Cap.35: Você me fascina

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Desconfiei que, do jeito que o Christopher estava, até se estivesse vestindo uma camisa de força, ele me acharia bonita. Descemos para a cozinha. Enquanto me sentava à mesa, ele abriu a geladeira tirando do congelador um pote de sorvete. Pegou duas colheres e sentou à minha frente, colocando o sorvete entre nós.

- Coma! - ordenou de forma autoritária, me estendendo uma colher.

- Qual o sabor? - perguntei enquanto a pegava.

- Chocolate com gotas de chocolate. Um bom companheiro para noites solitárias.

Enfiei a colher no pote e levei uma porção à boca. Realmente era muito bom.

- Você tem comido muito esse sorvete ultimamente? - inquiri olhando para o pote.

- Toneladas! - confessou com uma risadinha debochada. - Sorte minha que não tenho tendência a engordar.

Ficamos ali durante um tempo, comendo em silêncio, sentindo que aquela febre interna se acalmava, até alcançar níveis toleráveis. Santo sorvete!

- Você disse que queria me contar alguma coisa, o que era? - perguntou me olhando com curiosidade.

E fiquei pensativa sobre como deveria começar.

- Anda, Dulce! Solta o que está nessa cabecinha! - pediu tocando rapidamente minha testa com o dedo indicador.

Coloquei a colher de lado, respirei fundo e comecei a disparar o que me afligia, revelando sobre os sonhos que me assombravam, até as imagens em flash que tinha visto no banheiro. Quando terminei, estava constrangida, porém, aliviada. Era reconfortante poder dividir o fardo desses acontecimentos.

- Dulce, isso é muito importante! - falou enérgico. - Você não deve esconder essas coisas de mim!

- Eu sei, desculpe, mas é que eu fiquei com um pouco de vergonha.

- Vergonha de quê?

- Ah, sei lá! De parecer boba, fraca e infantil, tendo medo de pesadelos igual uma criança! Na verdade, acho que não queria que você me achasse covarde. - confessei de cabeça baixa.

Senti um dedo delicado em meu queixo erguendo meu rosto, e encontrei um par de olhos castanhos calorosos que me encaravam.

- Não conheço ninguém mais valente que você, a maneira como enfrenta a vida e os desafios de cabeça erguida é uma qualidade que sempre admirei. - Aproximou o rosto do meu. - Você me fascina! - e me beijou levemente.

Foi um beijo rápido, quase um roçar de lábios, mas foi o suficiente para me deixar nas nuvens. Eu ia precisar de mais sorvete de chocolate. Assim que ele se afastou, enfiei a colher no pote.

- Esse sonho que você tem tido não é algo novo. - explicou.

- Como assim? - perguntei depois de engolir.

- A primeira vez que você teve esse sonho foi em nossa lua de mel. - respondeu pensativo.

- O quê? - questionei espantada. - Por favor, preciso que me conte tudo.

Christopher relatou a mais incrível das histórias. Durante a nossa lua de mel, uma senhora idosa e adivinha fez uma profecia a meu respeito. Naquela mesma noite eu tive o sonho misterioso e, para a coisa ficar ainda mais sinistra, o sonho tinha se repetido várias vezes na semana do acidente.

- Nunca vou esquecer nossa última noite juntos, antes do acidente. Você acordou assustada, exatamente como há pouco, contou-me que tinha tido o mesmo sonho e estava apavorada. - contou olhando pensativo para o teto. - Então você pediu para que não te deixasse entrar na caverna e, caso entrasse, que eu prometesse buscar você. E foi o que fiz. Prometi que nunca te abandonaria, iria até o fim do mundo se preciso fosse. - deu um sorriso amargo.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora