• capitulo 72 •

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Viviane

Zeca foi me puxando até fora da casa dele. Ele segurou firme meu rosto iluminou com a lanterna do celular e olhou bem nos meus olhos.

- Na boa, acho legal tu ir, vai ter muita morte amor... - Zeca disse ainda me olhando.

Amor...

- Eu vou, eu morreria por você! - Falei olhando os olhos dele brilharem.

- Eu também... Mato e morro! - Ele disse me dando um beijo na testa.

Logo ouvimos os foguetes subindo no céu. Estouraram e logo começaram os tiros. Zeca me olhou pela última vez e desligou a lanterna. Eu comecei a correr por aonde eu nem via, eu via algumas lanternas e foi ai que acendi a minha. Eu encostei em um beco e rezei rapidinho, voltei a correr por aqueles becos e logo senti alguém trombar comigo.

- Ai! - Ouvi uma voz feminina.

Eu taquei a lanterna na cara e vi que era a Patricia.

- Patricia do céu, o que a gente faz? - Falei desesperada.

Ela me abraçou firme enquanto dava pra se ouvir os barulhos dos tiros ficarem cada vez mais perto.

- Calma, vamos ficar juntas! - Ela disse me puxando.

Fomos correndo até uma escadaria. Ouvia muita bomba, eu estava segurando pra não chorar, mas eu tava ponto de explodir.

Quando íamos descer a escada, tudo se acendeu novamente. Eu olhei e de longe vi uns agentes vindo, Patricia começou a atirar e eu me escondi no beco, voltei olhando os agentes e mirei começando a disparar em cada um.

Sempre fui boa no rifler, acho que era uma das armas que eu mais gostava.

- Vai pra outra viela, eu apago esses! - Gritei recebendo a atenção da Patricia.

Ela correu me fazendo perder ela de vista. Voltei a minha posição e acabei apagando mais dois. Comecei a correr olhando pra cima e quando vi um vapor perto, pedi ajuda pra ele me ajudar a subir na laje, ele me ajudou e voltou correndo pra aonde já ia.

Eu me abaixei e suspirei olhando o céu escuro com apenas uma estrela.

- Mãe... Eu sei que é você... Me ajuda, eu preciso sair dessa! - Falei baixo.

Me levantei olhando por cima e via aquele batalhão vindo, eu sentia a angústia bater em meu peito, eu tremia, eu abaixava por várias vezes e pedia pra Deus me ajudar. Eu sabia que teria muitos mortos ali, aquela operação era de último caso.

Eu suspirei fundo e me levantei mirando e atirando nos agentes. Eu acertava na garganta, era o único jeito, todos foram do mesmo jeito. Aqueles tiros só se aumentavam, eu olhava pros lados cada vez mais ouvia o barulho do tiro mais alto, parecia que era uma guerra sem fim.

Fazia uma hora que a bala comia solto quando decidi descer, eu vi o mesmo vapor que tinha me ajudado caído. Eu peguei a arma dele e comecei a andar pelas vielas.

*****

Já estava amanhecendo, Zeca tinha me ligado duas vezes já. Eu corria atirando, pela favela só se via corpos no chão, eu tinha medo de uma hora acabar vendo quem eu menos queria ali no chão...

Devia ser quase seis da manhã, eu me abaixei em um beco e suspirei com aquele nó na garganta.

Logo aqueles foguetes subiram, eu encarei o céu e comecei a correr. Eu sabia que naquele caso a Maré tinha conseguido, comecei a correr enquanto segurava o celular nas mãos, eu tentava ligar para o Zeca, mas ele não atendia. Comecei a correr por todo aquele lugar, até eu chegar no pé do morro. Tinha muita gente ali, vi de longe Patricia em cima da laje, Neno no beco ali do lado, Belo do outro e Zeca ali frente a frente com Tarcisio.

Eu fui caminhando até chegar no Neno.

Ele não abriu a boca, continuou encarando aquilo tudo. Tinha vários homens do Zeca ali, tinha mais gente da favela do que dos agentes. Eu encarei lá de cima um cara do outro lado de um prédio com uma sniper.

- Perdeu Zeca, quem sai morto aqui hoje é você! - Tarcisio dizia. - Tu não tem nada na vida, família, amigos... Ah, aliás. - Tarcisio disse olhando pra um cara do lado dele que estava de máscara.

O cara arrancou e nos deu a visão de quem era.

- Filho da puta, eu vou matar o Índio! - Neno disse e eu puxei ele.

- É Índio, te dei a porra da minha mão pra tu apertar e o que tu fez foi cortar ela. - Zeca disse sem nem estar surpreso.

Eu neguei com aquilo tudo.

- Era pra ser meu esse bagulho aqui. E ainda vai ser, por que de hoje em diante tu é um cara morto! - Índio resmungou.

Zeca negou rindo daquilo.

- Qual é a tua última palavra? Não posso perder meio milhão! - Tarcisio disse.

Zeca não abriu a boca.

- Liberado código 15. - Tarcisio disse e na mesma hora olhei o cara lá em cima.

Eu sabia muito bem que código era esse.

Eu corri naquele meio daquela gente. Pulei na frente do Zeca sentindo a bala invadir meu peito. Mal cai no chão e os tiros começaram de novo, Zeca segurou minha cabeça enquanto me chaqualhava. Eu sentia minha respiração pesar, não conseguia puxar o fôlego, sentia queimar meu peito.

- Eu... Morreria... Por você... - Falei com dificuldade e baixo.

- Viviane, não faz isso porra, fica aqui caralho! - Zeca me balançava.

Eu peguei a mão dele e coloquei em cima do meu peito.

- Eu te amei... Tanto... Que morrerei por... Você... - Falei sentindo o gosto de sangue na boca.

Zeca me olhou com os olhos cheios de lágrimas e eu virei o rosto tendo visão da Patricia vindo correndo até mim.

Eu senti minha respiração fraca, eu fechava os olhos e via tudo branco, eu não conseguia abrir os olhos, foi ai então que entreguei.

Eu morreria por amor...

aperta na estrelinha •

O que é teu, chega com o tempo. O que não é, se vai com ele. ❤️

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora