Cap.71: Essa noite será diferente das outras.

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A questão é que eu adoecia só de pensar na possibilidade de ficar num quarto diferente do dela, longe do calor de sua pele, despertando sem seu cheiro de baunilha. Mesmo assim, talvez devesse repensar minhas escolhas e lhe oferecer mais espaço.

Era provável que eu a estivesse assustando, mostrando diariamente a força da minha paixão. Se ficássemos separados, talvez ela pudesse desenvolver maior confiança sem se sentir tão pressionada. E se ocorresse o inverso? - pensei preocupado.

E se com a distância ela chegasse a conclusão de que não precisa de mim, de que não me quer mais? Que não sente nada forte o suficiente por mim para querer que o nosso relacionamento prossiga?

Ao oferecer uma distância maior entre nós dois, com certeza, também correria esse risco. Mas o que mais poderia fazer? Amava-a demais. Jamais iria forçá-la a se entregar, mesmo que estivesse com meu controle por um fio, como acontecia ultimamente.

Eu queria que ela viesse até mim por livre e espontânea vontade, me desejando e querendo, como eu a desejava e queria. Então é isso. Se para que Dulce volte a me amar, eu tiver que abdicar da alegria de tê-la junto a mim todas as noites, faço o sacrifício Ai, droga! - pensei desconsolado.

Vou morrer um pouco a cada noite, tendo uma parede entre nós e me lembrando do seu cheiro, do seu calor, dos seus beijos, dos sussurros abafados na madrugada. Sentindo a falta do seu olhar, ao mesmo tempo surpreso e culpado, quando quase perdia o controle, como se desfrutar das minhas carícias fosse algo proibido, mas impossível de resistir.

Ela surgiu entre a multidão, andando com aquele gingado singular.

- O que lhe preocupa? - perguntou gentilmente pegando minha mão.

- Nada, só estou um pouco cansado. - respondi tentando disfarçar, beijando sua bochecha. - Pronta para ir?

- Sim, vamos.

Que os céus me deem força para fazer o que tenho que fazer! - clamei em pensamento.

Pegamos um táxi. Sentamos ao lado um do outro. Passei o braço por trás de seus ombros e, mesmo com essa proximidade, ficamos em silêncio. Às vezes nos olhávamos brevemente e sorríamos.

O clima estava tenso, como se soubéssemos de alguma forma que essa noite seria diferente das outras, que ventos de mudança se aproximavam de nossas vidas.

As últimas lembranças da noite invadiram minha mente, Dulce dançando na festa, linda e talentosa, uma mistura perfeita de doçura, força e ingênua sedução. Chegamos. Todas as luzes estavam apagadas e o ambiente silencioso.

Embora a noite tivesse sido maravilhosa, sentia que a alegria havia ido embora. Meu peito estava invadido de tristeza pela despedida que estava prestes a ocorrer.

Queria abraçá-la, apertando-a fortemente junto a mim, dizer- lhe que nada poderia nos separar. Repetir incansavelmente que a amava e que sempre estaríamos juntos, até que perdesse completamente a voz.

- Vem comigo até a outra sala? - pedi, aliviado por conseguir fazer a voz soar firme. - Queria te mostrar uma coisa.

Ela me olhou surpresa, mas fez sinal afirmativo com a cabeça e me seguiu até a sala de música. Sentei na banqueta em frente ao piano, puxando-a para que se sentasse ao meu lado.

Enquanto levantava a tampa e retirava a proteção das teclas, pensei no quanto a música fazia parte da minha vida, no quanto aquele instrumento tinha me acompanhado por fases alegres ou tristes.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora