• capitulo 101 •

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Neno

Eu corria que nem louco, meu pé doía, meu chinelo tinha estourado nos primeiros dez minutos de invasão.

Acho que por conta de eu ter ele há uns três anos já, tava todo remendado com prego e fita isolante.

Quando a luz acendeu eu suspirei sentindo um alívio. No apagão não da pra ver porra nenhuma, é um desespero do caralho.

Começou a aparecer os caras, eu atirava no susto, eu tava em uma viela escura, a única coisa que iluminava era uma janela e eu tava de baixo dela. Eu tremia e rezava bem baixinho.

Eu me sentei naquele chão e tentei regular minha respiração, eu tava respirando ofegante já. Ouvi o barulho de gente vindo e já fui mirando, do nada eu avisto Patricia entrando na viela. Eu abaixei a arma e quando ela me viu, ela veio correndo me abraçar.

- Neno... - Ela disse baixo. - Tá tudo bem? Foi atingido? - Patricia perguntou.

- Tô de boa, to cansadão Patricia. - Falei me levantando. - Toma cuidado caralho, se cuida ai! - Falei e ela balançou a cabeça.

Eu fui saindo daquela viela dando de cara com alguns dos caras, eu e mais uns caras da boca começou a atirar sem parar vendo eles caírem no chão. Eu fui subindo nas lajes e atirando cada um que passava, quando eu vi, eu já tava lá no começo da Maré. Tinha vários carros da federal e bope vindo. Eu me abaixei e vi uns seis carros entrarem com tudo.

******

Viviane

Eu olhava pela janela e via que tinha vários agentes ali na frente de casa. Eu sai pela parte de trás de casa e fui caminhando até entrar em um beco.

Quanto tempo eu não segurava uma arma? Quanto tempo eu não sentia essa adrenalina?

Eu sai dos meus pensamentos depois de aparecer alguns agentes. Disparava sem parar, eu passaria até despercebida se eu não tivesse com aquele fuzil na mão. Eu caminhava entre as ruas e vielas atirando.

Eu só sai de casa quando a luz já havia voltado, no escuro não dava pra ver absolutamente nada.

Corri vendo vários agentes caídos, em todo caminho que eu havia passado, só havia visto uns dois que trabalhavam pro Zeca, e só estavam feridos...

- Ô vagabunda. - Ouvi um berro.

Eu olhei pra trás e vi Belo vindo na minha direção.

- Vai matar o restante, me deixa em! - Falei vendo um cara atrás dele.

Eu mirei e atirei vendo o cara cair. Belo olhou pra trás e suspirou.

- Tu tá grávida Viviane, na moral, volta pra lá, eu te levo na tua casa! - Belo disse e eu neguei.

- Eu tô grávida e não doente. Eu vim pra ajudar, por favor Belo, entenda! - Falei e ele respirou fundo.

- Qualquer coisa aperta nesse botão e fala qual é o b.o, todos os caras daqui vão ouvir, até mesmo o Zeca... - Belo disse me dando o rádio dele.

- Tá mas e você? - Perguntei.

- Eu me cuido, agora se cuida também caralho, tu tem uma criança nessa barriga ai! - Ele disse e eu concordei deixando ele pra trás.

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora