• capitulo 74 •

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Patricia

2 anos depois...

Sai do tribunal com a minha cliente e fui andando enquanto ouvia aqueles repórteres em cima de mim.

- Não abre a boca, entra direto no carro! - Murmurei para ela.

Fui puxando e quando saímos daquele tribunal, coloquei ela dentro do carro e entrei junto suspirando.

- Meu Deus... Que loucura! - A minha cliente Ágata disse.

- Pois é, agora vê se para de matar teus maridos, mais um que você matar ai vai ficar feio pra você mesmo. Quando descobrir a amante, largue dele, nada disso.  - Falei negando.

Levei ela até a casa dela, ela desceu e eu guiei para minha casa. Eu precisava tomar um banho e comer, eu já estava sem dormir a dois dias, eu tava tão assim com esse caso que nem conseguia dormir.

Terminei de tomar banho e comer e fui me deitar no sofá. Eu estava cansada demais. Olhei o relógio e vi que era quase onze horas.

Preciso sair já...

Me levantei colocando uma calça e o tênis e fui saindo pegando o carro. Fui direto pro hospital, sentia minha cabeça doer. Fiz aquela rota de todo dia, quando cheguei lá passei meu dados e subi no quarto, mal entrei e dei de cara com Tarcisio com um livro na mão, ele lia sentado a poltrona.

Ele me viu e fechou o livro se levantando.

- E ai? Tudo bem? - Perguntei.

- Sim, fizeram duas aspirações agora de manhã, se caso você ver que precise, chame a enfermeira! - Tarcisio disse e eu concordei. - Preciso ir trabalhar, qualquer coisa me liga OK? - Tarcisio disse e eu concordei.

Ele me deu o livro e saiu dali. Eu cheguei perto de Viviane e suspirei.

- To aqui viu? Mais um diazinho de luta, vamos conseguir! - Falei acariciando a mão dele.

Viviane estava em coma, o tiro acertou o coração, foi feita duas cirurgias, a primeira não deu certa, a segunda deu, mas dai em diante só teve problemas, ela teve uma parada e o médico achou melhor colocar ela no coma.

Dois anos e tudo mudou, Viviane estava magra, não tinha mais aquele pele morena queimada do sol, e sim estava branca, os cabelos agora ficavam presos com uma trança.

Eu dei a volta e fui me sentando até a poltrona.

Abri o livro e vi que já estava do meio ora metade.

Eu e Tarcisio lia vários livros, mas esse livro era o que mais me chamava a atenção. Me lembrava muito ela e o Zeca.

O livro retratava sobre um amor proibido que de todos escondiam, mas só eles sentiam... O relacionamento era proibido em ambas as partes, a menina era de família nobre, já o moço era de uma vida humilde, os familiares de ambos não concordavam, mas mesmo assim o amor só crescia. Contou a história dos dois, e estavamos na parte em que ela sofria por ele, eles haviam se separado, ela havia ido morar em um outro canto do país, enquanto ele buscava a achar ela.

Era coisa bonita de se ler, eu amava aquela história...

Comecei a ler a ela e acabei me entretendo totalmente, a enfermeira entrou por duas vezes enquanto eu lia, a trocou o medicamento e apenas foi conferir a pressão, continuei a ler até ver que na havia lido dois capítulos, parei e deixei para que Tarcisio lesse depois, por que não só eu, mas ele também estava entretido com aquela história.

Olhei o céu todo nublado e me virei.

Depois de todo aquele acontecimento, os dias ficaram cinzas, nenhum dia estava agradável, nada era bom, nada me fazia rir...

Passei a tarde resolvendo algumas coisas do meu trabalho e depois enviei mensagem ao Belo dizendo para nos encontrar.

*****

Sai daquele hospital e fui direto pra Maré, Belo me esperava no mesmo lugar de sempre. Ele veio me abraçando e eu abracei firme.

- E ai? Ela tá como? - Belo perguntou.

- Do mesmo jeito. - Falei respirando fundo. - E vocês? - Perguntei.

- Neno tá com a menor dele. A mulher dele surtou daquele dia lá, ela não gosta de mulher nenhuma perto dele. - Belo disse me levando até a boca.

A mulher do Neno nao curtiu de eu cumprimentar o Neno com um aperto de mão.

Ela era abusiva demais com ele, e ele levava como podia pela filha.

- Coitado... - Remunguei.

Entramos na boca e eu fui me sentando no sofá.

- Quer uma massaginha neném? - Belo disse passando a mão no meu cabelo.

- Quero a minha vida de volta isso sim. - Falei negando.

- Pô, eu também. Parece que a minha vida virou de cabeça pra baixo depois que tudo rolou! - Belo disse e eu concordei.

Eu sentia a mesma coisa. Eu deixei a polícia e comecei a atuar como advogada, foi até melhor, aquela imagem que ficaram de mim foi apagada. Tarcisio continuava, mas ele ficava mesmo era na agência, ele não saia de lá não, ele tinha uma sala, ficava vendo os casos.

Ficamos com um pouco de trauma.

Ricardo mesmo morreu da pior forma, Belo me contou e eu prefiro nem comentar, fiquei umas três noites sem dormir pensando em como foi.

Índio foi morto, e não foi de uma maneira boa também, arrancaram cada parte do corpo dele, só ficou o tronco e a cabeça, ele pedia socorro, dava pra ouvir de longe, e o que Neno fez com ele foi uma coisa que em deixou mais traumatizada ainda...

Mortes horríveis, mais que realmente foi necessária.

- E o Zeca? - Perguntei. - Não conseguiram ainda? Eu já disse que estou disposta a meter a cara lá, que porra de segurança máxima é essa que não entra nem mosquito? - Falei negando.

A gente não tinha contato com o Zeca desde aquele dia. Foi coisa da gente sair de perto deles e logo ficamos sabendo da merda que tinha acontecido. Procuramos ele em toda prisão do Rio, e só achamos na segurança máxima. Ele não podia visitas, nem cartas e nem nada.

A gente só torcia mesmo pra que ele tivesse vivo.

O mínimo!

• aperta na estrelinha •

Se dedique... ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora