Cap.105: Está sentindo meu coração bater?

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Ela continuava silenciosa, esperando que eu continuasse, e prestava enorme atenção. Seus olhos claros e curiosos me observavam.

— Eu conheci uma garota, a Perla, e ela foi minha primeira grande paixão. Caí de quatro! Fazia tudo o que queria, virei um cãozinho adestrado em suas mãos. — disse rindo de mim mesmo.

— Ela era bonita?

— Muito bonita. — respondi com sinceridade. — Mas o tipo de beleza que depois descobri esconder um mar de futilidade! Ela só pensava em ganhar presentes ou conseguir vantagens. Mas eu estava tão cego de paixão que não enxerguei nada disso. Pra mim, ela era perfeita. E eu fazia tudo o que ela queria, comprava tudo que me pedia. Quase fui à falência! Tudo o que pensava é que não podia perdê-la, então me submetia.

— Ela devia ser bem convincente. — comentou.

— Uma verdadeira atriz. — concordei. — Vivia fazendo cara de coitadinha ou fingindo estar magoada. Eu, bobão, acreditava! E logo providenciava o que ela pedia. — dei um sorriso. — Esse é um dos motivos porque gosto tanto de você, gata. Adoro esse seu espírito independente e autossuficiente, nunca me pediu nada e já me deu tanto em troca. — Anahí sorriu embaraçada, baixando os olhos, sempre reagia assim quando era elogiada. — Bem, você já deve estar imaginando como essa história acaba. — falei rindo alto. — Um dia, voltei mais cedo da escola. Ainda morávamos na casa do meu pai. Quando cheguei, aparentemente, tudo estava normal. Quando subi as escadas, escutei sons suspeitos vindos do quarto do meu irmão. Até aí nada demais, ele sempre trouxe garotas pra casa. Aproximei-me da porta de seu quarto e ouvi algumas risadas. Foi então que escutei de uma voz feminina muito familiar: “Seu irmão é tão otário!” — olhei pra Anahí e vi que ela tinha acabado de arregalar os olhos, colocando a mão na boca. — Aconteceu isso mesmo que você está pensando. Eu não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir, parecia que meu coração tinha parado de bater dentro do peito. Abri rapidamente a porta e deparei com a cena que nunca vou esquecer: eles estavam deitados na cama, cobertos apenas por um lençol.

— Oh! Poncho! — Anahí lamentou com olhos pesarosos — Eu sinto tanto!

— Não sinta, gata. — falei sentando a seu lado. — Não vale a pena. Bem, pra encurtar, expulsei ela de casa exatamente como estava, empurrando porta fora e jogando suas roupas pela janela. — dessa vez Anahí riu. — Depois, o falso do meu irmão veio com cara de arrependido, dizendo que não tinha culpa, que ela tinha dado em cima dele, essas baboseiras. Você acreditou? Nem eu! Fiz o que todo cara com um mínimo de dignidade faz, enfiei um soco bem na cara dele e quebrei seu nariz. Tive que enfaixar a mão, mas valeu à pena!

Anahí me olhava admirada, segurei sua mão e sorri.

— Como pode ver, minha família não é das mais distintas, mas é a única que tenho. — ela sorriu levemente, me analisando com olhar atento.

— Então essa foi a raiz de tudo, não é? — perguntou com perspicácia.  — Pra você não levar a sério nenhuma garota e evitar qualquer tipo de relação estável?

Olhei pra Anahí, seu rosto tranquilo revelava carinho, compreensão, inteligência e bondade, peguei sua mão e a levei até meu peito, colocando em cima do meu coração.

— Está sentindo meu coração bater? Até encontrar você ele estava partido, quebrado em muitos pedacinhos. Mas você chegou e juntou tudo de novo, fez uma restauração que eu julgava impossível.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora