• capitulo 23 •

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Zeca

Fiquei encarando ela e logo a porta foi aberta.

- Chefe... - Ouvi a voz do Belo.

Eu olhei e ele tava soando.

- Qual foi? - Perguntei.

- Federal tá pesado vindo pra cá. Tão tudo vindo pela parte de trás! - Belo disse e eu soltei a mina.

Eu me levantei e levantei a sobrancelha.

- Puta que pariu. Como se ligaram? - Falei pra mim mesmo. - Tranca tudo, tampa a boca dela e bora. - Falei e sai do barraco.

Já fui mandando quem tava ali na rua, tudo entrar pra casa. Mandei radinho pra todo mundo ficar esperto.

Corri pra minha goma, peguei um fuzil e quando pisei pra fora, ouvi o primeiro foguete.

Não demorou nadinha pra começar aquela chuva de tiros. Eu comecei a correr indo pra parte de trás e logo avistei, não parava mais de entrar umas caminhonetes dos federais.

- Ai, mandei o papo pro Nem e pro Fumaça. Pelo menos com a força do Alemão e da Rocinha, aqui a gente perde menos soldados! - Ouvi a voz do Índio.

- Fez certo! - Falei balançando a cabeça e subindo na laje.

Comecei a atirar sem parar, eles foram parando os carros e quando iam saindo, as negada tudo atirava.

Aqui na Maré não caralho!

Fui correndo por cima das lajes, comecei a ouvir barulho de bomba, ai mesmo que o negócio tava ficando estreito mesmo.

Quando levantei pra atirar vi de longe aquela mina que trampava com Viviane. Ela atirava e se escondia.

Ficava mais escondida do que atirava.

Eu dei um tiro na parede do lado dela, ela se assustou na mesma hora. Ela começou a procurar da onde tinha vindo o barulho, e quando cruzou os olhos com meu, eu abaixei e logo vi duas balas passarem por cima da minha cabeça.

Eu neguei e fui andando até o outro lado, quando eu levantei ela ainda mirava pra minha direção, eu atirei no peito dela aonde tava o colete e ela caiu pra trás.

Fraquinha.

Fui correndo até a entrada de trás, via que todos os carros tavam destruídos. Os moleques tavam mandando ver mesmo.

******

Quando tudo parou e eles tinham vazados, foi aquele bagulho de sempre, recolhendo os corpos. Mais deles do que dos nossos.

Graças a Deus.

Eu ajudei e logo vazei pra goma, eu precisava tomar um banho, não tava nada legal a minha situação. Tomei aquela ducha merecida e fui guiando pra cozinha procurando algum bagulho pra comer. Peguei um pedaço de melancia e comecei a comer encarando aquela casa silenciosa.

Puta que pariu, morar sozinho chega ser uó, papo reto.

Minha mente voou e logo comecei a lembrar do que a mina tinha falado. Ela chegou a comentar sobre entrar pela parte de trás da Maré. Eu terminei de comer e guiei pro barraco. Ela tava lá sozinha, quando entrei ela me olhou com tudo, eu fui direto pro sofá. Me joguei e suspirei fundo.

- Me fala que tá tudo mundo bem? - Ela disse e eu nem tchum pra ela. - Em? Você viu a Patricia? - Ela disse um pouco mais alto.

- Relaxa porra, ninguém desses daí morreu. E se morresse não ia dar em nada não, até por que tu sabendo ou não, não faz diferença. - Falei e ela revirou os olhos.

Ela ficou calada. A mina devia tá cansadona mesmo, só levantava pra mijar.

- Burra, burra, burra... - Viviane sussurrou.

Eu levantei a sobrancelha e neguei.

- Te odeio de verdade mina, mas tu acertou num ponto, em falar que entraria pela parte de trás! - Falei sem olhar pra ela.

- Confia em mim agora? - Ela disse e eu ri pelo nariz.

- E por que eu confiaria? Tu é a última pessoa do mundo. Tu podia ter vivido tua vida tranquilona, mas quis vir aqui encher a porra do saco! - Falei.

- Ué, me solta então, me deixa ir embora, ai o problema resolve. - Ela disse. - Se não tivesse roubado o banco, a gente não taria indo atrás de vocês! - Ela disse e eu gargalhei.

- E da onde vocês descolaram que foi a gente? - Perguntei ainda rindo.

- Câmeras! - Ela disse.

- Pena de tu, por que tem prova alguma que fui eu. - Falei indo até ela.

Ela negou.

- Tu é sujo demais. Eu sei que foi você, não esqueci daquele teu olhar do assalto! - Ela disse.

Eu cheguei perto dela, a gente tava com o rosto um perto do outro.

- Conhece tão bem meus olhos? - Perguntei rindo pelo nariz.

- Queria conhecer mais do que os olhos. - Ela disse.

Me dando um selinho rápido. Eu me afastei e cruzei os braços negando.

- Se depender de mim, tu vai conhecer o inferno! - Falei e ela riu de lado.

aperta na estrelinha •

Um ótimo fim de semana para vocês! ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora