Cap.2: Começando a lembrar

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— Ah, bem... — suas bochechas estavam vermelhas agora. — Acho que você se encaixa na descrição do típico herói romântico. Algo em você me lembra dos príncipes dos contos de fadas, tipo A Bela Adormecida, essas coisas. — respondeu um pouco encabulada.

Fiquei olhando pra ela, sorrindo levemente, lembrando-me da descrição que ela fez de mim quando nos conhecermos na infância. Era muito parecida com aquela, e isso reanimava as esperanças que tinha de Dulce desenvolver os mesmos sentimentos por mim.

— Bati! — exclamei, jogando a última carta sobre a cama.

— Ei! — reclamou. — Confesse que você me contou essa história, só pra me distrair no jogo!

— Puxa! Acho que você está começando a se lembrar de mim! — brinquei sorridente, recolhendo as cartas da cama.

Ela também estava sorrindo. Contemplei seus olhos alegres e era incrível o contentamento que aquela simples visão me proporcionava. Sentia-me muito animado por vê-la bem e tê-la comigo, ainda que não exatamente como gostaria. Pelo menos, não ainda! Mas ao vê-la tão bem disposta, era fácil acreditar que seria possível.

— Já é tarde, melhor dormirmos. — sugeri depois de consultar o relógio em meu pulso. — Amanhã será um grande dia! É importante que você descanse bem. Nada de excessos!

— Isso é ridículo! O Dr. Sanders já disse que assinará minha alta amanhã. Que diferença faz dormir cedo ou tarde? Se é que vou conseguir dormir! Só de pensar que amanhã, nesse mesmo horário, estarei em casa deitada em meu quarto! Estou tão animada! — comentava eufórica com aquele sorriso radiante que me deixava sem ar.

— Sim, isso será maravilhoso! — concordei alegre, diante de seu entusiasmo.  — Nada como dormir na própria cama. — e, com sorte, comigo. Pensei maliciosamente.

Sorri com a sua expectativa, que não era maior que a minha. Aproximei-me para beijar-lhe a testa, desejando-lhe boa noite. Ela moveu rapidamente a cabeça e o beijo saiu naquele pequeno espaço entre o nariz e os lábios. Ficamos parados por breves segundos — que parecera durar uma eternidade.

Com o choque, prendi a respiração. Percebi seus lábios tremerem ligeiramente. Passei a língua entre os meus e suspirei, soltando o ar devagar. Tive que usar de todo autocontrole para não deixar a boca escorregar mais um pouco. Afastei-me e vi seu olhar surpreso e envergonhado.

— Desculpe. — murmurou constrangida.

— Tudo bem. — acatei fingindo naturalidade. — Bem, acho que estamos meio eufóricos. Vou apagar a luz pra nos ajudar a relaxar e dormir.

— Claro. — consentiu com o rosto corado e de olhos baixos.

Esperei que ela deitasse e se cobrisse. Apaguei a luz e me sentei na poltrona reclinável que me serviria de cama. Corpo e mente pareciam fervilhar diante das emoções que aquele nosso quase beijo despertou em mim. Fechei os olhos com força, tentando controlar a respiração apressada.

O clima de alegre ansiedade parecia substituído por puro magnetismo. Segurei com força os braços da poltrona. Eu precisava me controlar. Ela estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Aquilo estava me matando.

— Chris, eu... — falou insegura, sua voz tímida ecoando pelo quarto.

— O quê? — perguntei tentando disfarçar minha tensão.

— Nada demais. — respondeu depois de um tempo. — Só quero te desejar boa noite.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora