Cap.168: Eu vou morrer!

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Pov. Any

Pensei que o mal estar estivesse terminando, mas como estava enganada! Saindo do aeroporto, enfrentamos um clima devastadoramente quente e úmido, o que fez Alfonso gemer, assim que as portas se abriram. No estacionamento, deparamos com um jipe tão grande, que parecia um tanque militar.

Colocamos a bagagem na parte de trás, jogamos nossas mochilas no banco do carona e sentamos lado a lado no banco traseiro, enquanto Rute sentava ao volante e colocava os óculos escuros. Colocamos também os nossos.

Em poucos minutos rodávamos pelas ruas de Cairns. Sabia que chegaríamos em pleno verão australiano, mesmo assim, era chocante sentir todo aquele vapor. Deixamos Londres com temperaturas bem abaixo de zero. A impressão que tinha era ter saído de um freezer e arremessada numa fornalha.

— Mãe, pode ligar o ar condicionado? — Alfonso pediu, passando a mão no suor que escorria pelo seu rosto.

— Claro. — falou sorridente e começou a mexer no controle.

Reparei o sorriso dela diminuir, à medida que apertava e rodava não sei quantos botões.

— Mãe, se não ligar essa coisa agora vou derreter!

— Estou tentando! — falou impaciente. — Droga! Não quer ligar!

— Como assim? — Alfonso reclamou com muito mal humor. — Deixe-me tentar.

Ele se espremeu por entre os assentos da frente e começou a mexer em quase tudo no painel, sem sucesso.

— Sossega, filho. — falou autoritária, após observar as tentativas frustradas dele. — Mais tarde podemos ver isso. O melhor a fazer é sentar aí e abrir as janelas.

Imediatamente seguimos a sugestão, enquanto Poncho praguejava, reclamando de suar como um porco.

— Deixe de ser fresco! — exclamou risonha. — Você está muito mal acostumado com todo aquele conforto urbano londrino. Respire fundo e sinta um pouco de vento de verdade no rosto! Tenho certeza que Anahí não se importa em suar um pouquinho. A Índia é um país de altas temperaturas, não é?

— Realmente, calor não me incomoda muito. Fui criada em Londres, mas sempre visitei parentes na Índia. Conheço bastante o clima de lá.

— Fico muito contente ao ouvir isso. Temos uma hora de viagem pela frente.

— Não acredito! Vou morrer! — queixou-se Alfonso.

— Deixa de drama! A casa tem piscina. Quando chegar poderá se refrescar à vontade. Pare de se coçar desse jeito. Está me deixando nervosa!

Olhei pro Poncho, que se coçava inteiro, e fiquei com pena. Meu tom levemente bronzeado de pele era uma proteção natural contra tanto calor, mas ele devia estar sofrendo horrores. Embora não estivéssemos diretamente sob o sol, o clima era muito abafado e seu rosto estava vermelho e suado.

A cidade era cercada por montanhas de vegetação muito verde e exuberante. Pegamos uma grande rodovia a beira mar. Teria achado a vista maravilhosa, se não estivesse tão esgotada.

— Para onde vamos, senhora Herrera? — perguntei tentando soar curiosa e não impaciente, como verdadeiramente estava.

— Rute, querida! — pediu com meio sorriso. Tentei retribuir com outro sorriso, mas meus músculos faciais se recusaram a colaborar satisfatoriamente. Desconfio que acabei fazendo uma careta, pela forma como suas sobrancelhas se ergueram. — Pousamos em Cairns e estamos à caminho do vilarejo de Port Douglas, famoso por ser o ponto de saída para a Grande Barreira de Corais e portal de entrada para o Parque Nacional Daintree que, segundo afirmam, é um dos mais belos do mundo pela diversidade de plantas e animais nativos. Ficaremos numa casa que aluguei de um colega de trabalho. Ele disse que fica pertinho da praia Four Mile.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora