Cap.124: A dor dos sonhos perdidos.

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- Sinto que tenha descoberto assim. Mas te avisei, não é mesmo, garotinha? - falou com voz infantil. - De um jeito ou de outro, sempre consigo o que quero.

Eu olhei pra ela horrorizada, vendo seu cabelo despenteado, seu sorriso perfeito. Quis gritar. Mas ao abrir a boca não consegui emitir nenhum som. Tinha perdido a voz.

Ela me encarava com olhar vitorioso e sem nenhum constrangimento. Senti uma vertigem, acompanhada de forte enjoo. Eu tinha que sair dali antes que vomitasse na frente dela. Não lhe daria o prazer de me ver mais humilhada do que já estava.

Saí correndo, com uma mão na boca e a outra tateando pelas paredes. Desci as escadas como se estivesse sendo perseguida por cães ferozes. Passei pela recepção, atravessei a rua correndo, fazendo um carro parar bruscamente e ouvi o motorista reclamar chateado.

Mas não conseguia prestar atenção a mais nada. Parando ao lado do meu carro, não suportei e vomitei tudo que tinha no estômago ali mesmo na calçada. Terminei esgotada. Procurei as chaves na bolsa. Minhas mãos tremiam tanto que não as encontrava.

Consegui finalmente pegá-las, mas deixei-as cair três vezes no chão antes de acertar na fechadura. Com dificuldade, dei a partida e saí cantando pneus. Tudo o que sabia é que precisava sair dali, fugir pra bem longe, e rápido.

Minha mente ainda estava em choque. Há quanto tempo aquilo devia estar acontecendo? Há quanto tempo eles dormiam juntos? E todos aqueles presentes? O relógio em seu pulso! Ele tinha mentido pra mim! Ele tinha me enganado! Ele tinha me traído!

Eu sentia meu peito cada vez mais apertado, como se algo estivesse pressionando dolorosamente de dentro para fora, como o alienígena parasita dentro do corpo do astronauta no filme Alien, que saía rasgando as entranhas do personagem para conseguir liberdade.

Sem perceber, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Um choro incontrolável começou. Uma dor além da compreensão me invadia, a dor de sonhos perdidos, planos inacabados e promessas desfeitas. Maldita a hora em que havia acordado naquele quarto de hospital e visto o seu rosto.

Maldita a hora em que havia sido enfeitiçada pelo seu olhar e que suas palavras fizeram morada em meu coração. Maldita a hora em que seus beijos me prenderam e me deixei seduzir pelo seu corpo, pela sua voz, por suas mentiras.

As lágrimas encharcavam meu rosto e embaçavam minha visão. Meu pé ainda pisava fundo no acelerador. Nada mais fazia sentido. O que importava na minha vida agora? Estava sozinha, tão sozinha.

Eu tinha conhecido a perfeição, mas isso não impediu que um veneno perigoso se aproximasse de nós e nos separasse, nenhuma perfeição pôde manter esse amor vivo. O gelo tornou aquele trecho da pista muito escorregadio e um carro parou bruscamente à frente do meu.

Pisei com o pé no freio, mas como vinha com muita velocidade, a súbita freada fez meu carro rodar. Desesperada, tentei controlar com o volante, rodopiei na pista e, por um triz, consegui fazer o carro parar no acostamento.

Respirei fundo diversas vezes tentando me acalmar, entendendo que estava viva por milagre. Nesse momento, as palavras de Anahí me vieram à mente, a promessa que havia feito de ser cuidadosa, que tomaria conta de mim e do meu bebê.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora