Cap. 97 & 98: Ela não significa nada pra mim/A maçã da Branca de Neve.

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Galera houve uns problemas técnicos, por isso vou postar 2 capitulos em 1.
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- O quê?

- Até agora tenho te defendido, Christopher. - falou com calma. - Desde que aconteceu o acidente, sempre que conversei com Dulce a seu respeito, encorajei que ela se aproximasse de você, que te desse uma chance, um voto de confiança.

- E sempre serei grato por isso, pode acreditar! - afirmei enfaticamente.

- Eu sei. Só que para continuar te defendendo, preciso saber uma coisa. - disse muito séria. - Você teve, tem ou pretende ter qualquer envolvimento com a Paola?

- Lógico que não! Essa garota não significa nada pra mim. Pode acreditar!

- Acredito em você. Só queria confirmar sua posição nessa história, porque se vou colocar o meu na reta e defender você, tenho que sentir que não estou defendendo uma causa perdida ou apoiando uma mentira.

- Fique tranquila, só existe Dulce na minha vida. Confie em mim!

- Vou confiar. - falou num tom de advertência. - Mas deixa te dizer mais uma coisa: até certo ponto, entendo porque Dulce ficou tão contrariada, essa Paola está abusando!

- Concordo. Mas eu já tinha explicado pra Dul que vou devolver tudo amanhã, quando encontrar a Paola na cidade que vamos nos apresentar.

- Entendi. Olha, farei o que posso. Já estou chegando à escola. Depois a gente se fala.

- Ok. Obrigado mais uma vez!

- Disponha. - e riu antes de desligar.

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Chorei por todo o caminho até chegar à escola. Enxugava as lágrimas com as mãos, andando quase sem enxergar, guiando-me mais pelo hábito de seguir aquele caminho diariamente. Meus pés me conduziam sem que eu os sentisse.

Passei pelos outros alunos de cabeça baixa e sem parar pra falar com ninguém. Já estava quase na sala de aula quando alguém segurou meu braço.

- Espera, amiga! - era Anahí. - Vamos sair daqui.

- O quê? - olhei surpresa. - Como assim?

- Vamos matar esse tempo de aula, ok? Precisamos conversar. - explicou.

Não estava mesmo com humor para assistir aula. Mexi a cabeça concordando e deixei que me puxasse pela mão. Seguimos pelo corredor, viramos e começamos a subir as escadas, até chegarmos ao último andar, que costumava ser proibido aos estudantes.

Fomos muito cautelosas para chegarmos até ali. Atravessamos rapidamente o corredor. Anahí abriu uma porta e entrou rápido, puxando-me com ela. Vi que estávamos num terraço.

- Como você descobriu esse lugar? - perguntei, reparando os prédios que se perdiam à distância.

- Esse é o meu esconderijo quando preciso fugir um pouco. - respondeu, chutando algumas pontas de cigarro.

Observando ao redor, pela quantidade, provavelmente, era ali que todos os fumantes da escola se reuniam. Mas eu sabia que fugir para fumar não era o caso de Anahí. Devido ao seu famoso Q.I., não era incomum ela escapar de algumas aulas que já sabia estar dominando a matéria.

- Dulce, eu já sei de tudo. Christopher acabou de me ligar. - contou mostrando seu celular.

Senti meu estômago se torcer de nervoso.

- E o que ele disse? - perguntei aflita.

- Ele está preocupado com você, mas isso não tem importância. - falou com segurança - Quero ouvir o seu lado da história.

- Eu... eu... - comecei a gaguejar. - Eu perdi a cabeça, Anahí! E agora Christopher me odeia!

Abaixei a cabeça cobrindo o rosto com as mãos e recomecei a chorar aos soluços.

- Calma, amiga. - passou seu braço pelos meus ombros. - Chore bastante, se é disso que você precisa. Mas, acredite, Chris não te odeia.

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Continuei chorando de forma incontrolável, não conseguia parar. Estava com tantos sentimentos explodindo no peito: ódio da Paola, mágoa do Christopher, vergonha da minha explosão inconsequente, mas acima de tudo, tinha um medo horrível de ter perdido a coisa mais importante da minha vida, o amor dele.

- Ele deve me odiar agora! - desabafei. - Ele não vai me perdoar!

- Você está enganada, ele te ama e quer muito te ver! - falou com segurança.

- No lugar dele, nunca mais ia querer olhar na minha cara!

- Não se recrimine tanto. Você teve suas razões. Se fosse comigo, acho até que teria feito coisa pior. - falou sorrindo levemente. - Olha, essa Paola quer isso mesmo, desestabilizar a relação de vocês, jogando o pomo da discórdia. O Christopher te ama e não quer nada com ela. Com certeza, isso a irritou. Agora, a inveja e a cobiça a fizeram usar dessa artimanha dos presentinhos. Uma jogada esperta, devo admitir. Aparentemente inocente, porém, cheia de segundas intenções. Pode acreditar, cada presente que ela enviou era igual à maçã envenenada da Branca de Neve: linda por fora e mortal por dentro.

- E agora, o que eu faço? Como vou encarar o Christopher depois disso tudo?

- Isso é fácil, deixa comigo!

Ela me soltou e, muito animada, apertou uma tecla do seu celular. Não tive tempo de impedi-la.

- Você pode vir buscar Dulce agora? - falou com alguém. - Ótimo, estaremos esperando no portão.

- Você não estava falando com ele, estava? - perguntei desconfiada.

- Com o próprio! E ele suspirou de alívio quando pedi que viesse.

- Ah, Any! Estou tão nervosa! O que eu faço? O que eu digo?

- Primeiro, respire fundo. - disse enquanto pegava alguma coisa na mochila, estendendo-me lenços de papel. - Agora pegue isso, assue o nariz e enxugue os olhos, e fale pro Chris o que estiver no seu coração. Ele vai ouvir e entender. Sabe por quê? Porque ele te ama e só quer você.

Fiz o que ela me pediu, respirei profundamente tentando me acalmar. Consegui parar de chorar, mas não conseguia parar de tremer. Tremia enquanto saíamos dali. Tremia ao descer as escadas. Tremia quando já estávamos do lado de fora aguardando no portão.

Pouco tempo depois ouvimos o som de uma moto se aproximando. Olhamos, e logo vi que era ele chegando. Senti tudo começar a rodar, como se o chão fugisse aos meus pés. Instintivamente, segurei no braço da Anahí.

- Fica calma. - ela franziu a testa. - Nossa! Como você está pálida, Dulce!

Vi um borrão prateado parando à minha frente. Vi alguém saltando daquele borrão e tirando outro borrão da cabeça. Nessa hora, senti os joelhos falharem.

- Dulce, você está bem? - ouvi Anahí perguntar preocupada, mas sua voz parecia vir de bem longe.

Quando o Christopher, numa versão da pintura impressionista de Van Gogh, parou à minha frente, vi tudo ficar escuro e apaguei.

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- Chris, ela está caindo! - gritou Anahí desesperada.

Sorte que eu estava próximo o suficiente e consegui agarrá-la antes que desabasse no chão.

- O que aconteceu? - perguntei apavorado, com Dulce no meu colo.

- E... eu não sei! - gaguejou. - Ela estava muito nervosa, conversei com ela, tentei acalmá-la, ela parou de chorar. Viemos pra cá. De repente ela ficou muito pálida e... e... desmaiou.

- E agora? - perguntei desesperado, olhando para os lados.

- Ela anda muito cansada, vive dormindo em pé. Tenho certeza que está anêmica e nem tomou vitaminas!

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora