Cap.169: Além do arco-íris.

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Pov. Any

— Não vai me dizer que, além da frescura com o calor, também tem medinho de fantasma! — zombou.

— Mãe, você realmente se supera a cada segundo. — criticou ácido. — Vem, Anahí! Vamos olhar o resto da casa. E vou logo avisando que não vou dormir no quarto da velhinha!

Um pouco constrangida por ficar presenciando esse estranho relacionamento entre mãe e filho, segui Alfonso. Os outros cômodos se revelaram com o mesmo aspecto mal cuidado, com móveis empoeirados e cortinas fabricadas no século passado. O que era uma pena, pois acredito que, passando por uma boa reforma, a casa ficaria com um aspecto bem romântico. Além da ampla sala, descobrimos dois quartos, dois banheiros com água quente, cozinha e lavanderia. Então, até que não era tão mal. Abrimos todas as janelas para que a luz e o ar fresco entrassem, arejando o ambiente.

Deixamos nossas coisas no quarto, que na opinião do Alfonso “não cheirava à velhinha morta” e resolvemos dar uma olhada ao redor.

Enquanto ele foi ao banheiro, fui até o quintal. E finalmente encontrei algo de bom naquele cenário macabro. A piscina era fantástica, grande e cheia de água azul e convidativa. Fiquei feliz ao perceber que tinham-na deixado preparada para o uso. Estava distraída, passando levemente um pé na água, quando, do nada, Alfonso surgiu por trás, me pegando no colo e pulando na piscina comigo, de roupa e tudo. Nem tive tempo de reclamar!

— Banzai! — gritou antes de explodirmos dentro d’água.

Eu tossia quando emergimos.

— Em guarda, Lancelot! — falei jogando água em seu rosto. — Eu o desafio! Se perder, todo o planeta ficará sabendo do seu segredinho.

— Jamais! — revidou decidido. — E se eu ganhar? O que recebo?

Seu rosto transparecia toda uma gama de emoções, ele conseguia ser o menino peralta em busca de uma infância desperdiçada, assim como o homem consciente do poder fatal de seu charme.

Observei a água que pingava de seus cabelos escuros, a camiseta molhada que grudava no tórax perfeito e os olhos de um verde profundo, salpicados de violeta, que refletiam tanta confiança, alegria e amor. Eu faria tudo por ele, qualquer coisa. Eu tinha até medo da intensidade de meus sentimentos. E exatamente por temer o descontrole, sabia que não devia ceder demais. Não por temer me machucar, mas por temer criar uma dependência tal, que não soubesse mais viver sem ele.

— O que receberá? — falei com meu melhor sorriso. — Terá que se contentar com meu silêncio e nada mais.

Seu olhar me percorreu com lentidão deliberada, como um lembrete silencioso de que eu tinha mais a oferecer. Agarrei-me com unhas e dentes a minha força de vontade. Sim, muitas vezes me permitia dar vazão aos meus sentimentos e desejos, mas como dizia minha mãe, não ser fácil faz parte da arte de ser mulher.

— É pegar ou largar. — sentenciei.

— Então... que seja. — acatou com humor na voz grave.

Começamos a fazer uma verdadeira guerra aquática, rindo e pulando. Contudo, não foi surpresa ver quem ganhou, já que pela altura dele fui arrasada.

— Chega, eu me rendo, me rendo! — gritei, enquanto ele não parava de me inundar.

Com um brado de vitória, ele parou e passei a mãos pelos olhos, retirando o excesso de água para conseguir enxergar direito. Levei um susto quando senti seus braços me envolverem.

— Agora quero o prêmio de vencedor! — exigiu me abraçando com força.

— Ei! Não foi o que combinamos! — reclamei tentando afastá-lo, sem sucesso. — Isso é trapaça!

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora