Zeca
Voltei pra aquela cela sentindo um turbilhão de sentimentos dentro de mim. O que a Patricia disse tinha me balançado.
Fabião queria saber a todo custo o que tinha rolado lá fora, mas eu fiquei sem voz, eu tinha passado dois anos vivendo uma outra realidade, uma mentira em que tinham falado pra mim.
- Aê Zeca, tá dormindo? Qual foi brother, faz meia hora que to tentando falar contigo. É o que? Bagulho ruim? - Fabião perguntou e eu neguei passando a mão no rosto.
Eu suspirei fundo tentando raciocinar tudo e...
- Viviane não morreu! - Falei baixo virando o rosto.
Parecia que tinha passado um filme na minha mente, Fabião ficou calado por uns dois minutos, mas logo já veio me abraçando.
- Que bom, mais um motivo pra tu vazar aqui comigo Zeca, to te falando, vai atrás dessa mulher ai! - Fabião disse.
Na real? Eu não sentia bom essa idéia de vazar, já tinha visto uma fuga não sucedida de outros presos, e a maioria morreu.
Bagulho forte mesmo, só quem viu sabe.
- Aê, ainda fico na idéia de que não é boa esse bagulho não Fabião, se liga, tua pena é mais curta que a minha, logo cê tá na rua ai! - Falei e ele negou.
- Não aguento mais Zeca, esse lugar acaba com qualquer um. Vou sair daqui com o psicológico todo fodido, isso eu não quero não! - Fabião disse.
- Ai a escolha é tua, eu fico! - Falei e ele concordou indo falar com os outros caras.
Viajei da hora olhando o chão. Lembrei de cada momento ali com ela.
Caralho já tinha passado dois anos.
*****
Encarei pela fresta o céu cheio de estrelas, fazia cota que não via o céu assim, eu suspirei e me virei vendo Fabião falar com os outros presos sobre a fuga.
Eu tava impaciente, se eu tivesse lá fora eu taria cheirando.
Eu me deitei na cama e só sabia pensar no que tinham me falado. Qual intuito teriam mentido pra mim? Logo o advogado.
Pau no cu.
*****
Patricia
Sai daquela prisão e fui direto a delegacia aonde o antigo advogado do Zeca ficava.
Ele me viu de longe e já veio vindo em minha direção.
- Precisamos conversar! - Falei séria.
- Vamos lá fora! - Ele disse e eu neguei na mesma hora.
- Aqui e agora! - Falei puxando uma cadeira e me sentando.
Ele ficou sem entender.
Agora tudo fazia sentido na minha mente.
Eu sai lá da cadeia já imaginando o por que de cada coisa.
- Olha, eu preciso trabalhar, tem que ser rápido! - Ele disse puxando a cadeira e ficando de frente comigo.
Eu suspirei amarrando meu cabelo e fechando mais a cara ainda.
- Você mentiu esse tempo todo. Eu sei que você só foi um informante da polícia. Aquela história de que a federal te comprou, não passa de enganação, você nunca foi advogado, você apenas tem a formação. Você sempre foi agente, e a ser advogado do Zeca foi uma desculpa para ele te contar qualquer merda e tu incriminar ele realmente! - Falei vendo ficar com a cara mais feia do mundo.
Acho que se pudesse ele me mataria ali mesmo.
- Quem você pensa que é pra me acusar de uma calúnia dessa? Você não tem direito algum de falar assim com uma autoridade! - Ele disse se levantando.
Eu me levantei e cheguei mais perto encarando ele.
- Eu sou Patricia Bacchin, advogada criminalista! - Falei em um tom de deboche.
Ele negou.
- Vai, vai lá no juíz bater boca defendendo aquele filho da puta. Tu sabe que não vai adiantar nada, o sistema ele nos ajuda, e não aos bandidos! - Ele disse e eu ri pelo nariz. - Que o Zeca morra na cadeia. Eu faria todo esse esquema todo pra colocar ele até no inferno! - Ele disse e saiu.
Eu encarei ele se afastar e me virei indo em direção a porta. Vi um homem vestido de delegado vir em minha direção, eu achei até que o conhecia, mas ele passou reto por mim. Ele estava de óculos escuro e com a barba que havia recém feita.
Eu fui caminhando até um agente e...
- Oi, eu gostaria de saber quem é aquele delegado? - Perguntei.
- O senhor Márcio! - O agente disse e saiu de perto.
Eu entrei direto no meu carro. Só foi eu entrar que logo tive a visão dele e do ex advogado saindo me procurando. Eu liguei rapidamente e sai dali recebendo olhares dos dois.
Vão pagar!
• aperta na estrelinha •
Seja você! ❤️
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Um amor além da lei
Teen FictionDois mundos diferentes, mas entre eles um amor que não se explica. Um amor proibido que de todos escondemos. E só a gente sente. E por este amor sofremos...