Cap.133: Mi casa, su casa.

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Nada escutava. Sentia que respirava porque o peso que carregava me obrigava a fazer um esforço físico redobrado e respirar pesado. Minha mão doía, mas não me importava. Aquela dor era bem vinda. Não era nada comparada a dor que estava sentindo na alma. Essa dor, sim, pela intensidade, faria com que gritasse tão alto que acordaria até os mortos.

Sem perceber, fui para o único lugar que acreditava ainda ser bem recebido. Estava tão imerso na dor que não percebi que já havia chegado. Fiquei parado diante da porta fechada, olhando para frente, como se fosse abrir por mágica, esquecendo totalmente que tinha que apertar a campainha ou bater à porta.

Depois de ficar ali um tempo considerável, finalmente, percebi que a porta não abriria sozinha, nem se falasse palavras mágicas como "Abre-te, Sésamo!". Estiquei o braço, apertei a campainha e aguardei. Pouco depois a porta se abriu.

- Christopher, que surpresa! - surgiu Marichelo, com expressão gentil. - Não sabia que já tinha voltado. Há quanto tempo está aí? Você está coberto de neve! Vamos entrar!

Entramos no ambiente quente e agradável. Só então pude comparar o quanto estava gélido lá fora. Ela olhou curiosa a bagagem que depositava no chão e me perguntei o motivo da mãe da Anahí estar ali.

- O Alfonso está?

- Sim, ele está deitado em seu quarto. Tem estado de repouso por ordens médicas, devido a uma forte pneumonia. - respondeu simpática.

- Pneumonia? Ele está bem? - perguntei surpreso com seu estado.

- Está bem melhor, os remédios estão fazendo efeito e está se recuperando. Eu e a Anahí temos nos revezado nos cuidados com ele. Ela estava aqui há pouco, mas recebeu uma ligação da sua casa e teve que sair para ver a Dulce. Então fiquei no lugar dela.

Fiquei apreensivo diante do que ouvi. Com certeza, nesse momento, Anahí já devia saber toda a história.

- Posso falar com o Alfonso? - perguntei ansioso.

- Claro, ele está acordado. Pode ir. Conhece o caminho.

Parei na porta do quarto e dei uma pancadinha para me anunciar. Poncho estava deitado, com as costas e cabeça apoiadas em alguns travesseiros, o corpo aquecido por um bom cobertor. Não me parecia doente, sua cor estava boa, saudável.

Com certeza, reflexo do cuidado dobrado da família Portilla. Ele levantou a cabeça do livro que estava lendo. Vendo-me, sorriu e estendeu a mão em cumprimento.

- Chegou de viagem agora? - perguntou alegre, apontando a cadeira para que me sentasse.

- Mais ou menos.

- Como assim?

- Fui primeiro lá em casa, mas não pude ficar.

- Não pode? - perguntou franzindo a testa. - O que aconteceu?

Dei um suspiro e abaixei a cabeça.

- Não tenho mais pra onde voltar, Alfonso. - respondi falando baixo. - Fui expulso de casa pelo meu pai.

O espanto em seu rosto se refletiu no tom de sua voz.

- Você o quê? - falou de forma exagerada. - Por quê?

- Ele acredita que sou adúltero. - respondi constrangido. - E pelo que percebi, a própria Dulce pensa assim também.

Seguiu-se um profundo silêncio, carregado de perguntas ansiosas e respostas envergonhadas que não foram verbalizadas. Alfonso me olhava perplexo.

- Cara! Você tem que me contar tudo! - pediu preocupado.

Iniciei meu inacreditável relato, desde o momento da viagem até como tinha ido parar ali, sem saber o que fazer e nem para onde ir.

- Meu chapa, que loucura! Nem precisa pedir, pode ficar aqui o tempo que precisar! O sofá da sala não é lá essas coisas, mas, como dizem os mexicanos: mi casa, su casa!

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora