórico.

Andava numa caverna cheia de túneis, como um labirinto, e gritava pedindo ajuda, aflita por sair daquele lugar assustador. À medida que o tempo passava, ficava mais desesperada. Comecei a chorar, sem saber como me libertar.

- Dulce, acorda! - era a voz do Christopher. - Está tudo bem. Acorda!

Abri os olhos, confusa, enquanto Christopher me sacudia. Percebi a luz do abajur acesa, enquanto piscava. Sentei na cama e as lágrimas começaram a rolar.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora