Cap.54: Vayu, a única exceção

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Anahí soltou uma risadinha.

— Se bem conheço o “acabando” de Vayu, ele deve chegar na hora da sobremesa. — comentou.

— Sem dúvida! Por isso é melhor começarmos logo a refeição. — decidiu Marichelo de forma prática. — Desculpe a falta de consideração de meu filho, Alfonso. Infelizmente, seu trabalho não obedece muito a horários.

— Tudo bem. Sei como são essas coisas, meus horários, às vezes, também são incertos.

— Anahi nos disse que você é ator. — comentou Tejas que em minha opinião tinha um ar meio intelectual, com os óculos redondos de armação dourada.

— Isso mesmo.

— Está trabalhando em algum projeto? — perguntou Apas que, agora tinha reparado, usava uma camiseta amarelo vibrante com detalhes em verde da Seleção Brasileira de Futebol.

Antes que eu pudesse responder, Marichelo interrompeu.

— Vamos conversar à mesa, pois não quero deixar nosso convidado com fome. — ela falou olhando Apas fixamente, voltando-se pra mim com um leve sorriso. — Vamos?

— Permita-me. — ofereci-lhe o braço dando meu melhor sorriso.

Ela aceitou minha oferta sem titubear. Ponto para o Alfonso Herrera!

— Aprendam como se trata uma dama, meninos.  — ela disse ao passarmos por eles indo ao outro cômodo. Impossível não sorrir.

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Meu namorado é tudo! — pensei maravilhada enquanto via Alfonso e mamãe saindo juntos da sala. Bonito e charmoso como um vampiro, usando aquela jaqueta de couro preta, e com seu olhar abrasador.

Nunca conheci alguém mais à vontade consigo mesmo do que o Poncho. Ele era confiante e arrebatadoramente sexy. Ainda por cima, completamente sedutor, capaz de numa única frase conquistar a minha mãe e surpreender meus irmãos com sua perspicácia.

— Daqui a pouco vai ter que usar babador, maninha. — censurou Tejas malicioso.

— A inveja não lhe cai bem, maninho. — rebati.

— Acha mesmo que teria inveja do seu namoradinho, um ator iniciante e mal remunerado?

Senti o sangue ferver ao ouvir os risinhos maliciosos do grupo. Quase todos os meus irmãos foram estudantes acima da média. Eram profissionais bem sucedidos, com vida independente.

Os três mais velhos, sócios numa empresa de criação de softwares, adoravam se gabar do seu sucesso. Vayu, a única exceção à genialidade acadêmica da família Portilla, ainda não estava presente, o que realmente era uma pena.

Além de ser o irmão com a idade mais próxima da minha, era com quem tinha mais afinidade. Não que me desse mal com os outros, porém, o que lhes sobrava em competência intelectual, faltava no lado emocional.

Eram caras legais, mas sempre tão ligados em números, investimentos e tabelas de progressão, que acabava se tornando cansativo até mesmo jogar Banco Imobiliário com eles.

Vayu foi o filho “ovelha negra”. Mesmo que nunca tenha se metido com nada ilegal, até onde eu saiba, foi o único que não se encaixou ao estilo de vida dos outros. Desde criança demonstrou paixão por carros.

Lia tudo a respeito e, para desespero de mamãe, já tinha desmontado o motor do carro dela mais de uma vez durante a adolescência. Depois que terminou os estudos, conseguiu emprego como ajudante de mecânico numa oficina, e adorava o que fazia.

Tinha certeza que, com seu talento e profissionalismo, logo conseguiria algo melhor. Apoiava a escolha de Vayu, porque compreendia que era a profissão que o fazia feliz.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora