• capitulo 17 •

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Viviane

Eu estava mal olhando a foto da minha família. Minha família era tudo pra mim.

Minha garganta começou a doer, sabia que o choro já estava vindo, olhei cada um da foto e parei meu olhar no meu pai. Eu carregava essa foto sempre, foi a última foto que eu minha família tinha tirado junto com meu pai vivo.

Ele cutucou meu ponto mais fraco.

- Que merda você quer saber? - Perguntei segurando pra não desabar.

- Que porra tu tava fazendo aqui de frente? Cês vão invadir? - Ele perguntou.

Eu neguei na mesma hora.

- Não! - Falei fechando os olhos.

- Tu tá de caô pra cima de mim pô, to sendo bom demais contigo Viviane, tu abre teu olho cara, tu quer mesmo que eu vá pra Mato Grosso trombar com a tua família? - Ele disse e eu abri meus olhos.

Ele tava louco.

- Pelo amor de Deus, eu to falando sério! - Falei suspirando. - Não posso mais andar pelo Rio não é? - Perguntei arqueando a sobrancelha.

- Não, polícia não pode não caralho. E eu te avisei, não queria ver tua fuça aqui não, te vira agora pra me contar cada tin tin daquela delegacia! - Zeca disse de braços cruzados.

- Se eu falar tu vai me matar de qualquer jeito, pra mim tanto faz! - Falei virando o rosto.

Ele chegou perto de mim e segurou firme meu cabelo.

- Tu tá de graça vagabunda, quero ver tu manda um papo desse na hora que eu pega tua mãe. - Ele disse soltando meu cabelo.

Eu não podia abrir minha boca sobre meu serviço, fiz meu juramento. Mas eu também não podia deixar minha família de lado. E entre o meu sonho e a minha família, eu escolheria a minha família mil vezes.

- Não tem nada a saber, eu queria sim invadir aqui, e talvez eu invadiria! - Falei e ele negou.

- E o resto lá? Cês tavam pra invadir quando? - Ele perguntou.

- Não sei, tava tudo sendo estudado ainda! - Falei fechando os olhos e negando.

Ficou um silêncio, eu abri os olhos e vi ele encostado na parede vendo meu celular.

- Se tu tiver mentindo pra mim, te digo que no outro dia te trago a cabeça da tua mãe aqui! - Ele disse apontando pra mim.

Eu fiquei calada, eu continuei a olhar pro nada, minha bexiga tava estourando, eu queria fazer xixi, beber água, tomar um banho e comer.

- Posso pelo menos fazer um xixi digno? - Perguntei e ele desencostou da parede e negou com a cabeça.

- Não, mija ai ué! - Ele disse saindo batendo a porta.

Não demorou muito e a porta abriu, entrou o Belo.

Eu sabia que com ele eu poderia conseguir qualquer coisa.

Ele entrou e não disse nada, pra mim também não fazia diferença. Ele era um zé mané ali no tráfico, ele servia mesmo pra ser animador de festa de criança.

Ele sentou no sofá que tinha ali e ficou mexendo no celular.

- Posso ir no banheiro? - Perguntei.

Ele levantou o olhar e deixou o celular de lado.

- Pô mina, não tem como tu falar toda a verdade? Ia ser tudo mais tranquilo, na boinha mesmo, solta tudo pro Zeca cara. - Belo disse e eu revirei os olhos.

- Não pedi conselho pra bandido não. Só pedi pra ir na porra se um banheiro! - Falei fechando a cara.

Ele negou.

- Cara, eu sou de boa, mas enquanto tu não me tratar bem, eu não te trato bem também. Toda vez que venho aqui tu me trata mal pra porra, e eu aqui tranquilão, tentando fazer que teu dia seja menos pior! - Ele disse.

Que drama da porra.

- Menos pior? Que irônia! - Falei negando.

Quer saber?

Soltei todo meu xixi lá mesmo, comecei a fazer xixi em cima da cama. Belo logo percebeu, meu shorts tava todo molhado junto da cama.

- Agora vai ter que aguentar o cheiro! - Falei piscando.

- Já aguentei até buceta cheirando carniça, o que é um cheiro de mijo! - Belo disse negando.

Ele ficou todo sério. Aquele silêncio reinou naquele quarto, ele não falava e eu muito menos.

• aperta na estrelinha •

Não pare de lutar! ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora