Cap.135: Pode crer!

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Depois que escutamos a porta da frente bater, Alfonso e eu nos sentamos na cama, ainda sem conseguir acreditar no que tinha acabado de acontecer.

— Vou embora. — anunciei depois de passado certo tempo pensando. — Não quero ser motivo de desentendimento entre vocês dois.

— Esquece isso, Anahí disse essas coisas porque está chocada e nervosa, mas vou conversar com ela, tentar explicar. Você não tem que sair.

— Tenho sim, basta a confusão em que me meti. Não quero criar mais problemas, já tenho consciência culpada o suficiente! — declarei nervoso, passando a mão pelos cabelos. — Além disso, você está doente e precisa da ajuda dela e de sua família. Vou para um hotel. Ligue para a Anahí e a peça que volte.

Ele voltou a insistir que aquilo não era necessário, mas eu sabia que não poderia ficar ali, colocando em risco o primeiro namoro sério que o Poncho tinha em anos. Então fui para um hotel e me isolei do mundo.

Os dias se passavam numa lenta agonia. Diariamente, tentava ligar para o celular dela, que continuava caindo na caixa postal. Tentei ligar para casa na esperança de que ela atendesse, mas só caia na secretária eletrônica. Fui até a sua escola. Tinha esquecido que, como só faltavam duas semanas para o Natal, estavam em período de férias. Na Companhia de Dança, informaram que ela não estava mais frequentando. Esgotadas as opções, fiz a única coisa que me restava, tranquei-me no quarto e curti a maior fossa de toda minha vida.

Dia após dia, eu não conseguia tirar a Dulce da cabeça. Minha mente funcionava assim: acordava de manhã, Dulce; escovava os dentes, Dulce; beliscava uma porcaria qualquer para comer, Dulce; voltava pra cama e me cobria até a cabeça na esperança de que um dia aquilo ia passar, Dulce... E assim se seguia o dia todo. À noite, quando adormecia, vã era a esperança de que fosse ter algum alívio.

Quando dormia, tudo se tornava pior. Sonhava. E adivinha com quem? Os sonhos eram tão intensos e vívidos, que ela realmente parecia estar ao meu lado. Via o seu sorriso, sentia sua pele, cheirava os seus cabelos, provava do gosto da sua boca, ouvia sua risada, rolávamos na cama e… acordava. Abria os olhos na madrugada, sentava na cama, olhava ao redor e descobria que era tudo ilusão. Então voltava a deitar. Fechava os olhos com força, querendo adormecer rápido para voltar ao meu mundo de sonhos onde ela esperava por mim. Cara, um homem apaixonado e largado é um ser patético. Pode crer!

Não sei qual a pior tortura, ficar acordado pensando nela ou sonhar com ela a noite toda! — pensava angustiado.

No final daquela semana, alguém bateu à porta. Nem me importei de levantar. Devia ser o serviço de quarto trazendo o lanche que havia pedido. Continuei deitado de costas para a porta e pedi que entrasse.

Geralmente eles deixavam a bandeja em cima da mesa e saiam. Estranhei quando ouvi alguém pigarreando.

— Pode falar. — falei sem me virar, em total apatia. Ouvi outro pigarro.

— O que foi, por acaso o gato comeu sua língua? — perguntei entediado. Mas o que ouvi me fez pular mais que gafanhoto.

— Prefere que eu volte outra hora? — perguntou uma firme e fria voz feminina.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora