Cap.158: Vamos celebrar a vida

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Como minha presença no Natal não era esperada, meus presentes, enviados por eles dias antes, se encontravam em casa. Mas não me incomodei. Esperava estar de volta em breve. O vovô e o Chris abriram curiosos seus pacotes decorados com papel colorido. E foi divertido assistir suas reações, entusiasmada ou decepcionada, dependendo do que descobriam. Destaquei como muito legal a bolsa masculina de couro que o Chris ganhou da mamãe. Era muito bonita. Realmente, já era hora de aposentar aquela coisa velha e encardida que ele chamava de mochila. Já para o vovô, achei o máximo a placa de madeira presenteada pelo Christopher, que tinha entalhada a seguinte frase: Todos trazem felicidade aqui. Alguns por vir, alguns por partir.

— Excelente, Christopher! Muito obrigado! — agradeceu, admirando o belo trabalho artesanal. — Onde conseguiu?

— Encontrei numa pequena loja de artigos decorativos aqui no comércio local. Fico feliz que tenha gostado, achei que ficaria ótima em cima da lareira.

— Boa ideia! Vou por ali hoje mesmo.

Após o desjejum caprichado, fomos terminar de cozinhar o que havíamos começado a preparar no dia anterior. O peru recheado foi para o forno e o vovô e eu passamos a cuidar do restante: batatas assadas, cenouras glaçadas, repolho roxo refogado, couve de Bruxelas e pudins. Chris foi dispensado do serviço por completa falta de dotes culinários, sendo educadamente expulso da cozinha pelo vovô.

Enquanto preparávamos as iguarias, podíamos ouvi-lo tocando piano lá na sala. E, como sempre, ficava tocada pelo seu talento e sensibilidade.

— Ele realmente sabe tocar. — comentou o vovô colocando as batatas no forno.

— Verdade. — concordei, enquanto temperava o repolho.

— Em que pé estão as coisas entre vocês? — perguntou de forma casual.

— O senhor está sabendo de tudo?

— Acho que Christopher me contou tudo, sim, ou pelo menos a maior parte. — respondeu fechando o forno. Virou-se. Seus olhos acinzentados estavam cheios de compreensão. — Tinha esperança que pudessem conversar e se entender.

— Então sabe que as coisas não são assim tão simples.

— Eu sei, minha querida. — assentiu limpando a mão numa toalha— Mas quando vi vocês dois juntos lá na sala, pensei que... — Aquilo foi um acidente! — interrompi com mais brusquidão do que pretendia. — Não voltará a acontecer!

Comecei a mexer nervosa os ingredientes do pudim. Reparei que vovô, embora tivesse ficado em silêncio, continuava me observando.

— Você ainda o ama, Dulce?

— O que importa se ainda o amo ou não diante de tudo o que aconteceu? — retruquei mexendo a colher ainda com mais força.

De repente, senti mãos firmes e gentis tirando a colher de minhas mãos.

— Porque isso pode ser a chave para conseguir o que vocês mais precisam. — esclareceu pausadamente.

— E do que nós precisamos?

— Da verdade. — respondeu com simplicidade. — E o amor poderá ser a estrada que os levará até ela.

— E se quando encontrarmos a verdade, ela nos separar definitivamente? — perguntei insegura.

— Infelizmente, esse é um risco que correm. — concordou pensativo. — Você preferiria viver uma mentira?

— Nunca! — respondi vigorosamente.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora