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Como minha presença no Natal não era esperada, meus presentes, enviados por eles dias antes, se encontravam em casa. Mas não me incomodei. Esperava estar de volta em breve. O vovô e o Chris abriram curiosos seus pacotes decorados com papel colorido. E foi divertido assistir suas reações, entusiasmada ou decepcionada, dependendo do que descobriam. Destaquei como muito legal a bolsa masculina de couro que o Chris ganhou da mamãe. Era muito bonita. Realmente, já era hora de aposentar aquela coisa velha e encardida que ele chamava de mochila. Já para o vovô, achei o máximo a placa de madeira presenteada pelo Christopher, que tinha entalhada a seguinte frase: Todos trazem felicidade aqui. Alguns por vir, alguns por partir.
— Excelente, Christopher! Muito obrigado! — agradeceu, admirando o belo trabalho artesanal. — Onde conseguiu?
— Encontrei numa pequena loja de artigos decorativos aqui no comércio local. Fico feliz que tenha gostado, achei que ficaria ótima em cima da lareira.
— Boa ideia! Vou por ali hoje mesmo.
Após o desjejum caprichado, fomos terminar de cozinhar o que havíamos começado a preparar no dia anterior. O peru recheado foi para o forno e o vovô e eu passamos a cuidar do restante: batatas assadas, cenouras glaçadas, repolho roxo refogado, couve de Bruxelas e pudins. Chris foi dispensado do serviço por completa falta de dotes culinários, sendo educadamente expulso da cozinha pelo vovô.
Enquanto preparávamos as iguarias, podíamos ouvi-lo tocando piano lá na sala. E, como sempre, ficava tocada pelo seu talento e sensibilidade.
— Ele realmente sabe tocar. — comentou o vovô colocando as batatas no forno.
— Verdade. — concordei, enquanto temperava o repolho.
— Em que pé estão as coisas entre vocês? — perguntou de forma casual.
— O senhor está sabendo de tudo?
— Acho que Christopher me contou tudo, sim, ou pelo menos a maior parte. — respondeu fechando o forno. Virou-se. Seus olhos acinzentados estavam cheios de compreensão. — Tinha esperança que pudessem conversar e se entender.
— Então sabe que as coisas não são assim tão simples.
— Eu sei, minha querida. — assentiu limpando a mão numa toalha— Mas quando vi vocês dois juntos lá na sala, pensei que... — Aquilo foi um acidente! — interrompi com mais brusquidão do que pretendia. — Não voltará a acontecer!
Comecei a mexer nervosa os ingredientes do pudim. Reparei que vovô, embora tivesse ficado em silêncio, continuava me observando.
— Você ainda o ama, Dulce?
— O que importa se ainda o amo ou não diante de tudo o que aconteceu? — retruquei mexendo a colher ainda com mais força.
De repente, senti mãos firmes e gentis tirando a colher de minhas mãos.
— Porque isso pode ser a chave para conseguir o que vocês mais precisam. — esclareceu pausadamente.
— E do que nós precisamos?
— Da verdade. — respondeu com simplicidade. — E o amor poderá ser a estrada que os levará até ela.
— E se quando encontrarmos a verdade, ela nos separar definitivamente? — perguntei insegura.
— Infelizmente, esse é um risco que correm. — concordou pensativo. — Você preferiria viver uma mentira?
— Nunca! — respondi vigorosamente.
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Mais Que Irmãos - 2° Temporada
FanfictionSinopse: Quando a mente se encontra na escuridão, deixe o coração ser seu guia. O amor de Dulce e Christopher foi eclipsado por um trágico acidente. Ela recebeu uma nova oportunidade do destino, porém não se recorda do grande amor de sua vida. Ele e...