Cap.148: Não desista de nós.

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Eu estava sonhando, e sabia disso - porque somente em sonhos poderia estar dançando com a Dulce com toda a desenvoltura que não possuía acordado, rodopiando mais que o Fred Astaire, mais leve que o Gene Kelly. Arrasando!

Ela tinha os cabelos soltos. Usava um vestido vermelho de saia rodada, com cintura bem marcada. O tecido brilhava e se movia sinuosamente enquanto dançávamos a música vibrante. Eu vestia uma camisa branca, calça risca de giz, e girava com a Dulce em meus braços, apertando-a firmemente de encontro ao meu peito. Tocava seu cabelo com meus lábios, aspirando prazerosamente seu perfume delicioso de baunilha. Estávamos num salão de dança todo espelhado, e nosso reflexo aparecia por todos os lados, enquanto luzes piscavam e uma fumaça, como se fosse gelo seco, escondia nossos pés.

- Eu te amo. - dizia no sonho.

- Eu também te amo. - ela respondia. Seu sorriso lindo a fazia brilhar mais que uma estrela. - Para sempre!

Eu não sabia como, mas sentia que aquela Dulce que dançava comigo era a "antiga" Dulce. Talvez fosse a confiança plena que transmitia enquanto eu a abraçava, ou o jeito seguro de me fitar.

Não sabia bem o que, mas tudo nela irradiava tanto amor e certeza de sentimentos, que não tinha dúvidas sobre quem estava comigo.

Continuávamos dançando, girando pelo salão vazio, até que paramos bem no meio e, tal qual nos filmes antigos, olhamos bem dentro dos olhos e nossos lábios se encontraram no mais doce dos beijos. Parecia que nada seria capaz de nos separar, simplesmente pertencíamos um ao outro. Quando nos afastamos, continuamos dançando no mesmo lugar e lentamente senti que aquela estranha névoa ia aumentando.

- Estou indo embora. - sussurrou.

- O quê? - perguntei confuso. - Não, você não pode ir!

- Não quero ir. - vi seus olhos cheios de lágrimas. - Mas estou perdendo as forças, não sei por quanto tempo mais consigo resistir.

- Não vá! - pedi desesperado. - Por favor, não vá!

- Você prometeu! Não desista de mim, não desista de nós! - implorou.

- Nunca!

- Estou esperando você vir me buscar. Onde estou é tão frio e escuro, estou tão cansada.

A névoa agora nos cobria quase completamente, não podia vê-la direito. Senti minhas mãos e meu corpo formigando nos pontos que nos encostávamos. A névoa começou a se dissipar e ela havia sumido.

- Dulce, onde você está? - gritei olhando ao redor. - Volte!

Ouvi sua voz vinda de muito longe.

- A chuva ainda cai, a tempestade não acabou. Diga a ela para olhar para a luz, sempre para a luz!

- Por favor, volte!

- Não esqueça... - clamou antes que sua voz se perdesse no espaço.

Abri os olhos demorando entender onde estava. Tinha anoitecido. Olhei para o teto do celeiro, depois à minha volta e sentei bruscamente. Tudo não tinha passado de sonho. Apenas mais um sonho, pensei frustrado. Foi então que meu olfato detectou algo doce e agradável no ar, um perfume que pairava ao meu redor. Percebi que o aroma estava impregnado em minha pele e por toda a minha roupa.

Saí dali e voltei pra casa, onde o vovô me aguardava preocupado. Depois de explicar superficialmente o que aconteceu, passei por ele para ir ao meu quarto.

- Onde encontrou baunilha, Christopher? - parei na porta enquanto ele fungava o ar.

- No celeiro. - respondi e continuei meu caminho.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora