• capitulo 30 •

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Belo

Parei na frente daquele presídio e fiquei encarando aqueles presos saírem.

O mano nem sabe quem sou eu e nem eu sei que é o mano.

Fiquei ali mo cota. Deitei a cabeça no volante e fiquei encarando o outro lado que tinha umas pessoas que passavam. Do nada ouvi um barulho, virei e um cara entrou com tudo no carro.

- Neno? - Perguntei.

- É! - Ele murmurou. - Satisfação ai, tu que é o parceiro que o Zeca cria como filho? - Ele falou me dando a mão.

Eu apertei e assenti.

- Ele é um irmão mesmo, me ajuda pra caralho! - Falei. - Mas e ai? Tá no semiaberto? - Perguntei e ele riu.

- Que nada, virei mo parceiro das negadas da cadeia, até do morfetico do diretor. Fiz um trampo pra ele e ele me liberou, tudo por baixo do pano na real! - Neno disse e eu concordei.

Guiei direto pra Maré. O mano não parava de falar e cantar Akon-Lonely. Pelo visto era gente boa até, mas eu tinha que ver com o tempo mesmo se era.

Chegamos na boca aonde o Zeca ficava, e eu levei o Neno até a sala. Quando ele viu Zeca ele agarrou o Zeca na maior força.

- Caralho negão, até careca tu ficou. Igualzinho o Zeca Urubu! - Ele dizia rindo.

Achei alguém que ri mais que eu.

- Ala agora tenho que aturar mais um com essa porra de apelido. - Zeca disse se afastando. - Ai Neno, tá tranquilo? Ficha limpa? - Zeca perguntou.

- Limpinho igual meu cu. Na boa Zeca, to até mais na paz! - Neno disse.

- Fico felizão que tu tá aqui na rua de volta pô. Tu sabia de cada caminhada minha, sabia dos corres! - Zeca disse e ele assentiu.

- Mas ai, to de volta, gostosinho no azeite. Cadê a tchuchucas dessa Maré em? - Neno disse sorrindo.

Cara tinha um bom espírito, mo alegre.

Também, puta tempo atrás das grades, qualquer um fica daquele jeito.

- Preciso vazar. Fica na paz ai! - Falei e ele veio abraçando.

- Valeu ai parceiro. Obrigadão mesmo, depois pago uma pedra 90 pra nois tomad umazinha. Dar aquela comemorada boa! - Ele disse fazendo uns passinhos. - Ao som de Akon! - Ele disse e eu ri.

O mano era fã do Akon mesmo, puta que pariu.

Eu vazei dali, fui pro mercado. Eu que fazia as compras lá de casa. Perdi uma hora entre comprar tudo e guardar lá em casa.

Quando tava saindo de casa eu recebi uma mensagem no insta. Meu insta era privado, tinha só os mais achegados. Quando vi, comecei a rir.

A Viviane tinha pedido uma solicitação. Eu aceitei na mesma hora, não demorou muito e ela veio mandando mensagem dizendo que precisava falar comigo.

Fiquei meio assim. E se fosse emboscada?

Ela disse que de noite viria.

******

Viviane

Belo foi me buscar lá na barragem, fomos subindo até um bar.

- Aqui tá barulho demais! - Falei.

- É bagulho serião? - Belo perguntou.

- Patricia sabe que eu não fui pra Minas, eu to falando que eu fui, mas ela sabe. Ela entrou no meu apartamento, viu minhas coisas feitas lá, falou com o porteiro... - Falei.

- Porra, tu falou da gente? - Belo começou a se desesperar.

- Não Belo, eu não falei. Eu falei que eu não falaria! - Falei e ele concordou.

Do nada alguém se pendurou no meu ombro e no ombro do Belo.

- Já tá de olho na tchutchuca cara? Qual foi? - O cara disse e eu medi ele de cima a baixo.

Eu me afastei fazendo ele tirar o braço dele do meu ombro.

- Ele é o Neno, saiu hoje da cadeia. - Belo disse. - Essa é a Viviane! - Belo disse.

Neno me olhou e sorriu.

- Tu curte Akon? - Neno perguntou e eu levantei a sobrancelha.

- Eu sei umas duas músicas acho! - Falei.

Ele me abraçou na hora.

- Vamos ser parceiros. Vamos, vou te pagar uma cerveja da gelada! - Ele disse me puxando.

Eu me sentei na cadeira e Belo veio do lado. Neno saiu indo pegar a cerveja e eu encarei Belo sem entender.

- Ele é loucão e curte o Akon. - Belo disse rindo e eu neguei. - Tu fez falta cara, eu sei que foi erradão tudo isso, mas fez! - Belo disse.

- Não sei se eu senti. Senti só de você, por que você foi a única pessoa que me tratou bem! - Falei e ele sorriu sem mostrar os dentes.

Neno veio com duas garrafas. Ele colocou na mesa e foi pegar os copos.

Ele voltou colocou a cerveja nos copos e se sentou contando sobre a cadeia. Único momento em que ele falou sério, dava pra ver que não tinha sido nada fácil pra ele. Mas logo ele olhou atrás de mim e gritou.

- Ê caralho, bora beber que hoje é dia! - Ele gritou e eu olhei pra trás vendo o Zeca.

Zeca me olhou e veio vindo. Ele me puxou fazendo eu ficar de pé.

- Tá fazendo o que aqui caralho? - Zeca perguntou.

- Qual foi cara, a tchutchuca tá aqui de boa! - Neno disse.

- Não posso vir? - Falei com deboche.

- Tu queria vazar e eu deixei. Daqui uns dias tá morando lá em casa! - Zeca disse e eu encarei a boca dele.

- Vai me convidar pra usar tua cama? - Perguntei e ele me soltou.

• aperta na estrelinha •

Viva sem medo! ❤️

Neno, 25 anos

Um amor além da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora