Cap.132: Vou consertar tudo.

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Então, podia bem imaginar o que estava sentindo ao saber pela boca da própria filha o que tinha acontecido. Suas últimas palavras foram estranhas. E quando perguntei do que se tratava, ele mordeu os lábios como se tivesse dito mais do que devia. Tinha mais coisas acontecendo do que revelava.

- Acho melhor você partir. - respondeu um pouco mais calmo. - Se a Dulce quiser vê-lo e esclarecer as coisas com você, ela irá procurá-lo, não vou impedir. Mas até lá, mantenha-se longe daqui e dela, está entendendo? Pelo menos, respeite seu desejo de ficar longe de você!

Eu não conseguia digerir aquilo, simplesmente não conseguia. Não podia aceitar o fato dela não querer me ver. Estava surtando parado ali, sabendo que ela estava a poucos metros, impedido de me aproximar e, pior, sabendo que essa era a sua vontade. Eu não podia aceitar aquilo, não iria!

- Dulce! - chamei com toda força. - Precisamos conversar! Dulce!

- Pare com essa gritaria agora mesmo! - papai falou olhando temeroso para os lados. - Isso não vai adiantar nada! Quer fazer um escândalo? Chamar a atenção dos vizinhos? Pelo menos dessa vez, pare de se preocupar com seus sentimentos e pense nos dela! Tudo o que ela não precisa agora é ficar mais nervosa, com você fazendo um espetáculo dos seus problemas pessoais!

- Eu não vou deixar as coisas como estão, pai. - prometi decidido. - De um jeito ou de outro, vou consertar tudo!

- Não sei o que vai acontecer daqui pra frente, Chris. - afirmou me encarando duramente. - Mas é bom entender que certas coisas, uma vez quebradas, não têm conserto. Não estou dizendo que este será o seu caso. Mas quero que esteja preparado para receber e aceitar o que vier, seja qual for a decisão dela. Agora vá e aproveite o tempo que tem pensando na incrível burrada que fez. E prepare seu discurso, porque, com certeza, terá que ser muito bom para convencê-la a perdoar algo assim.

Dizendo isso, girou o corpo, deu-me as costas, entrou e fechou a porta. Fiquei ali, estarrecido. Olhei a mala e o violão à minha frente e não conseguia me mexer. Minha mente em confusão, tentando assimilar aquela estranha realidade.

A impressão era que tinha acordado dentro desse estranho universo paralelo, onde coisas impossíveis aconteciam, coisas como acordar nu ao lado da Paola, saber que sua esposa tinha dado um flagrante em sua suposta noite de adultério e, agora, ser expulso de casa sem ter a mínima oportunidade de defesa.

E o pior de tudo, sem saber ao certo como me defender ou mesmo se havia defesa. Suspirei tristemente. Estava só, perdido, vazio. Ficar sem a Dulce era como estar pela metade, como se todo o oxigênio ao meu redor tivesse desaparecido.

Estar sem ela me deixava desorientado, sem saber aonde ir e o que fazer. Por fim, numa reação automática, meus pés se moveram, peguei minhas coisas e comecei a me afastar dali. A cada passo, sentia meu coração ficar mais e mais pra trás, até que já estava tão distante, que havia deixado de ser eu a andar.

Restava uma casca vazia, uma sombra. A neve recomeçou a cair me envolvendo em seu branco manto. Não sentia o frio, nada se comparava ao gelo dentro de mim. Minhas pernas se moviam em marcha lenta. Olhava para frente, mas nada via.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora