Cap.137: Gostei desse chá.

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Pov. Anahí

Os dias seguintes passaram rápido e o Alfonso se recuperava a olhos vistos. Não demorou ser liberado pelo médico e voltar a ter uma vida quase normal, comprometendo-se a fazer algumas mudanças saudáveis como, por exemplo, parar definitivamente de fumar - o que me deixou delirante de felicidade; ao contrário dele, que se tornou um velhinho resmungão naqueles primeiros dias de abstinência.

Minha presença foi se tornando menos necessária, até chegado o dia em que pude voltar para casa. Eu estava muito feliz pelo tratamento ter sido um sucesso e ele ter se recuperando tão bem. Entretanto, ao começar a recolher meus pertences espalhados pela casa dele, percebi o quanto tinha me acostumado com essa situação. Quando fui ao banheiro pegar meus produtos de higiene pessoal, senti um vazio dentro de mim. Só agora me dava conta do quanto tinha me acostumado com essa convivência e percebia o quanto me faria falta. Para minha grata surpresa, nosso trato havia sido harmonioso, foi muito bom comprovar que nos dávamos bem em outros aspectos da vida, além do físico.

Esperei para fazer essa limpeza na casa após ele sair para fazer um exame médico de rotina. Durante algum tempo Poncho teria que tirar radiografias periódicas do pulmão para que o médico acompanhasse seu restabelecimento. Não queria que ele testemunhasse meu estado melancólico, apesar de estar tentando tirar minhas coisas com a rapidez de quem puxa um curativo da pele, infelizmente, com a mesma reação, brevemente doloroso.

Lembrei que tinha deixado algumas coisas na cozinha e fui até lá. Estava retirando a caixa do meu chá favorito, quando a porta se abriu e Samuel entrou. Fiquei imediatamente alerta. Evitara-o com sucesso, desde o dia do acontecido no sofá, limitando nossos contatos a educados cumprimentos formais. E mesmo nesses breves encontros percebia seu olhar insistente.

- De mudança? - perguntou olhando a bolsa cheia que eu carregava.

- Sim. Seu irmão já está praticamente curado. Já posso voltar pra casa. - respondi com a caixa de chá nas mãos.

- O Alfonso está em casa? - questionou olhando ao redor.

- Saiu. Mas volta logo.

Ele usava um terno cinza muito alinhado. Alfonso havia me contado que ele estava terminando o curso de Direito e planejava trabalhar na empresa do pai. Ele e o Alfonso eram realmente muito parecidos fisicamente - a cor dos olhos e a postura agressiva os diferenciava, além, é claro, do caráter duvidoso do Samuel.

Ele estava parado me observando com expressão enigmática e o olhar intenso de sempre. Mas existia algo mais que eu não soube identificar. Tinha que aceitar que era um homem incrivelmente atraente com aqueles olhos expressivos e magnéticos.

- Gostei desse chá. - comentou baixando ao olhar para minhas mãos.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora