Cap.24: Um passeio

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Naquele sábado pela manhã me mantive ocupada organizando o guarda-roupa, tentando dar ordem ao caos deixado por Christopher - um bagunceiro de primeira!

Novamente me via cheia de emoções conflitantes, aborrecida com seu desleixo e, ao mesmo tempo, rindo ao encontrar numa mesma gaveta: camisetas, carregador de celular, um pacote de biscoitos vazio, meias sujas e uma cueca samba-canção estampada com ursinhos de pelúcia.

- Este foi um presente da tia Martha no meu último aniversário. - Christopher falou atrás de mim.

Virei, ainda segurando a hilária peça, e falei bem humorada:

- Até que é bonitinha.

- Não sei como ela conseguiu imaginar que algum dia eu usaria isso. Acho que ela pensa que ainda tenho cinco anos! - reclamou, fazendo uma careta. - O que você está fazendo?

- Bem, obviamente, tentando colocar um pouco de ordem no caos reinante nestas gavetas. - respondi colocando novamente a cueca na gaveta e colocando num saco o que precisava jogar fora.

- Por acaso isso é o que vai para o lixo? - perguntou parando ao meu lado.

- Sim.

Ele pegou a cueca da gaveta e jogou no saco que estava ao chão. Tive que rir.

- Está muito ocupada?

- Graças a você, sim. - falei dobrando mais algumas blusas.

Olhei-o de canto de olho. Ele havia colocado as mãos nos bolsos da calça jeans que usava e me olhava meio envergonhado.

- E se eu prometer que vou me esforçar para diminuir a bagunça?

- Eu me perguntaria qual o preço pelo incrível sacrifício de dar um fim nesta confusão. - esclareci mostrando com as mãos o que ainda faltava arrumar.

- Assim você me faz parecer um mercenário! - exclamou com expressão falsamente ultrajada.

- Christopher, corta a encenação que não vai funcionar.

- Como você é desconfiada! Não pode acreditar na pureza de minhas boas intenções?

Olhamo-nos em silêncio por alguns segundos e começamos a rir ao mesmo tempo.

- Preciso mesmo responder? - repliquei quando consegui parar de rir.

- Ok, nem mesmo eu acreditaria nisso! Acho que preciso voltar para a escola de teatro.

- Então, vai! Diz qual o preço pra tanto altruísmo.

Ele demorou um pouco pra responder, olhando pensativamente para seus pés.

- Um passeio com você. - informou baixinho.

- Um passeio comigo? Como assim? - perguntei franzindo a testa.

- Na verdade, é mais uma visita, mas não será nada demorado, prometo.

- Quem visitaríamos?

- Isso é surpresa. - ao ouvir sua resposta, lancei um olhar temeroso. - Fica tranquila, garanto que tenho a melhor das intenções.

- Sei... E o inferno também.

- Puxa, por que não me dá um voto de confiança?

- Humm... Será por ter fingido ser algo que não era?

Ele respirou fundo.

- Dulce, sei que está magoada com isso, mas consideramos que seria a maneira melhor de evitar que se chocasse tanto. - ele se agachou para ficar no mesmo nível que eu, de forma que pudesse me encarar. - Não existem mentiras entre nós. Pode levar algum tempo até que me perdoe e volte a se acostumar comigo, mas peço que me dê oportunidade para mostrar minhas intenções, provar que estou sendo sincero.

Enquanto falava, seu olhar buscava o meu de maneira insistente, e ficava difícil não me sentir completamente envolvida por sua presença e comovida com suas palavras.

Como resistir a força daquele olhar?

- Aonde iríamos? - percebendo que apesar da minha cautela eu cogitava acompanhá-lo, ele abriu um grande sorriso e essa foi minha derrota.

Ninguém deveria ter um sorriso intoxicante como esse, deveria ser proibido pela Organização Mundial da Saúde!

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora