Cap.27: Um lampejo de memória

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- E nada disso é sua culpa. Então, não seja dura demais consigo mesma, não é justo.

- Droga! Pare de ser bonzinho comigo! - reclamei nervosa - Não mereço esse tratamento! Não sei bem qual o propósito de me trazer aqui, mas, com certeza, já percebi que ele foi frustrado. Vamos! Esbraveje, pragueje, grite, dê meia volta e vá embora! Por que simplesmente não desiste e segue sua vida? Estou cansada disso, dessa tensão permanente entre nós, dessa constante expectativa por algo que talvez nunca retorne.

Terminei meu pequeno discurso raivoso com lágrimas nos olhos. E fiz força por não derramá-las. Estava cansada de ser o elo mais frágil nessa estranha relação fraterno amorosa. Christopher abaixou a cabeça, seu semblante estava triste. Olhou para as lápides.

- Sim, você está certa. - assentiu, para minha surpresa. - Talvez nunca voltemos a ser o que fomos. Essa é uma possibilidade que me vejo obrigado a encarar todos os dias. Mas acredito que a vida é uma estrada com várias bifurcações, podemos ser surpreendidos numa esquina qualquer. E, se escolho seguir pelo caminho que me leva até você, não tenha a ilusão de que o faço apenas por motivos nobres. Tomo essa decisão porque amo demais a vida e pretendo que ela seja tão longa quanto possível.

- Não compreendo. - falei confusa - Como me escolher prolongaria sua vida?

Virou-se na minha direção e seus olhos, muito castanhos, me queimaram com a intensidade que vi refletida neles.

- Desistir de você seria suicídio. - ele se aproximou, parou bem à minha frente e colocou a mão direita sob o lado esquerdo de seu peito. - Meu coração não bate mais aqui, porque agora ele pulsa fora do meu corpo. Ele tem uma nova morada. - e dizendo isso, tocou-me suavemente com a ponta dos dedos. - Bem aqui.

Seu toque nada mais era do que um simples roçar, mas estremeci quando sua mão pousou onde meu coração palpitava frenético.

- Com você, compreendi os conceitos de onipresença e onipotência. Uma batida do seu coração é a sinfonia do universo.

Então senti minha mente invadida por um lampejo de memória, como se uma mão invisível entreabrisse o véu do esquecimento sob o qual eu vivia encoberta, permitindo enxergar por entre suas dobras.

A imagem foi tão vívida, que foi como se tivesse sido transportada de um lugar para outro em milésimos de segundos. O céu acima de mim não estava mais cinza, podia ver o sol que se punha no horizonte, enchendo o firmamento de rosa e dourado.

Podia sentir na brisa o cheiro da maresia e, sob meus pés, a areia fofa e morna. Contudo, o mais importante era que eu olhava aquele mesmo rosto que me fitava poucos instantes atrás, com o mesmo olhar intenso, e, ao invés de tristeza, estava carregado de doçura e emoção.

Vi-me erguer a mão, como ele tinha acabado de fazer, e toquei seu peito, antes de dizer:

- "Enquanto meu coração bater, enquanto eu respirar, vou amar você. E saiba que nunca esquecerei este dia, porque, agora, nossos corações são um."

Rápido como veio a imagem se foi, ficando desfocada, perdida num vórtice. Fiquei tonta, fechei os olhos, meus joelhos fraquejaram e se dobraram.

- Dulce! - Christophe gritou ao me amparar.

Caí de joelhos na grama e ele se agachou à minha frente, segurando-me.

Caí de joelhos na grama e ele se agachou à minha frente, segurando-me

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- O que aconteceu? - perguntou preocupado, a voz tensa.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora