Cap.153: Não chore anjo.

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Pov. Chris

Eu não sentia nada. Não sentia os meus pés, braços, pernas ou tronco. Parecia pesar uma tonelada. Não tinha forças para mover um músculo. Devagar, comecei a ouvir uma voz que parecia vir de muito longe e estava me chamando. Queria abrir os olhos e responder que estava tudo bem, que não precisava temer, mas eu não conseguia dizer ou fazer nada.

A voz que me chamava era tão linda, que logo imaginei ser um anjo enviado para me levar ao céu. Procurei me concentrar naquela voz suplicante e percebi que o anjo chorava. Senti lágrimas delicadas caindo em meu rosto e tive vontade de dizer: "Não chore, anjo! Está tudo bem! Ficarei bem desde que esteja onde você estiver".

Senti um toque macio e quente sobre meus lábios, uma carícia suave e delicada. Lábios perfeitos tocavam os meus, no mais puro dos beijos. Só podiam ser lábios celestiais, não havia outra explicação pra tamanha leveza. À medida que o beijo prosseguia, senti que voltava à vida. Respirei profundamente e fiquei maravilhado. Tinha acabado de sentir cheiro de baunilha, o anjo cheirava a baunilha. Então, estava confirmado, estava no céu!

Com esforço, tentei corresponder ao beijo com a mesma suavidade. Mexi ligeiramente os lábios enquanto meu corpo começava a reanimar. Quanto mais eu beijava aquela boca e aspirava o doce perfume, mais necessidade disso sentia. Consegui erguer uma mão e, tateando, encontrei cabelos macios. Agarrei-me a eles tentando prender aquele anjo junto a mim. Mas ele se afastara e quase gemi de frustração. Abri os olhos e vi o rosto do meu anjo. Era o rosto do meu amor. E nada mais importava.

Falei a primeira frase que me veio à mente. Ela sorriu. Parecia estar aliviada.

- Você está bem? - perguntou preocupada. - Está sentindo alguma dor, quebrou alguma coisa?

Resolvi checar antes de responder. Mexi lentamente o corpo todo e não senti nada errado, estava inteiro. Olhei para a Dulce e toquei seu rosto com minha mão.

- Estou bem. - murmurei. - O que aconteceu?

- Não lembra? Você desmaiou depois que te contei sobre... o bebê. - respondeu baixando os olhos.

Comecei a lembrar de tudo. As imagens chegando a minha mente. Senti-me muito estúpido por ter desmaiado. Depois veio a agitação. Tinha acabado de receber uma das notícias mais importantes de toda minha vida: eu iria ser pai! Lembrei dos sintomas estranhos que a Dulce vinha sentindo no último mês, aquela fraqueza e o sono constantes, alguns enjoos, súbitas mudanças de humor, sem falar no aumento do apetite sexual. Como pude ser tão cego? A verdade estava à minha frente todo o tempo! Como fui tolo!

- Ai, meu santinho! - exclamei sentando bruscamente, assustando-a um pouco. - Você está grávida! Ai, meu Jesus! Você vai mesmo ter o nosso filho! Ai, meu Deus! Eu te amo!

- Você não está... zangado? - perguntou com os olhos arregalados.

- Por que estaria zangado? - indaguei fazendo uma careta.

- Bem, pensei que você pudesse me achar culpada pelo que aconteceu e... - segurei sua mão e olhei firme em seus olhos. Ela se calou.

Tive que interromper sua explicação. Não deixaria que a Dulce prosseguisse nessa linha de pensamento.

- Você não fez esse filho sozinha. - afirmei tranquilo. - Você não é a única responsável. Se houve algum descuido, com certeza, não foi só seu. Foi meu também. E se agora temos que enfrentar essa linda consequência, faremos juntos, você e eu.

Imediatamente percebi seu rosto se suavizando, seus olhos se tornando menos preocupados e um sorriso tímido esboçar em sua boca. Pura felicidade invadiu meu peito. Eu iria ser pai, pai de um filho feito com todo o amor que sentia por aquele anjo-mulher. E mesmo a notícia sendo um tanto precoce e assustadora, me sentia, sem vergonha nenhuma, o homem mais feliz da face da Terra.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora