Patricia
Peguei o crachá e fui caminhando até o quarto em que Tarcísio estava. Eu bati na porta e entrei vendo ele lendo um jornal.
- Cheguei na hora certa? - Perguntei e ele concordou deixando o jornal de lado.
Eu caminhei até ele e segurei firme a mão dele.
- Como você tá? - Tarcisio perguntou.
- To bem sim, e você? Sentindo alguma dor? - Perguntei.
- Um pouco ainda. Os médico disseram que dependendo semana que vem posso voltar para casa, mas ainda em repouso. - Tarcísio disse. - Mas eu quero mesmo é voltar a trampar. Cara, eu preciso estar na invasão da Maré. - Ele disse e eu concordei.
- Relaxa, acredito que até lá você vai estar melhor. Gilberto vai esperar a Viviane voltar da cidade dela de férias, e ai sim invadimos. - Falei.
- Você falou com ela? - Tarcísio perguntou e eu neguei. - Você sabe se ela realmente foi pra Mato Grosso? - Ele perguntou.
- Certeza, ela disse que iria! - Falei e ele concordou.
*****
Voltando pra casa eu resolvi passar no apartamento da Viviane. Eu parei na frente e fui até o porteiro.
- Oi, eu queria falar com a Viviane, apartamento 105. - Falei e ele concordou ligando para o apartamento.
Tocou, tocou, tocou...
- Eu acredito que ela não esteja, o interfone só toca. - O porteiro disse.
- Você viu ela sair? Com malas... - Falei.
- Não vi dona, meu turno é a parte da manhã e não vi ela entrar e nem sair! - o porteiro disse e eu concordei.
Eu fui caminhando até o carro e comecei a mandar mensagens pra ela. Só dava um risco, eu tentei ligar, uma, duas e nada.
Eu deixei de lado e voltei pra casa.
Mal entrei e dei de cara com Manoel assistindo um filme qualquer. Eu me joguei no sofá e ele me olhou.
- Qual é o problema dessa vez? - Ele perguntou me olhando.
- Viviane sumiu, disse que ia pra cidade dela e nem mensagem e nem ligação atende. - Falei.
- Certa ela, ela não queria negada do trampo na orelha dela até nas férias. - Manoel disse.
É por esse lado ele tem razão.
Eu levantei indo direto pro banho e fiquei ali pensando...
*****
Viviane
Eu tava mesmo era cansada, eu queria andar.
- Belo... - Chamei ele e ele levantou o olhar. - Posso ir pro banheiro? - Perguntei.
Ele levantou e chegou perto de mim.
- Cara, se tu vacilar comigo, eu não vou legal contigo não! - Belo disse e eu assenti.
- Eu prometo que não vou! - Falei e ele assentiu.
Ele tirou uma algema de um lado, e foi tirando do outro lado. Minhas mãos estavam soltas, senti aquele alívio. Minhas pernas ainda estavam amarrados. Belo foi me puxando pra fora do quarto, comecei a encarar aquele corredor que tinha. Ele me colocou dentro do banheiro e eu tranquei. Eu comecei a olhar cada parte daquele banheiro.
Ouvi Belo falar com alguém e fui abaixando meu shorts e sentei na privada soltando todo o xixi que habitava dentro da minha bexiga.
Levantei enxugando e fui levantando o meus shorts. Comecei a procurar um sabonete ali e nada. Passei água e abri a porta vendo que Belo não estava ali na porta. Eu fui caminhando até o corredor e...
- Perdeu o caminho do quarto é? - Ouvi uma voz grossa atrás de mim.
Eu me virei e vi Zeca.
- Isso é crime sabia? Cárcere privado é de quatro a oito anos! - Falei e ele nem seu ligou.
Me pegou pelo braço e foi me puxando até aquele quartinho. Ele me jogou em cima da cama e foi trancando a porta.
- Belo é muito bom contigo, não sei como. Por mim eu te enterraria viva otária! - Zeca disse.
Se isso era pra me atingir, meu Deus, não to nem dormindo...
- Zeca na boa, eu te falei tudo. A gente ia invadir sim, mas ainda não tinha data, Gilberto tava planejando tudo. Quer o que mais? O tipo sanguíneo de cada um? - Perguntei.
Ele veio me algemando na de novo, eu nem rebati, ia ser pior.
- Quero saber quando vão invadir, qual é o plano e tudo mais! - Zeca disse de braços cruzados e cara fechada.
- Não sei, eu to sem meu celular, de férias, sem contato algum com alguém lá de fora! - Falei como se fosse óbvio.
- Quero que tu descole com eles como que vai ser a invasão! - Zeca disse e eu neguei.
- Tu tem noção do que tu tá falando? Se ficam sabendo de tudo isso, eu perco meu cargo pra sempre. - Falei negando.
Ele levantou os braços em deboche.
- E daí? O problema é totalmente teu parceirona, tu devia ter esquecido desse bagulho e viver normalmente tua vida! - Zeca disse e eu neguei.
- Duzentos e cinquenta mil é uma boa grana pra pegar tua cabeça sabe... Não queria desperdiçar essa oportunidade! - Falei e ele arqueou a sobrancelha me olhando sem entender.
- Que papo é esse? Tem até recompensa com meu nome? To famoso em! - Ele disse. - Ô Cavalcanti, seja uma boa menina, ai sim eu vou ser bacana contigo, mas primeiro quero que tu tire a porra da senha desse radinho! - Zeca disse vindo com o meu celular.
- Pra que? - Perguntei.
- Te interessa não pô, bagulho é meu agora! - Zeca disse desbloqueado com o meu dedo e indo nos bagulhos pra desbloqueio.
Tirei todo tipo de bloqueio, entrei no dados e começou a chegar uma rempa de mensagens.
- Quem é Patricia? - Ele perguntou.
- Colega de trabalho! - Falei seca.
Ele começou a digitar no meu celular.
- E tu sabe escrever? - Falei baixo rindo pelo nariz.
Ele me olhou e negou com a cabeça.
- Não, eu me formei em ciências contábeis sem saber escrever. Se fode mina, tu acha que bandido não tem formação não? - Zeca disse e saiu do quarto batendo a porta.
Ala, o primeiro bandido com formação em alguma coisa.
• aperta na estrelinha •
Permita-se ❤️
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Um amor além da lei
Teen FictionDois mundos diferentes, mas entre eles um amor que não se explica. Um amor proibido que de todos escondemos. E só a gente sente. E por este amor sofremos...