• capitulo 73 •

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Zeca

Vi Ricardo caído no chão agoniando de dor.  Neno correu pegar Viviane no chão, eu fiquei atordoado, Índio tava caído no chão ainda vivo, eu neguei encarando ele e logo vi um homem com a arma apontada pro Belo. Comecei a olhar em volta e era da bope.

- Você está preso Zeca! - Ouvi uma voz atrás de mim.

Olhei de canto e vi um cara.

- Aê... Márcio... - Ricardo disse na dificuldade.

- Acabou aqui pra ti Zeca, agora a gente se vê na cadeia. - Ele disse tampando o meu nariz me fazendo cair ali mesmo.

Eu apaguei, só tive noção de acordar quando fui acordado sendo chutado. Eu sentia meu corpo todo dolorido, abri os olhos e aquele tal de Márcio tava na minha frente.

O lugar era todo escuro, olhei em volta e via que parecia uma cela.

- Tu acha mesmo que a gente nunca ia pegar você não? Não soube fazer nada direito. - Márcio dizia enquanto andava pela cela.

Eu me sentei encostando na parede e suspirei. Minha vida passou como um filme na minha cabeça, eu fechei os olhos e a voz daquele cara me atordoava, eu só queria levantar e meter a porrada nele, sem dó alguma.

Quando ele me levou pra outro lugar, ai sim pude ver que aquilo era uma cadeia mesmo. Eu não levantei a cabeça momento nenhum, meus olhos estavam colados ao chão, eu sentia aquela angústia no peito, e nem era por mim estar lá, e sim pela Viviane. Sabia que aquele tiro tinha sido no peito. Eu negava com a cabeça enquanto ouvia o barulho de outros presos falando.

Eles me colocaram pra fazer aquela revista, troquei de roupa e foram me levando até uma cela, me jogaram ali como um lixo. Eu encarei aqueles cinco homens e neguei suspirando fundo.

*****

2 anos depois...

Aquilo não era uma cadeia, e sim o próprio inferno. O sistema e o canas eram o demônio, e a gente era os que tavam pagando as merdas ali na cadeia.

Dois anos se passou e nada de notícias, nem visita e muito menos cartas. Pro meu caso era proibido mesmo, aquilo ali não era qualquer cadeinha não, ali era segurança máxima, pra sair dali, a maioria só saia morto mesmo.

Eu tinha cansado já de tudo, por duas vezes coloquei na mente de terminar com o resto da vida que eu tinha... Depois do meu julgamento que soube que a Viviane tinha morrido, pra mim acabou ali mesmo, eu me entreguei totalmente a cadeia. Não queria nem papo de ficar em telefone falando com as negadas de fora, eu tava ligado que Belo corria atrás de bater um papo comigo, mas eu nem tchum, saber que a Viviane tinha partido, era um bagulho que rodava minha cabeça toda noite. Em dois anos eu percebi que perdi meu tempo com bagulho besta, e por fim acabei sem a mulher bacana que ela era, a que no fim se jogou na frente de uma bala por mim.

Eu morreria por você... ”

Essa frase não saia da minha cabeça desde então.

Tudo era estranho naquela cadeia, os manos eram tudo chapados. Ninguém levava nada a sério, o único que salvava ali era o Fabião, moleque de vinte que em um ano na vida do crime foi pego. Ele preferiu pegar a pena, do que dedurar os irmãos que tava com ele na caminhada.

O único que deu pra dar um voto de confiança ali, contigo ele andava lado a lado, sem essa de andar mais a frente e nem atrás. Sentia que aquele moleque era o Belo, parecia que era o que me fazia confiar nele...

- E foi isso que rolou! - Falei suspirando fundo depois de contar toda a minha história pro Fabião.

- Calma ai, deixa eu entender um bagulho que tá na minha cabeça, tu não teve nada haver com a morta do coroa dela né? - Fabião perguntou.

- Não, mas tive que contar pra tu a história dela pra tu entender. - Falei.

Isso tudo que vocês leram, foi todo o momento em que contei ao Fabião minha história, estando preso.

- Que Deus a tenha, parecia uma mina foda pra tu, pulou na bala contigo... - Fabião disse e eu concordei.

Espero que um dia passe essa angústia.

• aperta na estrelinha •

Não se desespere, vá em frente. ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora