Cap.12: Contando o passado

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Mas lembrei de que, embora os olhos que me fitavam fossem da mesma Dulce à minha frente, aquele olhar era de uma "estranha".

Sacudi os ombros e disse:

- Pra mim, tanto faz.

Suspirei e me dirigi ao tapete. Sentamos de frente um para o outro, de pernas cruzadas. Ela procurou colocar um bom espaço entre nós. Sorri. Encaramo-nos e voltei a sentir aquela vibração maravilhosa que fluía entre nós. Eu desconfiava que ela sentisse o mesmo, mas isso devia deixá-la assustada. Infelizmente, Dulce não se lembrava da força da conexão que existia entre nós.

- Conte-me tudo. - pediu cortando o clima.

- De onde você quer que eu comece?

- Do início. Como nos conhecemos? - perguntou visivelmente tensa.

Respirei fundo e comecei a contar a nossa história, desde o primeiro momento em que nos vimos. Procurei descrever com riqueza de detalhes as impressões que tivemos um do outro, explicando quando contava algo pelo meu ponto de vista ou tinha sido dito por ela. Falei sobre a nossa infância e do amor inocente e puro que tinha surgido desde aquela época.

Contei sobre nossa adolescência, do conflito que passou a existir quando amor e desejo viraram uma coisa só; do quanto nos sentíamos culpados pelos nossos sentimentos e de como foi duro esconder o que sentíamos. Às vezes ela interrompia perguntando uma coisa ou outra. Na maior parte do tempo, escutava atentamente.

Falei do momento em que nos revelamos e ela ficou muito surpresa.

- Eu te dei um tapa? - perguntou espantada.

- E dos bons!

- Aposto que você mereceu! - afirmou depois de refletir por um momento.

- Por que diz isso?

- Você é muito atrevido!

- Digamos que, quando se trata de você, meus instintos me dominam. - expliquei sorridente. - Nunca tive muito controle quando o assunto é você. Sempre fico meio desesperado.

Observei que aquilo a desconcertou e que a intensidade do meu olhar a deixava desconfortável. Ela baixou os olhos timidamente, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

- E como eu era em relação a você? - perguntou olhando para as mãos.

- Você quer toda a verdade?

Ela ergueu o rosto, com expressão aborrecida.

- Por que pergunta isso? - indagou franzindo a testa. - Claro que quero saber toda a verdade!

- Mesmo que possa surpreendê-la ou chocar? - perguntei olhando-a firmemente.

Ela me encarou um pouco insegura. Fechou os olhos, respirou fundo e, quando os abriu, parecia que, de tão sólidos, tinham passado da cor castanho claro para âmbar.

- Não importa o que seja, quando fizer uma pergunta, peço que me conte toda a verdade, sem enrolação!

- Está bem. - assenti tranquilo e satisfeito. - Tínhamos uma relação intensa, você era amorosa e apaixonada! Quando eu era obrigado a viajar a trabalho e ficar fora por alguns dias, você me recebia com alegria e saudade. A gente mal via a hora de ficar junto. - fechei os olhos, emocionado com a força das minhas lembranças. - Nosso quarto era nosso mundo. Procurávamos deixar todos os problemas, todos os preconceitos, tudo que nos incomodava, longe daqui. Era onde tínhamos mais liberdade de sermos nós mesmos, onde conversávamos e fazíamos planos.

Olhei rapidamente para nossa cama, antes de voltar a encará-la.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora