• capitulo 46 •

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Viviane

Me deitei no sofá e pensando na merda que eu estava fazendo.

Fui na casa do Zeca, surtei entre aspas e ainda falei do pau dele, que convenhamos? Eu sei que foi a melhor pessoa que eu já tive relações.

Eu vesti a minha calcinha e meu sutiã e fui indo pra cozinha. Ele estava bebendo água, ele me viu e se virou de costas.

- Posso falar contigo? - Perguntei.

- Na boa mesmo? To afim não pô. Não sei o que tu tava fazendo aqui ainda! - Zeca disse deixando o copo na pia e andando pro quarto dele.

Eu segui ele e ele foi tirando a roupa ficando só de cueca.

- Não devia ter falado de você, eu sei, desculpa ai... - Falei de braços cruzados.

Zeca se deitou e nem me olhou.

- Quando tu sair, fecha a porta e apaga a luz! - Zeca disse fechando os olhos.

- O que você tem em? - Perguntei indo até ele e dando um tapa na coxa dele.

Ele abriu os olhos bufando já. Ele se levantou e veio pra perto de mim.

- Viviane, tu tá querendo o que aqui? Pode vazar cara, se tu quiser falar pras negadas do asfalto que tudo o que rolou foi eu, conta caralho. Só não fica na minha orelha não! - Zeca disse todo bravo pegando meu braço e me levando até a sala.

Ele me deixou plantada lá e voltou pro quarto fechando a porta.

Sou otária demais.

Eu vesti minha roupa e sai da casa dele batendo a porta. Eu fui descendo aquelas ruas sentindo aquele ar gelado. A Maré estava silenciosa, eu fui caminhando sozinha até do nada ouvir um barulho, eu me assustei e olhei pra trás vendo Neno rindo.

- Sou o lobo mal! - Neno gargalhava.

Eu mostrei o dedo do meio e neguei.

- Mais um pouco eu estaria infartada no chão! - Falei.

Ele riu maia um pouco.

- Zequinha do pagode mandou eu levar a mina dele até lá em baixo! - Neno disse.

- Que mina? - Perguntei arqueando a sobrancelha.

- Eu. Eu sou a mina dele! - Neno disse. - Vai te catar Viviane, é tu né! - Ele disse negando.

Fomos descendo até a barragem. Eu me despedi dele e entrei no carro indo direto pro meu apartamento. Eu me joguei direto na cama, fechei meus olhos e comecei a lembrar de tudo. Do meu pai, minha mãe, meus irmãos...

Errei desde o começo.

- Chega ser síndrome de Estocolmo... - Murmurei.

Chega, é ridículo isso.

Naquela noite prometi a mim mesma a nunca mais me envolver com ele, e sim, focar cem porcento na minha profissão.

Eu acabei dormindo aquela noite tão bem que acabei perdendo até a hora. Fui trabalhar no outro dia muito disposta, trabalhei o dia todinho, foi um dia corrido demais. Decidi ficar até a madrugada do outro dia.

Naquela delegacia só ficou eu, Tarcisio e Patricia. Patricia mexia no computador sobre alguns casos de contrabando, Tarcisio mandava email para um delegado lá do Distrito federal, e eu só estava sentada encarando o relógio.

Eu sentia uma angústia enorme.

Não sei, mas a parte da madrugada foi feito pra pensar na vida...

Encarei e já era quase duas da manhã. Eu ms levantei indo até a máquina de café e liguei pegando um pouco. Voltei pra sala e senti meu celular vibrar peguei no mesmo estante vendo meu irmão.

Essa hora?

Ligação 📞

- Oi Gusto... Tudo bem? - Falei logo que atendi.

Ouvia um barulho do outro lado da linha. Ele demorou um pouco pra falar, até tinha achado que ele tinha desligado, mas não...

- Viviane... Você precisa voltar aqui! - Gusto disse com uma voz baixa e embargada.

- O que houve? Aconteceu algo? É dinheiro? - Perguntei.

- A mãe... Ela acabou de ter um avc hemorrágico. - Gusto disse.

No automático eu deixei o copo de café cair. Eu me sentei e Patricia e Tarcisio me olharam assustados.

- Gusto, me fala que ela está bem! - Falei fechando os olhos e suspirando fundo.

Ouvi do outro lado da linha ele chorar e eu não me aguentei.

- Ela faleceu Viviane! - Gusto disse chorando.

Ligação off 📞

Logo em seguida a ligação caiu. Eu senti aquela mesma dor que eu havia sentido de quando meu pai tinha falecido.

- Não isso não pode estar acontecendo! - Falei desesperada.

- O que aconteceu? O que foi Viviane? - Patricia disse vindo pra perto junto de Tarcisio.

- Minha mãe... Faleceu! - Falei ainda sem acreditar.

Sentia as lágrimas caírem. Patricia me abraçou forte sem me soltar. Meu celular começou a vibrar novamente e eu encarei chorando mais vendo o nome do meu irmão.

- Deixa que eu falo com ele! - Tarcisio disse pegando o celular e falando com meu irmão.

Eu me desmanchei ali no ombro de Patricia, pra mim ali tudo tinha acabado.

• aperta na estrelinha •

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Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora