Viviane
Cheguei no serviço bem cedo. Troquei de roupa e já fui vendo as ocorrências da madrugada.
- Chegou cedo em! - Ouvi a voz do Ricardo.
- Pois é... - Falei. - Achei melhor, preciso organizar algumas coisas. - Falei mexendo nos papéis.
- Gilberto volta hoje. - Ricardo disse.
Eu levantei o olhar e encarei Ricardo que estava sentado e escrevendo.
- Que bom... Ainda bem que a filha foi encontrada! - Falei.
- O pior é que a menina não quer falar nada do que aconteceu lá. Ela fala como se fosse um mundo mágico, cheio de doces, brincadeiras. Bagulho de criança né?! - Ricardo disse e eu apenas concordei com a cabeça. - Ela só consegue falar de um tio muito bom, ela não fala mais nada! - Ricardo disse e eu parei de mexer nos papéis.
- Imaginação fértil. Mas pelo menos agora está tudo bem! - Falei.
Eu virei as costas e fui me sentar na frente do computador. Comecei a fazer algumas coisas que eu estava precisando fazer, de tão atrasado que tava.
- Bom dia. - Tarcisio disse.
- Bom dia! - Falei.
- Gilberto hoje não tá com cara de bosta hoje, o mínimo né?! - Tarcisio disse e eu ri concordando.
- Nunca vi uma pessoa tão amargurada na vida! - Falei.
- Pois eu já... - Ouvi uma voz feminina e eu me virei vendo a Patricia.
Ela chegou indo direto pro quartinho e Tarcisio negou.
- Ando estranhando ela! - Tarcisio disse.
- Estranha sempre foi, a gente que aprendeu a aturar! - Falei e ele assentiu indo pro quartinho.
Continuei fazendo as minhas coisas e logo Gilberto chegou. Ele passou indo direto pra sala dele e nem disse nada.
Patricia saiu e Tarcisio saiu atrás.
- Vamos, Gilberto queria falar com a gente! - Tarcisio disse.
Eu levantei e fui direto pra sala dele junto com os outros.
Gilberto estava abraçado de Ricardo, eles trocaram algumas palavras e logo se afastaram.
- Bom, eu espero que todos estejam focados em achar ainda sobre o banco central. - Gilberto disse. - Subiram para meio milhão de reais para quem capturar eles! - Ele disse.
Eu olhei para Patricia e ela estava com os olhos arregalados.
- Sabe Gilberto, eu estava falando com a meninas e acredito que talvez não seja o pessoal da Maré! - Tarcisio disse.
- Não sei, ainda acredito que seja eles! - Gilberto disse. - Minha filha não quer dizer nada sobre esse sequestro, vamos levá-la a um psicólogo, quem sabe... - Ele disse e concordamos.
Eu estava pensando...
500 mil reais...
Saimos da sala dele e fomos direto pra fora.
- Quinhentos mil, caralho, eu compro minha casa, um carro e compro uma casa pra minha mãe, e capaz que ainda sobre um pouco! - Tarcisio disse.
- Eu investiria em mim, abriria uma empresa pra mim. Na real? Na primeira oportunidade eu vazo de ser policial! - Ricardo disse.
- Não é o que tu gosta? - Patricia perguntou.
- Mais ou menos, na época de moleque eu tava empolgadão. Fiz o concurso e nem me liguei na merda que eu ia me meter! - Ricardo disse.
Ficamos em silêncio.
- Eu dava a metade pra minha mãe e ficava com a outra metade. - Falei. - Por esses dias também me pergunto se eu realmente gosto dessa profissão, ou só sou hoje em dia por conta do meu pai. A morte dele me abalou muito! - Falei de braços cruzados olhando os carros que passavam.
- Se não faz feliz, acho melhor tu sair. Pensa realmente no que você gosta e vai atrás, super te apoio! - Tarcisio disse.
*****
Peguei minha mochila e fui saindo, Patricia veio do meu lado. Fiquei longe o dia todo e mesmo assim ela tentava se achegar.
- Posso falar contigo? - Patricia perguntou.
- Rápido, preciso ir. Vim de Uber hoje! - Falei.
- Vem, eu te levo e conversamos! - Patricia disse e eu concordei.
Entramos no carro dela e ela deu partida.
- Olha Patricia, pode ficar tranquila. Eu e Zeca não temos nada! - Falei. - O que tinhamos, nunca existiu! - Falei.
- Não parecia! - Ela disse. - Eu não vou falar, só peço que você se afaste deles, eles não são boas pessoas, você sabe o quanto errado isso é. É tipo proibido! - Patricia disse.
- Eu sei, não fiquei muitas vezes com ele, mas ele é estranho... Ele parece a porra de um imã. - Falei bufando.
- Se afasta enquanto a tempo. Policia e bandido não combina juntos Viviane. - Patricia disse. - Eu poderia entregar eles, mas eu sei que eu vou estar sendo infiel contigo! - Ela disse e eu não disse mais nada.
Quando chegamos na frente do meu condomínio eu me despedi e desci. Eu caminhei entrando e...
- Dona Viviane... Tem entrega! - O porteiro disse me dando uma caixa média.
Eu assinei e agradeci subindo com a caixa que dava metade de mim. Ela não estava nada pesada. Eu entrei no meu apartamento e fui direto pro banho. Troquei de roupa, jantei e ai sim eu resolvi abrir a caixa.
Eu abri e tinha uma outra caixa. Eu rasguei mais aquela caixa e havia outra.
Pegadinha... Vai se foder.
Eu rasguei umas cinco caixas até chegar em uma vermelhas cheia de corações recortadas feia.
Eu peguei ela e sentei no sofá. Eu abri e tinha um monte de jornal e em cima um cd.
Eu peguei e no mesmo momento eu fui atrás do meu notebook que eu não mexia a alguns meses.
Eu liguei e coloquei o cd nele. Logo me aparece...
Pasta para Viviane do asfalto
Eu cliquei e logo vi que era uma foto enorme do Akon com a música dele.
Lonely...
A tradução passava do lado da parte que estava em inglês. Comecei a ouvir e...
“Eles tem que ter aquela garota especial que sempre esteve lá para eles, tipo aguentava todas as merdas. Então, um dia, ela não aguenta mais e decide ir embora ”
- Isso é coisa do Neno! - Murmurei.
Ouvi a música inteira pensando em tudo, desde o assalto e no fim da música aparece uma foto do Neno e uma porta atrás, com a seguinte legenda:
Viviane com a boca ocupada no Zeca pagodinho...
• aperta na estrelinha •
Luz ❤️
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Um amor além da lei
Roman pour AdolescentsDois mundos diferentes, mas entre eles um amor que não se explica. Um amor proibido que de todos escondemos. E só a gente sente. E por este amor sofremos...