• capitulo 75 •

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Zeca

Risquei a parede contando mais um dia naquele lugar. Eu tava cansadão mentalmente, eu me sentei na cama passando a mão no rosto e suspirei.

As vezes tenho a vontade de acabar com tudo me enforcando aqui...

- Aê! - Ouvi a voz do Fabião. - O outro pavilhão tá de boatos que vão meter o pé, bora Zeca? Tão querendo saber mais ou menos quantos pra dar o pé daqui! - Fabião disse e eu ri pelo nariz.

- Melhor ficar aqui Fabião, na boa mesmo menor, não da bom não fuga. - Falei olhando pra ele. - Já vi uma fuga antes de tu entrar, e pelo o que eu soube pelos porcos ai, metade tudo foi abatido. To te dizendo Fabião, conselho meu! - Falei e ele se levantou indo até a privada.

As vezes ele não tem cabeça pra pensar, isso me deixa louco.

Quantas vezes ele quis agir na emoção e quase levou, os manos daqui já me conhece, sabe do meu caminhar lá de fora e o daqui de dentro, e só não mexeram com Fabião por que ele anda comigo, caso contrário já era pra ele estar a sete palmos do chão.

- Eu vou ir de qualquer jeito Zeca, eu tenho uma filha lá fora! - Fabião disse.

- Pô, não é querendo cuidar da tua vida não, mas não adianta não tu meter o pé daqui e meter o pé de perto da tua cria. Tu mesmo falou que tu ficava sem ver ela por dias, qual foi cara, foi homem de fazer, tem que bater a cara pra criar, que isso Fabião! - Falei e ele assentiu.

- To ligado, nesses tempos que fiquei aqui pensei muito, pensei até em sair dessa vida, mas a vida do crime tá em mim, não adianta entendeu? - Fabião disse e eu concordei.

Eu tava ligado nisso, eu pensei muito nesses bagulhos de sair disso tudo, mas o que adianta, o tráfico tá dentro de mim.

Ouvi baterem naquela porta de ferro e abrir aquele buraco.

- Zeca, bora! - O agente disse.

Eu olhei pro Fabião e ele tava todo sem entender.

Levantei e encarei o agente.

- Fala aê! - Murmurei.

Ele abriu a cela e me deu espaço eu sai sentindo aquele ar puro e aquela claridade.

Ele fechou a cela e colocou as algemas no punho e nos tornozelos. Eu fui caminhando seguindo ele sem entender nada. Demos maior volta até chegar em uma sala, tinha um vidro aonde o direto estava do outro lado parado olhando, com mais dois agentes.

- Entra ai, tem cinco minutos! - O agente que me levou disse e eu assenti entrando naquela sala tomando o maior susto vendo que estava ali na minha frente...

*****

Patrícia

Vesti o meu blazer e me encarei no espelho.

To pronta!

Peguei minha bolsa com a pasta cheia de papéis e fui caminhando pra fora pegando meu carro.

25 minutos e eu já estava na frente daquele presídio de segurança máxima. Eu sentia aquela agonia, aquela energia pesada e só conseguia pensar...

Deus me proteja!

Caminhei até lá dentro, e quando cheguei até o moço que ficava lá, eu comecei a tirar algumas dúvidas e logo comecei a assinar algumas coisas. Eu tinha marcado aquela visita a mais ou menos duas semanas antes, enchi o saco do diretor, ele não queria deixar de jeito nenhum.

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora