Cap.154: Acredito em você, posso perdoar, mas...

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- Dulce, sei que o que viu foi chocante e terrível. Posso imaginar sua dor. Eu entendo sua mágoa e a sua decepção. Mas, por favor, peço que me escute, prometo ser honesto com você. Prometo não esconder nada. Só peço uma chance para me explicar.

Seu rosto estava tenso, mas acenou afirmativamente com a cabeça, passando a língua entre os lábios, evidentemente nervosa. Suspirei profundamente e comecei.

Contei tudo o que me lembrava daquela noite, não omiti nada. Falei desde o momento que tinha chegado ao hotel, até a conversa que tinha tido com a Paola ao acordar na manhã seguinte. Nessa parte da história vi o rosto dela perder a cor e pensei em parar, mas ela sacudiu a cabeça pedindo que prosseguisse e assim o fiz. Quando terminei, tive a estranha sensação de que tinha tirado uma tonelada de esterco de cima dos meus ombros. Finalmente havia despejado tudo e, embora estivesse amedrontado, sentia-me surpreendentemente livre.

Terminei e aguardei sua reação, Dulce voltou a olhar para o chão, pensativa. Levantou de repente e achei melhor seguir seu exemplo. Ela começou a andar de um lado para o outro, com expressão muito concentrada. Fiquei assistindo, impaciente e desesperado. Quando tentei falar alguma coisa, ela parou, apontou o dedo pra mim e disse com veemência:

- Deixe-me pensar! - e recomeçou a andar, fiquei calado e esperei.

Depois de algum tempo, que mais pareceram décadas, ela parou de andar. Vendo Dulce com as pernas entreabertas, as mãos na cintura e cabeça erguida, olhando para mim, tão séria e concentrada, quase desmaiei de novo, por pura ansiedade.

- Acredito em você, acredito que foi sincero, acredito na sua versão. - falou pausadamente. - Acredito em sua dor, no seu amor e no seu arrependimento, acredito que não tenha tido intenção de me ferir. Acredito que não sinta nada por aquela mulher e que não queira nada com ela, acredito que não estão juntos. Enfim, acredito em tudo.

Agora era para eu saltar de alegria, rir de felicidade, pegar a Dulce no colo e sermos felizes para sempre, não é mesmo? Porém, o modo como ela me olhava não encorajava nem um pouco essa atitude. Eu podia sentir alguma coisa muito séria oculta por trás de suas palavras.

- Existe um "mas"? - perguntei incentivando que prosseguisse.

- Mas... - ela pegou meu gancho. - Isso não apaga o que aconteceu. Lembrando ou não, querendo ou não, você foi parar na mesma cama que aquela mulher. E por não lembrar, a dúvida permanece. Não sei se você foi realmente fraco e acabou cedendo aos encantos dela.

- Existe um "e"? - perguntei engolindo seco.

- E... - ponderou visivelmente triste. - Não sei se consigo conviver com isso, com essa dúvida permanente, como se uma espada pairasse sobre nossas cabeças, pronta pra nos degolar. Não sei se tenho forças pra isso, Chris.

- Mas você me ama, não é? - perguntei aflito. - Você acabou de dizer que acredita em mim.

Então, se acredita, não pode me perdoar e esquecer?

- Você está certo. Eu te amo. E como acredito em você, posso perdoar. Mas quanto a esquecer...- parecia não conseguir prosseguir.

Eu criei coragem, me aproximei, segurei suas mãos entre as minhas e olhei em seus olhos.

- Isso não basta? - perguntei sério. - Não basta que a gente se ame, que se importe um com o outro, que se queira bem?

- Eu te amo e realmente me importo com você. Me preocupo com seu bem estar e com a sua vida. Porém, algumas vezes, isso não é o bastante. Para que uma relação dê certo é imprescindível a confiança, e a minha em você foi seriamente abalada.

Mais Que Irmãos - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora