Cap.126: Nojo de mim mesmo.

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Talvez isso me fizesse despertar de vez e quando acordasse descobriria que tudo não passou de uma ilusão pelos excessos da noite anterior.

Quando olhei meu pulso, arregalei os olhos. Lá estava o relógio que a Paola tinha me dado, o mesmo relógio que tinha trazido para devolver. Como isso pode ter acontecido? - perguntava-me totalmente pasmo. - Como o relógio tinha ido parar ali?

Retirei-o rapidamente como se aquele contato me queimasse e joguei na bancada. Não satisfeito, peguei uma toalha e coloquei por cima dele, escondendo-o. Não queria continuar olhando aquilo.

Comecei a me examinar melhor a procura de outra possível anormalidade. De frente para o espelho, via meu reflexo de corpo inteiro. Podia ver com clareza pequenas marcas espalhadas pelo meu peito e pescoço, algumas avermelhadas e duas arroxeadas, bem próximas à orelha.

Depois, senti um perfume que não era o meu impregnado pelo meu corpo. Fiz uma careta, reconhecendo o aroma forte que costumava exalar da Paola. Senti náuseas, estava com nojo de mim mesmo.

Precisava tirar aquilo da pele antes que vomitasse. Entrei rápido na ducha de jato forte e quente. Coloquei uma quantidade generosa de sabonete líquido na esponja e esfreguei com força rosto, pescoço, peito, braços, pernas, tudo. Queria me livrar de qualquer vestígio daquela mulher.

Repeti o processo três vezes e ainda não me sentia bem. Não conseguia me sentir limpo. Se pudesse, ferveria meu corpo em água escaldante para ficar esterilizado. Enquanto realizava esse procedimento de limpeza, esforcei por me lembrar o que tinha acontecido na noite anterior.

Recordava claramente de chegar ao hotel e deixar minhas coisas no quarto. Depois, por estar atrasado, corri para o teatro, onde todo o elenco me aguardava impaciente e preocupado.

Para tornar o clima mais descontraído, brinquei um pouco dizendo que adorava pregar sustos e o pessoal acabou me perdoando. Paola foi a primeira a me abraçar, afirmando estar cheia de saudade. Procurei ser educado, porém firme com ela.

Gentilmente me livrei do seu abraço, avisando que mais tarde precisávamos conversar e que devolveria todos os presentes. Lembro-me do seu olhar decepcionado, quase triste e magoado.

Por um momento me senti mal por ter que tratá-la assim, mas sabia que precisava esclarecer o tipo de relacionamento que tínhamos e garantir que nunca passaríamos de amigos e colegas de profissão.

Foi com um sorriso tristonho que ela se afastou, mexendo a cabeça e concordando que voltaríamos a nos falar mais tarde. A peça transcorreu da mesma forma de sempre, elenco afiado, teatro lotado, plateia animada e, ao final, palmas, muitas palmas.

Voltei para o hotel sentindo mais do que apenas a sensação de dever cumprido. A satisfação por estar trabalhando naquilo que realmente gostava e os recentes resultados positivos me enchiam de alegria e esperança.

Somados ao fato de que a minha vida pessoal voltava a se equilibrar, acreditei que o pior da tempestade havia passado e que as nuvens no horizonte começavam a se dissipar. Paola chegou logo em seguida, sorrindo bastante.

Segurou-me pelo braço e agindo como se nenhum inconveniente tivesse ocorrido, convidou-me para ir até o bar para conversarmos. Fiquei em dúvida se seria prudente aceitar.

Meu rosto deve ter refletido minha indecisão, pois soltou uma risada charmosa e garantiu que havia entendido a mensagem. De agora em diante, tudo o que desejava era minha amizade e companhia para um drinque de final de noite.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora