Cap.6: Sentido-me cega.

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Entrei em meu quarto correndo, aos prantos. Fechei e tranquei imediatamente a porta. Ao me virar, me perguntei se tinha entrado no quarto certo. No lugar da minha tão familiar cama de solteiro, com sua colcha florida, deparei-me com a maior cama de casal que já tinha visto na vida, coberta por um edredom branco, com travesseiros que pareciam feitos para cabeças com o dobro do meu tamanho. Continuei olhando ao redor, e as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto.

Fui até o guarda- roupa, abri e observei que um lado continuava como me lembrava, só que mais abarrotado. O outro estava cheio de roupas masculinas, numa bagunça completa. Provavelmente, eu tinha sido obrigada a espremer meus pertences de um lado para dar espaço às coisas do meu "marido". Marido! Aquela palavra parecia um absurdo. Como aquilo poderia ter acontecido? Tentava forçar a memória à procura de algum vestígio de casamento, mas nada acontecia. Sondava meu coração, e nada.

Sentia-me cega diante de uma estrada nova e desconhecida, sem saber se deveria ou não continuar indo em frente. Queria poder me jogar na cama, desabafando todo o meu medo. Mas não conseguia fazer isso naquela cama desconhecida. Sentei na cadeira em frente ao computador. Pelo menos aquilo não tinha mudado de lugar. Por acidente, toquei o mouse, retirando a proteção de tela e revelando o papel de parede. Pulei da cadeira. O casal sorridente na foto era familiar e estranho ao mesmo tempo.

Uma Dulce diferente sorria feliz para mim, uma Dulce de olhos brilhantes e face corada, olhando para a câmera como se fosse a mulher mais feliz do mundo, abraçada por um rapaz igualmente alegre, de olhar atrevido, que olhava para a câmera como se fosse o homem mais feliz do mundo. Era o Christopher. Tudo naquela foto transmitia um profundo e sincero sentimento, um sentimento que eu não fazia ideia de como tinha surgido entre nós.

E isso me apavorava. Desliguei o monitor sem conseguir mais olhar. Depois da aliança, aquele papel de parede era a prova mais real do que tinham acabado de me contar. Escutei uma batida na porta e me apavorei, pensando ser o Christopher.

- Quero ficar sozinha! - avisei, fungando um pouco.

- Sou eu, Anahí! - identificou-se com carinho. - Vai me deixar entrar? Por favor.

Fiquei na dúvida, aproximei-me da porta, tentando ouvir alguma coisa enquanto decidia.

- Você está sozinha? - perguntei depois de algum tempo.

- Sim, estou sozinha.

Segurei a maçaneta e girei a chave, abrindo a porta e permitindo que Anahí entrasse, voltando a trancá-la, assim que ela passou. Viramos de frente uma pra outra e lá estava um rosto amigo, de quem eu lembrava e no qual confiava, olhando-me numa mistura de compreensão e tolerância. Ver Anahí era um alívio para minha mente perturbada.

- Vem cá, amiga! - chamou estendendo-me os braços, oferecendo o aconchego que eu tanto precisava.

Literalmente, joguei-me para cima dela. Ficamos bastante tempo assim, comigo chorando ao seu ombro, desabafando a minha tristeza.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora