• capitulo 93 •

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Viviane

Comecei a andar com o andador pela casa, sentindo as minhas pernas bambearem. Fiz o maior esforço pra chegar na sala e quando cheguei vi a porta de abrir e Patricia entrar.

- Liga a tv que eu vou passar na reportagem. - Patricia disse.

Eu me joguei no sofá ligando pelo controle.

- Passando aonde? - Perguntei.

- Reportagem, a barragem tá cheio de repórteres... - Patricia disse se sentando.

Mudei dois canais e logo já apareceu uma repórter falando.

- A polícia ainda está atrás do traficante José Antônio, mas conhecido como Zeca da Maré. Ainda não se sabe qual rumo a polícia tomara, mas com certeza sempre o tráfico! - A repórter disse na tv.

Eu encarei Patricia e ela negou.

- Ela te perguntou algo? - Perguntei.

- Não, eu só passei atrás, mas tenho certeza que deu pra me ver! - Patricia disse e eu assenti.

- Quem matou o Márcio? - Perguntei e Patricia voltou o olhar pra mim.

- E o que te importa Viviane? Ele já tá morto, vamos viver a vida em paz! - Patricia disse e eu olhei feio pra ela. - Matar mesmo... O Zeca! - Ela disse e eu suspirei.

- Como foi? - Perguntei.

- Melhor não, vamos mudar de assunto! - Patricia disse. - Você não sabe, eu dei uma chance pro Belo! - Ela disse sorrindo.

- Não faz ele sofrer não, ele tem um coração muito bom, nem parece bandido! - Falei e ela concordou.

- O problema mesmo é se Deus o livre acontecer comigo o que aconteceu contigo. - Patricia disse e eu neguei na mesma hora.

- Relaxa, o problema de tudo é que eu era agente federal e o Zeca traficante. Você é advogada, não tem nada haver uma coisa com a outra. Você sabe que nessa vida de advogados sempre tem uma que namora bandido... - Falei lembrando do meu primeiro ano formada.

Tinha uma menina que trabalhava comigo que só namorava bandido, e ela sendo advogada, sempre era melhor...

******

P

atricia foi embora, eu fiz uma pipoca e fui assistir o filme “ Estocolmo ”.

Engraçado como era o filme, a cada coisa que passava eu lembra de mim e do Zeca. Que amor era aquele? Um amor que começou pelo desespero? Pela dor de achar que morreria?

Sai dos meus pensamentos vendo Zeca na minha frente.

- O que foi? - Perguntei encarando ele.

- To achando que vão invadir aqui... - Zeca disse sentando do meu lado.

- Como assim? Os federais? - Perguntei.

- É... Já sentiram falta do filho da puta do Márcio, tão caçando no Rio todo cara, já já ele invadem aqui! - Zeca disse e eu suspirei.

Toda vez um inferno pra atrapalhar algo.

- O corpo dele tá em decomposição? - Perguntei.

- Que corpo? - Zeca perguntou com um certo deboche.

Eu tinha até medo de saber da forma que ele tinha sido morto, mas já imaginava que não tinha sido uma das melhores.

- Se tivesse ainda em bom estado, daria pra forjar a morte com uma seringa e um líquido e jogar no asfalto ele... - Falei e Zeca se levantou negando.

- Esquece gata, esquece desse cara ai. - Zeca disse indo pro quarto.

Não demorou muito pra mim ouvir o barulho do chuveiro. Eu me levantei indo até a cozinha na dificuldade, e quando voltei escutei o barulho da porta batendo. Eu fui abrir e era Neno e uma menininha.

- Ê comadre, vim trazer minha gatinha pra você conhecer! - Neno disse.

Eu em espantei, ninguém havia me falado nada sobre.

- Como assim é sua? - Falei pegando no colo.

- Faz dois anos já, conheci a mãe dela logo depois que tudo rolou e ai na primeira pimbada ela engravidou. - Neno disse.

Fui caminhando devagar até o sofá. Eu me sentei e encarei aquele menininha.

Não tinha nem como falar que não era filha dele, era o rascunho dele.

- Mas que princesa... - Falei vendo ela sorrir. - Qual é o seu nome? - Perguntei.

- Juju! - Ela murmurou.

- Júlia Caroline. - Neno disse com aquele brilho no olho.

Pensa em uma menina linda.

- E a mãe? - Perguntei.

- A gente tá separados... Ela surta muito, não quer eu perto de ninguém. Bagulho cansa sabe? - Neno disse e eu concordei.

- Se for pra ser vai ser... Mas enquanto isso, tem essa boneca aqui! - Falei beijando a bochecha.

- Mas e ai? E o maridão, já tiraram o atraso? - Neno perguntou rindo.

- Ainda não, to precisando! - Falei e ele riu.

- Mas é bom tá tirando o atraso pra aliviar a cabeça dele também, o Márcio morreu já e o Zeca ainda tá no ódio... - Neno disse.

Já até sabia como eu saberia como aconteceu tudo...

- Mas porque? Como tudo aconteceu? - Perguntei.

Neno começou a contar desde o início, tinha hora que ele só mexia a boca por conta da filha dele. Eu comecei a ficar arrepiada e arrependida de querer saber como tinha sido. Quando ele terminou de contar, eu suspirei sentindo um calafrio.

- Mas tudo numa boa, o cara mereceu, embasou a vida de todo mundo... - Neno disse e eu concordei ainda assustada...

• aperta na estrelinha •

Um dia de cada vez... 🙇🏽‍♀️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora