• capitulo 44 •

4.5K 384 82
                                    

Viviane

Cheguei no serviço bem cedo. Troquei de roupa e já fui vendo as ocorrências da madrugada.

- Chegou cedo em! - Ouvi a voz do Ricardo.

- Pois é... - Falei. - Achei melhor, preciso organizar algumas coisas. - Falei mexendo nos papéis.

- Gilberto volta hoje. - Ricardo disse.

Eu levantei o olhar e encarei Ricardo que estava sentado e escrevendo.

- Que bom... Ainda bem que a filha foi encontrada! - Falei.

- O pior é que a menina não quer falar nada do que aconteceu lá. Ela fala como se fosse um mundo mágico, cheio de doces, brincadeiras. Bagulho de criança né?! - Ricardo disse e eu apenas concordei com a cabeça. - Ela só consegue falar de um tio muito bom, ela não fala mais nada! - Ricardo disse e eu parei de mexer nos papéis.

- Imaginação fértil. Mas pelo menos agora está tudo bem! - Falei.

Eu virei as costas e fui me sentar na frente do computador. Comecei a fazer algumas coisas que eu estava precisando fazer, de tão atrasado que tava.

- Bom dia. - Tarcisio disse.

- Bom dia! - Falei.

- Gilberto hoje não tá com cara de bosta hoje, o mínimo né?! - Tarcisio disse e eu ri concordando.

- Nunca vi uma pessoa tão amargurada na vida! - Falei.

- Pois eu já... - Ouvi uma voz feminina e eu me virei vendo a Patricia.

Ela chegou indo direto pro quartinho e Tarcisio negou.

- Ando estranhando ela! - Tarcisio disse.

- Estranha sempre foi, a gente que aprendeu a aturar! - Falei e ele assentiu indo pro quartinho.

Continuei fazendo as minhas coisas e logo Gilberto chegou. Ele passou indo direto pra sala dele e nem disse nada.

Patricia saiu e Tarcisio saiu atrás.

- Vamos, Gilberto queria falar com a gente! - Tarcisio disse.

Eu levantei e fui direto pra sala dele junto com os outros.

Gilberto estava abraçado de Ricardo, eles trocaram algumas palavras e logo se afastaram.

- Bom, eu espero que todos estejam focados em achar ainda sobre o banco central. - Gilberto disse. - Subiram para meio milhão de reais para quem capturar eles! - Ele disse.

Eu olhei para Patricia e ela estava com os olhos arregalados.

- Sabe Gilberto, eu estava falando com a meninas e acredito que talvez não seja o pessoal da Maré! - Tarcisio disse.

- Não sei, ainda acredito que seja eles! - Gilberto disse. - Minha filha não quer dizer nada sobre esse sequestro, vamos levá-la a um psicólogo, quem sabe... - Ele disse e concordamos.

Eu estava pensando...

500 mil reais...

Saimos da sala dele e fomos direto pra fora.

- Quinhentos mil, caralho, eu compro minha casa, um carro e compro uma casa pra minha mãe, e capaz que ainda sobre um pouco! - Tarcisio disse.

- Eu investiria em mim, abriria uma empresa pra mim. Na real? Na primeira oportunidade eu vazo de ser policial! - Ricardo disse.

- Não é o que tu gosta? - Patricia perguntou.

- Mais ou menos, na época de moleque eu tava empolgadão. Fiz o concurso e nem me liguei na merda que eu ia me meter! - Ricardo disse.

Ficamos em silêncio.

- Eu dava a metade pra minha mãe e ficava com a outra metade. - Falei. - Por esses dias também me pergunto se eu realmente gosto dessa profissão, ou só sou hoje em dia por conta do meu pai. A morte dele me abalou muito! - Falei de braços cruzados olhando os carros que passavam.

- Se não faz feliz, acho melhor tu sair. Pensa realmente no que você gosta e vai atrás, super te apoio! - Tarcisio disse.

*****

Peguei minha mochila e fui saindo, Patricia veio do meu lado. Fiquei longe o dia todo e mesmo assim ela tentava se achegar.

- Posso falar contigo? - Patricia perguntou.

- Rápido, preciso ir. Vim de Uber hoje! - Falei.

- Vem, eu te levo e conversamos! - Patricia disse e eu concordei.

Entramos no carro dela e ela deu partida.

- Olha Patricia, pode ficar tranquila. Eu e Zeca não temos nada! - Falei. - O que tinhamos, nunca existiu! - Falei.

- Não parecia! - Ela disse. - Eu não vou falar,  só peço que você se afaste deles, eles não são boas pessoas, você sabe o quanto errado isso é. É tipo proibido! - Patricia disse.

- Eu sei, não fiquei muitas vezes com ele, mas ele é estranho... Ele parece a porra de um imã. - Falei bufando.

- Se afasta enquanto a tempo. Policia e bandido não combina juntos Viviane. - Patricia disse. - Eu poderia entregar eles, mas eu sei que eu vou estar sendo infiel contigo! - Ela disse e eu não disse mais nada.

Quando chegamos na frente do meu condomínio eu me despedi e desci. Eu caminhei entrando e...

- Dona Viviane... Tem entrega! - O porteiro disse me dando uma caixa média.

Eu assinei e agradeci subindo com a caixa que dava metade de mim. Ela não estava nada pesada. Eu entrei no meu apartamento e fui direto pro banho. Troquei de roupa, jantei e ai sim eu resolvi abrir a caixa.

Eu abri e tinha uma outra caixa. Eu rasguei mais aquela caixa e havia outra.

Pegadinha... Vai se foder.

Eu rasguei umas cinco caixas até chegar em uma vermelhas cheia de corações recortadas feia.

Eu peguei ela e sentei no sofá. Eu abri e tinha um monte de jornal e em cima um cd.

Eu peguei e no mesmo momento eu fui atrás do meu notebook que eu não mexia a alguns meses.

Eu liguei e coloquei o cd nele. Logo me aparece...

Pasta para Viviane do asfalto

Eu cliquei e logo vi que era uma foto enorme do Akon com a música dele.

Lonely...

A tradução passava do lado da parte que estava em inglês. Comecei a ouvir e...

Eles tem que ter aquela garota especial que sempre esteve lá para eles, tipo aguentava todas as merdas. Então, um dia, ela não aguenta mais e decide ir embora ”

- Isso é coisa do Neno! - Murmurei.

Ouvi a música inteira pensando em tudo, desde o assalto e no fim da música aparece uma foto do Neno e uma porta atrás, com a seguinte legenda:

Viviane com a boca ocupada no Zeca pagodinho...

aperta na estrelinha •

Luz ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora